Futebol

Clássico com o urubu marca o renascimento de PC Gusmão, que diz querer ficar

O momento de Paulo César Gusmão na carreira é de redenção. A trajetória do treinador pode ser comparada a do músico que estoura nas paradas de sucesso com um grande hit e depois entra em declínio a ponto de ser obrigado a trocar os grandes palcos pelos bares, onde só cabem voz e violão. Após bons resultados à frente do Ceará, a luz do holofote voltou a brilhar. Do ostracismo no Itumbiara até o bom começo em sua segunda passagem pelo Vasco, o técnico terá no clássico contra o Flamengo a partida que poderá simbolizar seu renascimento na elite do futebol brasileiro.

PC veio das cinzas de três anos longe dos principais centros. No começo de 2007, saiu do Fluminense.

Depois, passou por Náutico, Itumbiara, Figueirense, Juventude, Atlético Goianiense e Ceará. Tudo diferente do que havia vivido no Cruzeiro, no Botafogo e no Flamengo. A experiência, porém, teve o lado bom.

– Nos menores, você tem de procurar estruturá-los e isso deu experiência, deu um ganho muito grande por tudo que já havia passado. Trabalhar em várias regiões também ajuda. Hoje me sinto muito mais preparado – disse o treinador.

O retorno significou um encontro de interesses. Na zona de rebaixamento, o Vasco precisava de alguém disposto a assumir o comando de um barco praticamente à deriva. Já PC Gusmão precisava de uma chance para recuperar o espaço entre os grandes treinadores do país. O casamento tem sido perfeito. O time já não figura mais entre os quatro últimos e o treinador já tem novamente o nome gritado pela torcida de um time de massa. Vencer o Flamengo, atual campeão brasileiro, no Maracanã, é o que falta para consagrar o renascimento de time e treinador.

– Quando estamos fora, bate saudade de um clássico como esse. Ainda mais quando estamos num clube que envolve sentimento, gratidão. É muito gratificante – ressaltou PC.

PC Gusmão não lamenta a escolha

Logo depois de ter sido anunciado como novo treinador da equipe do Vasco, PC Gusmão foi questionado a respeito da decisão que estava tomando. Trocar uma equipe bemposicionada na tabela por outra na zona de rebaixamento parecia uma escolha na contramão da lógica para muitos. Mas não para o treinador, que mostrou-se convicto de que estava fazendo a coisa certa.

– Não tive dúvidas na troca. O Vasco é um time que mex e comigo. Era o momento de voltar para o meu clube, para a minha família – afirmou.

A ligação de PC com o Gigante da Colina é antiga. Antes de ser técnico, ele foi auxiliar da equipe cruzmaltina.

Suas duas filhas foram batizadas na capela de São Januário. Nos tempos de jogador teve longa passagem pelo clube, quando foi reserva de Acácio, hoje, seu auxiliar técnico.

Treinador pede aplausos para garotos da Colina

No trabalho de reconstrução do time do Vasco e de si próprio, Paulo César Gusmão contou com a ajuda decisiva dos jogadores vindos da base.

Sem poder escalar os medalhões contratados, foi na garotada que o treinador teve de apostar suas fichas. Resultados ruins minariam sua ascensão e a do time na tabela do Campeonato Brasileiro.

– O que eles fizeram é digno. A responsabilidade caiu nas mãos deles e os garotos nos deram o resultado.

Eles saem de cabeça erguida e merecem os aplausos de todos, incluindo dos jogadores mais velhos. Eles adquiriram a confiança da torcida e isso é muito importante – afirmou.

A declaração do treinador chega num momento em que Carlinhos, Romulo e, principalmente, Jonathan, possuem a posição de titular ameaçada por conta da entrada dos medalhões. Com a regularização de Felipe, Carlos Alberto e Zé Roberto (leia mais na página ao lado), a cobrança passará a ser feita em cima dos mais experientes. Com os garotos, o Vasco venceu duas partidas e empatou outras duas.

Bate-bola

Depois de voltar a se destacar no cenário nacional, o que você projeta para o futuro?
Quero ficar no Vasco por muito tempo. Poder aprender ainda mais, ter essa troca com o clube. Crescer como profissional. Acompanhar esse crescimento também do clube. Participar ativamente é essencial.

Ter uma boa sequência de trabalhos em clubes de ponta é essencial, não é?
Na verdade, quero mesmo é ter uma sequência aqui no Vasco, como eu tive no Cruzeiro. Ficar mais tempo num clube é bom porque valoriza e isso se confirma com a conquista dos títulos.

Dá para perceber que a sua empolgação com o Vasco hoje é grande. No que isso pode influenciar até na escalação do time?

Eu sempre fui empolgado em todos os clubes pelos quais trabalhei. Independentemente de ser ofensivo, acho que o time tem de ser competitivo, acima de tudo.

Equilíbrio defensivo e eficiência no ataque são fundamentais. É isso que estamos procurando aqui no Vasco. Estamos trabalhando.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance