Clássico dos Milhões retorna ao Maraca e tenta resgatar público no Estadual
Flamengo, Vasco e Maracanã. Uma tríade sinônimo de sucesso. O único clássico a figurar quatro vezes entre os dez maiores públicos do futebol brasileiro é a esperança de salvar o Estadual, que não vem bem das pernas. Além de reunir as duas maiores torcidas do Rio, o duelo deste domingo, às 16h, conta com um atrativo extra: será o primeiro no estádio desde 2010, quando ele fechou para as obras da Copa do Mundo.
Nos últimos anos, o desinteresse do torcedor pelo campeonato vem se tornando cada vez maior. Mas os números da edição atual mostram que o poço é ainda mais fundo. As 56 partidas das sete primeiras rodadas registraram 121.305 pagantes. Para se ter uma ideia, só entre os jogos de Flamengo e Vasco há 16 confrontos que registraram público maior que este. No que mais encheu o Maracanã, em 1976 (foram 174.770 espectadores), este número representaria só 69,4% do total.
— O problema é a falta de ídolos — assegura Zico, autor de dois gols na vitória do Flamengo por 3 a 1 na Taça Guanabara de 1976, recorde de público do clássico: — Se há um grande ídolo, o público vai ver os grandes jogos. Você acha que nesse público (de 1976) havia só torcedor do Flamengo e do Vasco? Tinha também tricolor e botafoguense. Do mesmo jeito que muita gente ia ao estádio ver o Garrincha. Eu era garoto, mas queria ir. Queria ver Jairzinho, Gerson... Só não queria vê-los fazendo aquilo contra o Flamengo (risos).

Na história do clássico, o esvaziamento também é perceptível. Há 15 anos, as duas equipes faziam o primeiro duelo do ano para um público de 86 mil pagantes, número que hoje supera a capacidade total do Maracanã. Há exatos dez anos, o primeiro confronto da temporada foi disputado diante de 64 mil pagantes. Já no Brasileiro de 2010, 50 mil pessoas pagaram para ver o último clássico do Maracanã.
Se repetir este último público no estádio, o Clássico dos Milhões já baterá com folga o recorde do Estadual deste ano. No último fim de semana, Flamengo e Fluminense levaram 15.419 pagantes ao estádio — casa cheia para os padrões atuais.
— A essência do futebol sempre foi o pobre. Ou você ia ao Maracanã ou não via o jogo. Tinha uma mágica maior, valorizava-se o espetáculo — afirma Dé, autor do gol de honra do Vasco em 1976, para quem o preço dos ingressos é um dos fatores que levaram a este esvaziamento.
Os milhões, agora, são mais frequentes na renda do que nas arquibancadas. No ano passado, os dois jogos pelo Brasileiro (disputados no estádio Mané Garrincha, com preços que chegaram a R$ 260), renderam, ao todo, R$ 6,1 milhões. O apelido do clássico resistiu ao tempo, mas mudou de significado. Para o azar dos bolsos dos torcedores e felicidade dos cofres dos clubes.
Fonte: Extra- SuperVasco