Casas de Apostas dominam patrocínio no Brasileirão
Os sites de apostas ampliaram ainda mais seu domínio nas camisas dos times que disputam o Campeonato Brasileiro a partir de 29 de março. Os acordos fechados para 2025 incrementaram a participação do segmento no patrocínio máster e valorizaram as parcerias em 61,9% nesta temporada.
No ano passado, os times da Série A arrecadaram R$ 600,2 milhões em contratos com casas de apostas. Neste ano, esse número já subiu para R$ 972 milhões. Esse montante não inclui o acordo do Mirassol com a 7k, que é mantido em sigilo.
O número ainda deve subir mais, já que o Santos encerra o atual contrato com a Blaze em março. Com a contratação de Neymar, a expectativa do clube é que, mesmo que mantenha o atual parceiro, consiga uma boa valorização do acordo atual. O craque santista, aliás, é embaixador da Blaze.
Independentemente do Santos, nove das 20 equipes que disputam a competição conseguiram aumento de 100% ou mais em seus contratos com casas de apostas nesta temporada. Todas elas trocaram de marca em 2025.
Mercado regulado
A ampliação dos investimentos em marketing esportivo acontece no primeiro ano em que o mercado brasileiro está totalmente regulado.
Diante das regras impostas pelo governo federal, algumas empresas desistiram de atuar no país ou foram para a ilegalidade. Outras repensaram seus gastos com patrocínio por causa do ônus com pagamento de impostos e taxa de outorga de R$ 30 milhões para operar no Brasil.
Houve, porém, quem ampliou o orçamento com marketing e até quem decidiu chegar ao Brasil após a regulamentação. E, para conquistar clientes em mercado hiperconcorrido, a visibilidade proporcionada pelo futebol é fundamental.
Líder
Quem liderou em valorização foi o Palmeiras, que conquistou aumento de 441% ao trocar o Esportes da Sorte pela Sportingbet. A antiga parceira, porém, não tinha exposição na camisa do Verdão. Contava apenas com o patrocínio máster do time feminino, além de ativações digitais.
Já a nova patrocinadora assumiu o lugar da Crefisa. Comparando com a instituição financeira cuja dona é Leila Pereira, presidente do Palmeiras, o incremento foi mais modesto: 23%.
No entanto, o acordo com a casa de apostas liberou as demais propriedades do uniforme, que também eram ocupadas por Crefisa e FAM, outra empresa do grupo.
Já foram fechados acordos com a Sil Fios e Cabos Elétricos para as mangas (R$ 11 milhões) e a FictorAgro para as costas superior (R$ 25 milhões), em acordo que será anunciado em breve pelo clube. Contando esses novos acordos, a camisa do Palmeiras já foi valorizada em 68%.
Restam no mercado a região da clavícula, barra traseira e calção. O clube conversa no momento com empresas no ramo alimentício, construção e montadora.
Também conquistaram aumentos significativos em seus contratos o Sport Recife (267%), Atlético-MG (233%), Red Bull Bragantino (200%), Vitoria (178%), Grêmio (163%), Bahia (111%), Internacional (108%) e Botafogo (100%). Em alguns casos, as casas de apostas passaram a ocupar regiões mais valorizadas da camisa.
O Galo trocou a Betano, dona dos naming rights do Brasileirão e da Copa do Brasil, pelo H2bet em acordo de R$ 60 milhões. O compromisso é válido por três temporadas. Para a empresa, a atração pelo investimento no futebol não se limita à visibilidade da camisa de um clube tradicional.
“A força da relação entre o povo brasileiro e o futebol é imensa. Ser o patrocinador máster de um time da Série A não é apenas uma questão de visibilidade, mas sim um passo estratégico na construção da marca H2bet”, pondera Ueltom Lima, CEO do Grupo H2bet, em entrevista à Máquina do Esporte.
“Escolhemos o Atlético-MG não só pela grandeza da sua história, mas também pelo engajamento surreal de sua torcida”
Ueltom Lima, CEO do Grupo H2bet
Primeiro grande investimento da empresa no futebol, o H2bet mira a conquista de uma participação maior no mercado a partir do patrocínio ao Galo.
“O H2bet entra no cenário regulado já entre os dez maiores sites de apostas do Brasil, e no topo dos que mais crescem mês a mês. O investimento em marketing – e não só clubes – tem um objetivo claro: aproximar o H2bet das cinco maiores operações do país”, espera Lima.
Nordeste
Com número recorde de nordestinos na primeira divisão desde o início da era dos pontos corridos, em 2003, e um forte mercado para as apostas, as equipes da região também se valorizaram.
Apenas o Ceará, com contrato vigente com o Esportes da Sorte, não comemorou crescimento exponencial nos ganhos. Bahia, Vitória, Fortaleza e Sport Recife fecharam os maiores acordos da história de cada clube.
“Para a marca, é essencial estar ao lado de uma instituição que celebra a paixão pelo esporte”, declarou José Victor Valadares, diretor executivo de novos negócios da Ana Gaming, dona da marca da 7k, sobre o contrato com o Vitória.
“É um acordo que, sem dúvidas, traz visibilidade para a empresa e, ao mesmo tempo, nos proporciona dialogar com um público expressivo e engajado”, acrescenta o executivo, referindo-se ao time, que teve outra empresa de apostas, a Betsat, no uniforme em 2024.
O Fortaleza, quarto colocado em 2024 e classificado para a fase de grupos da Libertadores, trocou a Novibet pela Cassino, com valorização de 50%.
“Sempre buscamos nos alinhar a marcas que têm muita credibilidade no mercado, como é o caso do Fortaleza”, diz André Viana, CEO da Cassino, outra marca da Ana Gaming.
“A decisão de patrocinar o clube foi bem tranquila por tudo aquilo que a equipe tem apresentado em termos de gestão e de desempenho esportivo”
André Viana, CEO da Cassino
“O Fortaleza, além de ter uma torcida numerosa e fervorosa, vem acumulando anos seguidos de ascensão e de excelentes resultados no cenário nacional”, acrescenta o executivo, cuja empresa atrelou bônus ao Leão do Pici de acordo com o desempenho do clube e o engajamento obtido com os torcedores.
Já o Bahia trocou o Esportes da Sorte pela Viva Sorte Bet, no maior contrato de um clube nordestino em todos os tempos: R$ 40 milhões por ano.
O Sport Recife, por sua vez, que retorna à primeira divisão, assumiu a segunda colocação, após substituir a Betvip, empresa do grupo Pixbet, pela Betnacional, adquirida pelo mesmo conglomerado da Betfair, parceira de Cruzeiro e Vasco. O acordo com o time pernambucano prevê pagamento de R$ 33 milhões por ano.
Perdas e ganhos
Empresas tradicionais do setor têm perdido visibilidade na elite. É o caso da EstrelaBet, que estava nas camisas de Criciúma e Internacional na Série A em 2024. Neste ano, não estampa seu logo em nenhum uniforme.
Já o Pixbet chegou a ter quatro clubes em 2023: Corinthians, Flamengo, Juventude e Vasco. No entanto, apesar das perdas nos últimos tempos, tornou-se patrocinador máster do Rubro-Negro, no maior contrato do futebol brasileiro: R$ 115 milhões neste ano.
Por fim, o Esportes da Sorte também viveu um ano de perdas. Em 2024, era parceira de cinco equipes da elite: Athletico, Bahia, Corinthians, Grêmio e Palmeiras. Nos três primeiros ocupava o espaço máster.
No entanto, teve contratos rescindidos com Furacão (que acabou rebaixado) e o Tricolor de Aço; além de ter finalizado parcerias com o Imortal e o Verdão. Apesar disso, permanece no espaço principal do uniforme corintiano e comemorou o acesso de outro parceiro, o Ceará.
“Apoiar o esporte e, sobretudo, o futebol brasileiro é um dos pilares da nossa empresa. Temos contratos estratégicos, com grandes equipes e que nos permitem um alcance gigantesco em termos de marca”, defende Sofia Aldin, CMO do Grupo Esportes da Sorte.
Para a executiva, em uma concorrência acirrada, é essencial manter o nome na cabeça dos fãs de futebol, principais clientes das empresas de apostas.
“Por mais que o público já nos conheça e saiba da qualidade dos nossos serviços, estar presente nas camisas é fazer parte de uma paixão, [é] uma forma de nos conectar genuinamente aos torcedores, além de criar ações exclusivas e de ajudar os times a construírem uma história vitoriosa”
Sofia Aldin, CMO do Grupo Esportes da Sorte
Desafio do interior
Todos os clubes da elite brasileira contam com um patrocínio da área de apostas nesta temporada. Em 2024, apenas o Cuiabá, rebaixado para a Série B, não teve parceiro do segmento.
No patrocínio máster, o domínio será ainda maior. No ano passado, as apostas detinham 75% das exposições na área mais nobre dos uniformes. Em 2025, 90% dos times da Série A expõem uma marca de jogos de azar nessa propriedade.
As exceções são dois clubes do interior paulista, cujos parceiros principais são marcas de bebida: Red Bull Bragantino (Red Bull) e Mirassol (Guaraná Poty).
No time de Bragança Paulista, controlado pela empresa de energéticos, a Betfast ocupa a manga e a barra traseira. Já a equipe de Mirassol, que estreia na Série A em 2025, conta com a 7K na barra frontal.
Patrocínio máster
No patrocínio máster, os últimos a aderirem à onda foram Grêmio e Internacional, que anunciaram na semana passada acordo com a Alfa, substituindo o Banrisul, que era dono do espaço havia 24 anos.
O acordo prevê o pagamento de R$ 50 milhões por temporada, além de bônus que podem fazer esse montante chegar a R$ 215 milhões somando os três anos de contrato.
“É uma honra para a Alfa firmar essa parceria. Sabemos da responsabilidade que isso representa e estamos comprometidos em contribuir para o sucesso das instituições, sempre com respeito à história e à paixão dos torcedores”, afirmou Arthur Silva, sócio e CEO da Alfa.
Fonte: X Máquina do Esporte
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