Futebol

Casaca emite nota oficial sobre proposta de Juninho Pernambucano

O ex-atleta e hoje consultor de futebol, Juninho Pernambucano, o “reizinho”:

Quatro dias após o Vasco anunciar que está em dia quanto a salários, inclusive o deixado pela gestão do seu ex-patrão, Dinamite;

Um dia após Fernando Prass, companheiro de equipe em 2011 e 2012, afirmar que da gestão de Dinamite, a gestão MUV/amarela nada recebeu do acordo feito após sua saída do Vasco e que vem recebendo da nova gestão as parcelas do valor que lhe é devido;

Menos de 24 horas depois de o Vasco vencer e fazer uma partida excelente contra o Palmeiras em São Paulo, marcada pela grande atuação de Nenê, cotado para ser o craque da rodada;

Resolveu se manifestar.

Seu procurador nas transações de vinda (2011), renovações (2012) e retorno ao Vasco (2013) Jose Fuentes cobra do clube uma quantia inerente à intermediação de contratos do atleta com o clube, algo público, por sinal, referente aos anos de 2012 e 2013, não pagos pela administração anterior e o assunto, levantado pelo próprio atleta, o motivou a falar de uma dívida que o Vasco teria com ele Juninho, em função de suas passagens pelo clube nos anos de 2011 a 2013.

Vamos ao histórico.

Juninho saiu do Vasco em 2001 por conta do não pagamento de fundo de garantia por parte do clube (segundo ele Juninho) e se transferiu para o Lyon da França sem que o Vasco recebesse um centavo, embora se estimasse que valeria aproximadamente 15 milhões de reais na época, caso fosse feita uma transferência do atleta para outro clube.

A briga foi parar na Justiça e teve este enredo entre os anos de 2003 e 2004:

06/12/2003
Vasco recupera direitos sobre Juninho Pernambucano

12/02/2004
Vasco vai à Fifa pedir indenização ao Lyon

30/07/2004
Vasco vai acionar Fifa contra Lyon

30/07/2004
Juninho diz que o Vasco quer aparecer

04/08/2004
Justiça diz que saída de Juninho foi irregular

04/08/2004
Nota Oficial do Clube
O Club de Regatas Vasco da Gama, por seu Departamento Jurídico, faz saber a todos que o Juízo da 41ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, através de despacho datado de 30 de julho último, nos autos do processo nº 383/2001, em que é autor o Sr. Antônio Augusto dos Reis Junior, conhecido atleta, cujo apelido desportivo é “Juninho Pernambucano”, decretou que a transferência do referido atleta para o Olympique de Lyon tornou-se sem efeito, tendo em vista o trânsito em julgado da decisão de mérito do Mandado de Segurança interposto pelo CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA, nos seguintes termos:

“O Reclamante permitiu que aquela decisão, evidentemente contraria aos seus interesses, viesse a transitar em julgado, seja porque interpôs recurso ordinário sem recolher as custas devidas (o que determinou fosse negado seguimento e ele, por deserto – v. fls.454), seja porque interpôs agravo de instrumento que, por deficiência de traslado, não veio a ser conhecido pelo Tribunal Superior do Trabalho (v. fls. 457/459).

Nada mais há que fazer, agora, se não declarar que a decisão proferida em antecipação de Tutela não mais prevalece, tornando-se sem efeito, portanto, todos os atos que, a partir dela, foram praticados (inclusive aqueles que permitiram ao Reclamante transferir-se a uma agremiação de futebol estrangeira).”

Assim, o Departamento Jurídico do CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA diante de tais esclarecimentos, entende ter dirimido qualquer dúvida a respeito, concluindo-se assim que a transferência do referido atleta tornou-se irregular, ratificando, de forma irrecorrível, que os direitos federativos e econômicos do atleta pertencem ao Club de Regatas Vasco da Gama.

CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA

Paulo Sérgio Marques dos Reis
Vice-Presidente Jurídico

06/08/2004
Juninho minimiza o efeito da decisão que o devolvia ao Vasco

16/10/2004
Nova derrota de Juninho para o Vasco

28/12/2004
Vasco faz acordo para encerrar a ação e receber indenização do Lyon

30/12/2004
Paulo Reis confirma o acordo feito pelo Vasco junto ao Lyon para encerrar o caso

Passaram-se os anos e o atleta esteve para voltar em 2009, próximo à disputa do Vasco da Série B daquele ano. O atleta, que na época tinha 34 anos, preferiu o Catar ao Vasco.

Aos 36 anos, próximo ao período das eleições no Vasco, mais precisamente no mês de abril, viajaram ao Catar Olavo Monteiro de Carvalho e Roberto Dinamite para conversar com o representante do atleta, Jose Fuentes, e o próprio jogador naquele país.

Segundo narrado pelo atual Consultor de Futebol, o Vasco ofereceu a ele 5 milhões de reais por seis meses de salário na ocasião, mas este preferiu ganhar tão somente prêmios num valor vultoso, condicionados a títulos ou classificação do Vasco à Taça Libertadores da América no ano seguinte e receber apenas e tão somente um salário mínimo na ocasião.

Era uma aposta arriscada. Vasco Campeão Brasileiro ou da Copa Sul-Americana significaria um prêmio de 6 milhões de reais ao atleta (ou seja, algo parecido com um salário de 1 milhão de reais mês), mas também uma colocação entre segundo e quarto lugar na competição traria ao atleta o valor de 2 milhões de reais (algo parecido com um salário de 333 mil reais mês).

Em 08 de junho de 2011 o Vasco conquistou a Copa do Brasil, garantindo-se na Taça Libertadores da América.

Foi anunciada na sede náutica da Lagoa a apresentação de Juninho e assinatura do contrato para o dia 11 de junho.

Não há nenhuma cobrança do empresário Jose Fuentes por intermediação de contrato referente àquele período na atual ação proposta contra o Vasco.

O vice campeonato brasileiro proporcionou a Juninho o crédito de 2 milhões de reais com o Vasco.

Novo contrato foi assinado entre o clube e o atleta sem que as partes se manifestassem a respeito da negociação. Jose Fuentes foi o representante de Juninho na intermediação.

Segundo afirmou o atleta, irritado com o vazamento da notícia em abril de que recebia 50 mil reais por jogo naquele novo contrato, Juninho afirmou que o Vasco desejava pagar a ele 250 mil reais por mês, mas ele próprio preferiu receber 50 mil reais por jogo, afirmando que jogaria em circunstâncias normais, já aos 37 anos, no máximo quatro vezes a cada mês e em janeiro provavelmente duas vezes.

Numa conta básica, em cumprindo sua meta, o atleta atuaria no período de contrato (seis meses) 22 vezes o que perfaria um total acumulado de 1,1 milhão de reais.

As comissões na maioria dos casos são cobradas pelos representantes numa média que não ultrapassasse 10% do valor total a ser pago ao atleta. Não é algo formal, mas sim informal (e até mesmo flexível). Ao invés de 110 mil reais o valor (hoje exposto na Justiça) foi de 250 mil referente àquele período, não pago pela gestão Dinamite a contento.

No quinto dia útil de junho o Vasco recebeu da Rede Globo 30 milhões de reais por conta de termo aditivo no contrato de TV, prolongando-o até 2018.

A 08 de junho o Vasco quitou, segundo seu Vice-Presidente de Finanças à época, Nelson Rocha, os salários de março e abril daquele ano, mais direitos de imagem atrasados. O salário de maio venceria por acordo feito com funcionários e atletas no dia 20.

Em 21 de junho Daniel Freitas, gerente de futebol do clube, confirmou o acerto da renovação de Juninho após conversa com o empresário do atleta nos mesmos moldes do contrato anterior assinado até 04 de julho daquele ano.

Em 25 de junho Juninho assinou novo contrato com o Vasco até o final de dezembro daquele ano.

Jose Fuentes, representante do atleta, cobrou mais uma vez 250 mil reais pela intermediação do contrato, segundo está expresso na ação que move contra o Vasco, uma vez que a gestão Dinamite também não teria pago este valor.

A 28 de junho o Vasco negociou o atleta Rômulo ao Spartak-RUS e receberia pela transação 2 milhões de euros na época, valor que perfazia 10,35 milhões de reais.

Em 21 de julho o presidente Roberto Dinamite confirmou as negociações de Diego Souza e Fágner do clube.

Em 22 de julho o jornal Lance! concluiu que pelas transações envolvendo Diego Souza e Fágner o Vasco receberia um total de 8 milhões de reais.

A 23 de julho os salários dos atletas do Vasco estavam atrasados em dois meses.

Em 10 de agosto o Vice-Presidente de Finanças do clube, Nelson Rocha, afirmou que o Vasco, além de quitar os salários atrasados ainda pagara adiantadamente o que iria se vencer no dia 20 de agosto. Ou seja, os atletas estariam em dia até o mês de julho daquele ano.

Em 18 de setembro o Vasco teve água cortada no clube em virtude de um débito de 1,3 milhão de reais com a CEDAE, construído pela gestão Dinamite.

Em 30 de setembro Juninho deu declaração ao SporTV afirmando que os salários estavam novamente atrasados e assim justificou o atraso:

” A gente entende que existe um esforço muito grande para equilibrar as finanças, mas acaba tendo um desequilíbrio econômico. Usa a verba para pagar coisas de cinco anos atrás, acaba faltando para quem está hoje na casa.”

Em 09 de novembro o empresário de Juninho, José Fuentes, declarou que o atleta só falaria em renovação após o fim do Campeonato Brasileiro.

Em 14 de novembro o empresário de Juninho não mais garantia sua permanência no Vasco para 2013.

Em 16 de novembro Juninho afirmou: “Tenho a possibilidade de ficar no Vasco, mas também já tenho outros contatos.”

Em 19 de novembro o empresário Jose Fuentes afirmou sobre a possibilidade de Juninho permanecer no clube: “Não vejo o momento do Vasco com bons olhos.”

Em 21 de novembro o empresário de Juninho declarou: “Até agora ninguém do Vasco me ligou”

No dia 22 de novembro, segundo publicou o jornalista Marcos Vasconcelos da Rádio Tupi, o Vasco havia feito uma proposta oficial pela permanência de Juninho para o ano seguinte.

Em 23 de novembro o jornal “O Globo” veiculou matéria na qual foi dito que o Vasco mantinha dois meses de salários atrasados fora direito de imagem.

Em 29 de novembro pesquisa promovida pelo site Netvasco tinha como resultado parcial o número de 81,12% dos internautas votando que acreditavam na permanência de Juninho para a temporada de 2013.

Em 30 de novembro a Coluna “Na cara do gol” do jornal Extra veiculou:

GOL DE PLACA

Sondado por vários clubes, Juninho quer ficar no Vasco, mas está preocupado com as finanças do clube e salários dos funcionários.

No mesmo dia é anunciada a sondagem da equipe do Red Bulls-EUA para ter Juninho na equipe em 2013

No dia 17 de dezembro Juninho acertou sua transferência com o Red Bulls-EUA para atuar naquele país na temporada de 2013.

Em 19 de dezembro Juninho afirmou que encerraria a sua carreira no time americano do Red Bulls-EUA, que recentemente o contratara.

No dia 21 de dezembro afirmou que o ambiente no Vasco àquela altura era propício para vagabundo.

No dia 10 de maio de 2013, o Club de Regatas Vasco da Gama, na figura de seu presidente Roberto Dinamite, admitiu a dívida com a empresa J.F. Gerenciamento de Carreiras de Atletas LTDA., ressaltando entretanto que pagara 100 mil reais do montante e que devia 400 mil reais a empresa. Na ocasião foi declarada intenção de se pagar à empresa um montante de R$16.666,00 em 24 parcelas para sanar o débito, acordo aceito pela empresa credora na ocasião.

Em 03 de julho de 2013 Juninho rescindiu com o Red Bulls-EUA.

Em 07 de julho Eurico Miranda afirmou no programa “Balanço Esportivo” da Rede CNT: ” Ele não vai resolver o problema do Vasco. Ainda mais da forma que ele saiu, atirando para tudo quanto foi lado”.

Em 12 de julho, reportagem feita pelo Lancenet informava que Juninho receberia o montante da dívida do Vasco, constituída entre 2011 e 2012 com o atleta de forma parcelada. O valor mensal a ser pago pelo clube seria o parcelamento da dívida constituída nas passagens anteriores do atleta em 2011 e 2012.

Houve desta feita um valor menor de cobrança por parte do representante do atleta pela intermediação do contrato (cem mil reais). Considerando que nas duas últimas oportunidades coube ao representante do atleta um percentual na ordem de 20 a 25% sobre o valor total dos salários do atleta, nesta ocasião, caso tenha sido mantido o critério, o valor integral de remuneração do atleta deve ter chegado a 500 mil reais no máximo.

Em 04 de novembro em matéria do Globoesporte.com, sob o título “Vasco promete regularizar salário de Juninho Pernambucano para breve” é dito que o clube já havia pago duas das cinco parcelas devidas ao atleta e que pretendia em breve quitar a terceira.

Em 12 de novembro surgiu o diagnóstico de uma lesão sofrida por Juninho que precisaria de um tempo incompatível com a possibilidade de o atleta atuar pelo clube ainda naquele ano. Sua última partida pelo Vasco ocorreu no dia 10, contra o Santos no Maracanã (2 x 2), ocasião em que ele Juninho saiu machucado, aos oito minutos do 1º tempo, sendo substituído por Jhon Clay.

Em 16 de janeiro de 2014 a Assessoria de Imprensa do Vasco confirmou que todos os atletas haviam recebido os salários do mês de novembro. Supõe-se, portanto que Juninho também tenha recebido. Considerando-se mais este dado, por inferência, o Vasco teria ficado devendo ao atleta apenas o mês de dezembro.

Em 17 de janeiro foi publicado no BID da CBF novo contrato do atleta com o Vasco até 30 de maio, mas em 31 de janeiro o atleta decidiu encerrar a carreira.

Juninho virou comentarista de veículos das Organizações Globo desde 2014 e nesta segunda-feira última declarou:

Que abriria mão de levar o Vasco à Justiça caso o clube assinasse um termo de compromisso no montante de 700 mil reais, vinculado à construção de um CT.

Que o Vasco só teria que pagar a seus advogados, embora não tenha entrado com a ação ainda…

Que Eurico Miranda não teria aprovado o salário pago a ele em 2012 de 50 mil reais por jogo, mas que paga a Nenê 300 mil reais (valor evidentemente chutado pelo atleta).

Que realizou muito mais do que Nenê fez pelo Vasco até aqui, em sua carreira.

Diante do exposto, concluímos que:

1 – Juninho Pernambucano foi embora do Vasco em 2001 e teve que indenizar o clube em 2004 pela saída irregular do clube para o futebol francês.

2 – Em 2009 o atleta preferiu o Catar à disputar a segunda divisão pelo Vasco.

3 – Em 2011 voltou ao Vasco por um contrato de seis meses e contou com a irresponsabilidade da direção do Vasco, que prometeu um valor entre 2 e 6 milhões de reais por resultados alcançados.

4 – Em 2012 a irritação do atleta pelo vazamento da notícia, oriunda dos conselheiros amarelos ou seus laranjas, de que recebia 50 mil reais por jogo foi pela “molecagem” de quem a vazou, certamente.

5 – Nas duas renovações de 2012 e no retorno do atleta em 2013 o valor a ser pago pela intermediação do contrato de Juninho com o Vasco esteve na casa dos 20, 25% do valor total a ser pago ao jogador.

6 – As manifestações políticas, como a dada em setembro daquele ano ao SporTV, que justificava os atrasos de salários pelo fato de o seu presidente ter que pagar dívidas passadas ao invés dos próprios salários denota principalmente total desconhecimento de como o Vasco era conduzido, no mínimo. 

7 – A opção pelo Red Bulls-EUA em detrimento do Vasco para o ano seguinte foi pura e simplesmente uma escolha profissional  melhor (em sua visão), como é comuníssimo ocorrer com os atletas de futebol. Prova disso foi o seu retorno ao Vasco no ano seguinte, após rescindir contrato nos EUA.

8 – O retorno ao Vasco em julho de 2013 foi importante para o atleta consolidar a dívida do clube para com ele e hoje supostos calotes novos da gestão Dinamite o fazem pensar em ir à Justiça contra o Vasco.

9 – Considerando o enredo dos contratos feitos pelo atleta Juninho, entre 2011 e 2013 e o farto material apresentado, dando conta que na passagem de 2013 o atleta teria parcelado em cinco vezes o débito restante dos contratos feitos entre 2011 e 2012, o máximo que se pode imaginar de débito do Vasco para com o atleta seria de um ou dois meses de salário naquele ano. Algo em torno de 100 ou 200 mil reais, números baseados em matérias surgidas na mídia convencional daquela época.

10 – Juninho pode pensar que quem é credor do Vasco (ou se entende credor do clube) impõe coisas ao Vasco. Neste caso ignora que a gestão do Vasco mudou, ou propõe o que propôs para ter uma resposta à altura da que merece por parte do presidente do clube, Eurico Miranda, que é personagem de muitas e muitas falas do ex-atleta quando o assunto é Vasco e 100% delas (ou quase isso) em tom de crítica. 

11 – O tratamento dado a Nenê, ex-companheiro de profissão pode ser interpretado pelo atual destaque do Vasco como uma espécie de “travessura”, pois sem saber o salário do atleta o expôs ao público. Logo ele Juninho, que se irritou em 2012, quando o valor de seus ganhos mensais foi revelado para imprensa, de dentro do clube. Além do mais o momento para o torcedor vascaíno é o de dar a maior força para os atletas da equipe e Nenê tem se mostrado um dos grandes destaques do plantel cruzmaltino.

12 – A vitória do Vasco diante do Palmeiras não foi o grande assunto, em termos de Vasco, desta segunda-feira para Juninho.

Vale ressaltar também que diante do calote da gestão Dinamite o representante do atleta na intermediação de contratos de Juninho entre 2012 e 2013, em valores corrigidos, cobra hoje do Vasco através de sua empresa a quantia de R$861.650,43.

Casaca!

Fonte: Casaca