Casaca divulga nota sobre recusa de novos sócios pela diretoria do Vasco
Vergonha histórica
Há 95 anos e seis meses quase, o Vasco dava um exemplo de democracia, inclusão, respeito às diferenças, recusando-se a excluir negros e analfabetos de seu quadro social (todos eram sócios) e, também, do seu time de futebol.
Ao longo do tempo não houve clube no qual as diferenças fossem mais respeitadas.
Em 2014 foi à tribuna do Conselho Deliberativo um desvairado para dizer que o Vasco não poderia ter gente da favela no quadro social, no que foi refutado por todos nós.
Roberto Dinamite, mesmo com sua danosa gestão e fraquíssima cúpula, não ousou desrespeitar centenas ou milhares de associados, apesar da pressão promovida pelo grupo de situação que foi às urnas naquele ano.
Daquela vez como agora, todos os grupos políticos e apolíticos do Vasco entraram numa campanha de associação, após o Casaca! abrir na marra o quadro social, fechado por interesses políticos menores.
O grupo ao qual pertencia Alexandre Campello foi um dos que aderiram e teve dele, lógico, apoio na conduta, pois legal e estatutária.
Em 2019 a direção do clube sugeriu que a taxa de adesão tivesse uma diminuição e, diante disso, houve convocação do Conselho Deliberativo em junho para que isso fosse definido.
Na reunião, percebendo claramente que o risco de perder uma eleição "controlada" – segundo era dito nos corredores de São Januário – seria imenso, pois inúmeras adesões eram probabilíssimas, a direção votou a favor da nova taxa só valer a partir de outubro, com o claro intuito de impedir novas associações que dessem direito de voto na Assembleia do ano que vem.
A proposta foi fragorosamente derrotada com menos de 20 votos a favor da direção e cerca de 150 contra a manobra.
A nova taxa de adesão passaria a valer em 01/07/2019.
Começava aí a saga do vascaíno para associar-se ao clube se este não estivesse de acordo com a corte.
Dependendo do proponente, dependendo do grupo político dele, dependendo de estar ligado à direção, dependendo do que possa ser considerado de pouco risco para uma derrota fragorosa da atual gestão (que se avizinha), houve liberação. Mais de 400 pessoas.
Não houve critério algum equânime ou uniforme e sim uma "higienização do quadro social" nas palavras da deletéria missiva, assinada pelo presidente do clube e elaborada por um dos gênios que o acompanha, dada em resposta ao Conselho de Beneméritos do clube quando este questionou as não homologações e ameaças.
O descumprimento do estatuto por parte da secretaria do clube é erro contumaz e insofismável, desde a não aceitação de pagamento em dinheiro na própria secretaria (que é ilegal e dá cadeia), até a obrigatoriedade feita a alguns de abrir mão de um título de sócio para poder adquirir outro.
No meio disso tudo regras criadas fora do estatuto para dificultar associações, descumprimento inicial daquilo que fora definido no Conselho Deliberativo, filigranas e mais filigranas, resumindo-se num espírito de não inclusão das pessoas, que buscavam aquele espaço duas ou mais vezes para poderem ter sua entrada lá homologada pela secretaria.
Isso tudo visando o que? Tão somente reeleição. Do grupo que lá está.
Mas nada parece ter limite quando se trata de busca pela manutenção do poder, num clube dito pelos que lá estão muito difícil de administrar, cheio de problemas e que deve há 12 meses salários em dia aos seus funcionários, ora há quatro meses sem receber.
Sob argumentos de quem pagou a quem, quem foi proponente ou proponente de quantos, quem transportou quem, quem juntou quem para se associar e se agrupar num movimento e finalmente com o espírito de "higienização do quadro social"já descrito acima, típico de um rubro-negro de raiz, o ato sórdido de recusa assim se justifica, embora se diga ainda, inacreditavelmente, que não é necessário dar o motivo da recusa, quando se escolhem 400 pessoas para homologar e centenas para travar.
Mas o mais incrível é o fato de que o presidente do clube pretende mesmo que a discussão vá à Justiça, pois afronta inúmeras pessoas com seu critério "higiênico".
O problema maior reside no fato de que esse completo irresponsável usa o Vasco visando seus interesses pessoais e se escora no cargo que ocupa para isso.
E as proposições que surgem de doutos a falarem sobre Vasco, sobre o nosso Vasco, tangenciam mais discriminações ainda.
Na reunião ocorrida no Conselho de Beneméritos hoje, quando foi mostrada indignação quanto a sócios que entraram no quadro nesse período, dizendo-se que se tratavam de pessoas, várias delas, com peso na sociedade e estavam sendo expulsas por critérios tortos, houve quem sugerisse ao atual presidente que deixasse aqueles passarem, no que simplesmente repetiríamos as medidas discriminatórias históricas dos nossos rivais.
Uma vez que não há critério, qualquer um serve e depois passa-se ao associado que ele está expulso por critério nenhum, porque o indeferimento na prática é uma exclusão do clube ao seu desejo e pós pagamento, como fariam em agremiações de menor importância que o Vasco (Flamengo, Fluminense, Botafogo, América) por questões abomináveis (racismo, analfabetismo) há quase 100 anos.
Quatro de outubro de 2019, o dia em que o Vasco manchou sua história de inclusão, propositalmente, conscientemente e criou seu primeiro capítulo de exclusão IMOTIVADA, ou melhor, motivada por política rasteira e uma veia purificadora, que parte de quem está chafurdando na lama do preconceito insidioso.
Casaca!
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