Futebol

Carlos Alberto troca festas por comemoração em família

O talento que Carlos Alberto exibiu contra o Botafogo não é algo desconhecido de quem acompanha sua carreira. No entanto, as horas seguintes à exibição do meia é que talvez tenham demonstrado claramente a sua transformação. São Januário viu treinar um Carlos Alberto sereno. O próprio jogador admitiu que, em outros tempos, as celebrações tomariam boa parte de seu tempo.

— Quando eu era solteiro, achava que o mundo ia acabar.

Então, tinha que comemorar, me divertir, fazer tudo num dia. Hoje, com outras prioridades, a responsabilidade de ter uma família por trás, você aprende que pode ir para casa, comemorar com os parentes e ser feliz do mesmo jeito — garante.

A palavra amadurecimento é citada em boa parte das entrevistas do meia. Ontem, isto foi visto na prática. Em campo, brincou com Lorenzo, filho de Titi. Ao terminar o trabalho, por onde passava, cumprimentava, um a um, funcionários, jornalistas e torcedores que o procuravam.

Foi a dois programas de TV e evitou superdimensionar sua atuação individual.

— Tenho amigos de 40 anos que não amadureceram. Antes, eu achava que a fase boa duraria para sempre. E sentia mais quando passava dificuldade.

Agora, não esqueço de me preparar para momentos ruins. O futebol alterna coisas boas e ruins — diz Carlos Alberto.

Ainda vêm à sua mente os momentos mais difíceis da carreira.

Lembra a dificuldade que foi, para um jovem de 19 anos, chegar à Europa. Campeão mundial pelo Porto, não conseguia dormir pensando em administrar problemas que resultavam do próprio sucesso. Contratos, compromissos, questões pessoais se misturavam às obrigações de atleta. O resultado foi uma ansiedade crônica enfrentada com remédios.

— Se a piscina da casa tinha problema, eu tinha que ver como resolver. Hoje, contando casa, assessoria, tenho 15 pessoas trabalhando para mim. Penso só em jogar — diz o meia.

Ansiedade, hoje, só com o nascimento do filho. Sua esposa, Carolina, descobriu há uma semana a gravidez. Mas os planos para o futuro parecem não atormentar mais.

— Representar o Brasil numa Copa do Mundo sempre esteve na minha cabeça. Mas o maior perigo é quando começam a comentar, falar muito. Você tem que se preparar — diz, antes de comentar a possibilidade de ficar no vasco após o fim do empréstimo feito pelo Werder Bremen, em julho. — No fim, é o jogador que decide. Tenho um bom motivo (o filho) para ficar.

Acho que eles não vão querer um cara infeliz lá.

Comedido, o técnico Dorival Júnior admite que Carlos Alberto vem se tornando peça central do vasco. No entanto, procura valorizar o conjunto.

Fonte: O Globo