Futebol

Carlos Alberto Torres sai em defesa de Renato Gaúcho

Dos consagrados aos que jamais levantaram uma taça, é tarefa praticamente impossível encontrar treinador que jamais tenha sido xingado. A atual má fase dos grandes clubes cariocas, no entanto, tem extrapolado os limites da transformação de técnicos em vilões. Renato Gaúcho e Paulo Campos foram apontados como culpados pelo empate em 2 a 2 no clássico entre Vasco e Fluminense. Nem mesmo Waldemar Lemos escapou do coro de \"\"burro\"\", mesmo tendo empatado com o América menos de 48 horas depois de assumir o Flamengo.

- Já faz parte do folclore. Qualquer coisinha a culpa é do treinador. É a \"\"burromania\"\" - brinca Carlos Alberto Torres, que em sua última passagem no Flamengo pediu demissão por problemas de relacionamento com a torcida, no primeiro semestre de 2002.

- Pegavam no meu pé porque eu tinha perdido um título fora de casa e nos pênaltis. Mas a responsabilidade tem que ser dividida com os jogadores. A parcela de culpa ou de mérito é meio a meio - afirma o capitão do Brasil na Copa de 70, referindo-se à derrota na decisão da Mercosul de 2001, contra o San Lorenzo.

O ex-jogador Tostão concorda com Carlos Alberto Torres. Para o colunista do JB, os técnicos dos grandes clubes paulistas são mais experientes que os de Flamengo, Botafogo, Vasco e Fluminense, mas nem por isso estão imunes a críticas. Antônio Lopes, campeão brasileiro com o Corinthians no ano passado, já está sendo questionado porque o time empatou em 1 a 1 com o Marília no domingo e se afastou da disputa pelo título estadual.

- Há uma supervalorização da parcela do treinador tanto nas derrotas quanto nas vitórias. Os técnicos do Rio são menos experientes, mas não acho que na média sejam piores que a maioria dos outros que estão por aí. Há a ilusão de que a contratação de um supertécnico possa salvar a equipe, mas a má fase dos times cariocas passa por outros fatores, como estrutura e capacidade de investimento - afirma Tostão.

Em alguns casos, a consagração ou crucificação de um técnico pode ser decidida em segundos. Renato Gaúcho, por exemplo, trocou Romário por Ricardinho no segundo tempo do jogo contra o Fluminense. O Vasco vencia por 2 a 1 e a intenção do treinador era aproveitar contra-ataques. Aos 38 minutos do segundo tempo, Ricardinho avançou em velocidade, mas errou passe para Valdiram, que estava livre na grande área.

- Que culpa o Renato tem se o cara erra o cruzamento daquele jeito ? - indaga Carlos Alberto Torres.

- Perdemos a bola do jogo - defende-se Renato Gaúcho.


Paulo Campos, por sua vez, afirma sequer ter ouvido os xingamentos que recebeu ao substituir Lenny pelo volante Rodolfo Soares quando o time perdia o clássico por 2 a 1.

- Deu certo, porque reforçamos o meio e empatamos o jogo. Tenho minhas convicções e vou continuar com a minha linha de trabalho - diz o tricolor.

Já o novo comandante do Flamengo garante ainda não ter tido tempo de trabalhar no item que considera a função primordial de um treinador.

- Durante um jogo, um técnico pode ser decisivo com uma alteração ou uma questão de posicionamento. Mas o que faz mesmo a diferença é o trabalho que antecede a partida. É o lado que é menos notado, mas é o mais importante. É a questão de aprender e aperfeiçoar a característica de cada jogador, ver o máximo que cada um pode dar e motivar o grupo - analisa Waldemar.

Fonte: Jornal do Brasil