Futebol

Carlos Alberto Lancetta fala sobre contratações, Johnny e Márcio Careca

O gerente de futebol do Vasco, Carlos Alberto Lancetta, comenta a política de contratações.

"Por exemplo, essa relação aqui. Alguns jogadores dessa relação que você me entregou, tivemos a oportunidade de contactá-los. Em função de problemas diversos, a gente não teve a condição de contratá-los. Esse é o primeiro aspecto. O segundo é que todos os jogadores que nos são indicados, eles são levados à apreciação do treinador, porque é o treinador que decide. Essa foi uma decisão tomada pelo Roberto [Dinamite] desde o primeiro dia em que ele assumiu o Vasco. Isso não está sendo só com o Tita. Com o Antônio Lopes já era assim. Eu peguei duas semanas e meia com o Antônio Lopes e depois veio o Tita. O procedimento do Roberto, até por ele ter vivenciado isso, ele dá plena e irrestrita autonomia ao treinador na escolha dos jogadores. A gente oferece o jogador, diversos oferecimentos. Posso garantir que tenho lá hoje, nessas sete semanas de Vasco, mais de 200 CDs de jogadores que foram oferecidos ao Vasco e que diariamente a gente entrega ao Tita. O Tita vê e analisa. A gente tem procurado, de uma forma bem equacionada e equilibrada, atender as necessidades do Tita e a realidade do clube", disse no programa "Só dá Vasco", veiculado na Rádio Bandeirantes, citando uma lista de jogadores que foi entregue por Márcio Santos, um dos apresentadores.

O dirigente fala sobre a negociação com o lateral-esquerdo Márcio Careca, do Barueri, que não foi concretizada.

"Com relação ao Márcio Careca. O Márcio Careca foi um jogador indicado pelo Tita. Esse jogador - posso garantir - foi observado por nós. Mandamos um observador técnico. Ele fez partidas excepcionais pelo Barueri na segunda divisão. Eu dizia aqui antes que o meu filho é preparador físico do Criciúma, que jogou uma rodada antes contra o Barueri. Ele me disse o seguinte: \"Pai, esse cara passa por cima. Ele acabou com o nosso jogo\". O Criciúma ganhava o primeiro tempo de 2 a 0 e com duas arrancadas do Márcio no segundo tempo o jogo terminou empatado. O Adriano me disse assim: \"Papai. Olha, o que acontece é o seguinte. A gente estava rezando para o jogo terminar. Eu estava vendo a hora de perder o jogo e em casa\". O Márcio Careca foi um jogador que foi aprovado pelo Tita também, após toda essa peneira, observação de seleção. Fizemos o procedimento normal. Procuramos o jogador, para saber dele de quem eram os direitos federativos. Ele nos disse, textualmente: \"Os direitos federativos são 60% do Barueri e 40% são meus\". Diante disso, mandamos um comunicado oficial do Vasco ao presidente do Barueri, o Sr. Walter [Jorquera Sanches], no dia 19. Esse comunicado foi recebido por uma pessoa que se dizia vice-presidente de futebol, chamado Marcos [Antônio de Almeida], e que durante todo o tempo em que tentávamos conversar com o presidente, ele intermediava, impossibilitava esse contato. Após uma semana, mais precisamente no dia 26, ele, Marcos, nos disse, a mim ao Seu Neca [Manuel Fontes, vice-presidente de futebol], ao telefone, que fizéssemos a mesma proposta que havíamos feito ao Barueri, que fizéssemos ao procurador de nome Luiz Fabiano. Mandamos o mesmo documento... Tudo isso que estou falando a gente tem prova arquivada para mostrar para as pessoas. Já mostramos a alguns setoristas da imprensa, que cobrem o clube. Para surpresa nossa, pedimos o contrato do jogador. O contrato do jogador dizia justamente aquilo que nos foi dito, que 60% dos direitos federativos eram do Barueri e 40% do jogador. No caso da multa rescisória, que era de R$ 400 mil, estava explícito no contrato do jogador - temos esse contrato na mão, uma xerox - que R$ 240 mil seriam do Barueri e R$ 160 mil seriam do jogador. Só que na hora h, o presidente do Barueri resolveu dizer o seguinte: \"Não, eu só libero o jogador, que tem contrato em vigor com o Barueri, se os R$ 400 mil forem totalmente do clube\". Com isso, houve um impasse. O procurador tentou entrar na Justiça. Nesse exato momento, para que não tivéssemos um outro problema semelhante a um outro que já havia acontecido no Vasco, o Roberto usou o bom senso e disse o seguinte: \"Lancetta, encerramos, a partir de agora, as negociações\". Tínhamos mandado passagem, o jogador tinha vindo e assinado o contrato. Estava tudo certo, mas no momento em que mandamos o documento e se oficializou, aí o presidente apareceu, mandando um documento, telefonando para o Roberto, através de um outro empresário, que era até o empresário do Robinho, um tal de Wagner [Ribeiro], que é a pessoa que banca lá o Barueri financeiramente, dizendo que não aceitava a proposta do Vasco e só aceitaria se o Vasco repassasse os R$ 400 mil. Para a gente não ficar nessa peneira, briga judicial, resolvemos desistir do jogador. E o fizemos".

Lancetta comenta contratação do volante/zagueiro/lateral-esquerdo Johnny, do CRB-AL, que em um primeiro momento também causou polêmica, quando dirigentes alagoanos negaram a liberação do jogador, após o atleta ter realizado exames médicos em São Januário na última segunda-feira (01/09).

"Com relação ao Johnny, agimos exatamente igual. Procuramos o clube, através do próprio presidente, o Roberto Dinamite. Foi ele que fez o contato. O Johnny pertence ao Paulista de Jundiaí e está emprestado ao CRB. Para que ele seja contratado pelo Vasco, ele terá que rescindir esse empréstimo com o CRB e voltar ao Paulista de Jundiaí. O Roberto contactou diretamente o presidente do Paulista de Jundiaí, que por sua vez falou com o presidente do CRB. O acordo foi firmado. Agora, o que a imprensa não divulgou é que houve esse acordo de cavalheiros anteriormente à vinda do jogador. Havia sido acertado que nenhuma das partes falaria antes de que o jogador estivesse no Rio e fosse aprovado nos exames médicos. Hoje [ontem] a gente teve a oportunidade de comentar isso - que estou comentando aqui na rádio com vocês - com todos os setoristas, lá no Vasco da Gama, à tarde. O jogador reafirmou essas coisas que estou falando. Ele reafirmou na sua saída que voltou para Maceió para pegar a liberação, para ir ao Paulista, rescindir o contrato e fazer um novo contrato, para que ele seja emprestado ao Vasco. Essa é a situação verdadeira".

O dirigente ignora contradições que estariam sendo estimuladas por parte da imprensa, e volta a falar sobre os casos de Márcio Careca e Johnny, que tem contrato com o Paulista-SP de 01/12/2007 a 30/11/2009 e estava emprestado ao CRB de 29/07/2008 a 30/11/2008.

"Eu agradeço, em meu nome e em nome do Seu Neca, essa preocupação que você teve conosco. Mas a gente tem a consciência bastante tranqüila, porque está fazendo as coisas com bastante honradez. A gente procura fazer olho no olho, tratando todos as pessoas e os jogadores com carinho, distinção, que realmente eles merecem. A imprensa não tem sido diferente o tratamento que temos dispensado a ela. Apesar de em determinados momentos a gente se sentir magoados e tristes, mas a gente trata todo mundo. Hoje fiz questão de ir aos meninos todos. Trato de meninos porque já tenho 60 anos. Alguns deles ali têm idade de serem meus filhos. Eu disse a eles o seguinte: \"Olha, a verdade é essa. O que aconteceu verdadeiramente foi isso\". Houve um pacto e se pediu ao presidente do CRB [Paulo Trindade] que não divulgasse a contratação. O jogador veio para o Rio de Janeiro autorizado pelo presidente. Ele não veio indevidamente. Ele veio autorizado, como também o Márcio veio autorizado. O Márcio teve a autorização do Barueri para vir ao Rio de Janeiro, tanto é que ele estava escalado para o jogo e um dia antes do jogo eles tiraram ele e disseram: \"Não, vai resolver a tua vida no Vasco\". Eles pensavam que verdadeiramente o menino fosse ceder aqueles 40% que ele tinha direito. Só que inicialmente o garoto não cedeu. Em função de uma possível briga judicial, o Roberto falou: \"Não, eu não quero me expor e a gente não vai expor a instituição também a esse tipo de coisa\". E nos retiramos. Agora, tivemos a preocupação, no caso específico do Johnny, de procurar primeiro o presidente do clube. Tratamos diretamente tudo com o presidente. Quando o menino apareceu aqui, ele apareceu com dois procuradores, verdadeiramente. Os procuradores estavam hoje lá. Acompanharam atentamente tudo que foi feito com o jogador. Prestamos todos os esclarecimentos necessários, compramos uma passagem de volta e mandamos o menino para Maceió. Acredito que no mais tardar quarta-feira à noite, quinta-feira ele esteja de volta. O contrato já está pronto. Só não está assinado, porque depende da transferência. Ele vai estar pronto para participar de todas as atividades já quinta ou sexta-feira".

Lancetta afirma que Johnny foi contratado por ser um atleta polivalente.

"O Johnny foi um jogador que trabalhou com o Tita quando o Tita dirigiu o Tupi de Juiz de Fora no Campeonato Mineiro. O Tita conhece bem o jogador. Verdadeiramente, ele é um jogador muito versátil. Ele atua na lateral esquerda, na quarta zaga e também de volante. No momento que o Vasco atravessa, a gente precisa de jogador nessas três posições. São as posições mais carentes do Vasco. Se você consegue um jogador que cubra as três posições, você está muito bem servido. Não estou discutindo a capacidade técnica, se é bom ou mal jogador. Mas se você tem deficiência nas três posições - zaga, lateral esquerda e cabeça de área, porque estamos com problema. Perdemos o Souza e tínhamos o Jonílson machucado -, esse menino atende perfeitamente a necessidade de polivalente que o Tita precisa no time".

Fonte: Vasco Expresso