Cañete, meia do Libertard-PAR, admite que recebeu proposta do Vasco
Após ser considerado uma das principais revelações da base do Boca Juniors, ter passado pelo São Paulo e rodado por vários clubes brasileiros, Marcelo Cañete conseguiu reencontrar a felicidade de jogar futebol. Aos 27 anos, ele defende o Libertad-PAR, que enfrentará o Godoy Cruz-ARG, em partida válida pela Copa Libertadores da América, nesta quinta-feira, às 21h (de Brasília), na Argentina.
Após ter se destacado no Paulistão do ano passado pelo São Bernardo, o argentino optou por jogar no Paraguai em busca de maior projeção na carreira.
"Veio Ceará e Vasco com interesse. Eu falei assim: ‘Se for para um time da Série B talvez não vou gostar muito porque vou jogar toda Série B e vou terminar me perdendo'. Eu tinha conversado com um cara do Paraguai que tinham uma proposta para mim, mas tinham que negociar umas coisas", disse o jogador, ao ESPN.com.br.
"Eu esperei até junho do ano passado e recebi a proposta. Eu disse para o diretor do São Bernardo: ‘Esse clube vai jogar Libertadores, Sul-Americana. Acho que tem mais vitrine para eu aparecer. Ele concordou e vim por empréstimo até junho de 2017 com opção de compra", afirmou.
Cañete não se arrepende da escolha que fez. O Libertad lidera o Campeonato Paraguaio com 27 pontos, dois a mais do que Cerro Portenho, vice-líder.
"Estamos vendo, vivo um momento muito bom. Temos um esquema de jogo que somos protagonistas e gostamos de manter a posse de bola. No clássico conta o Olimpia fiz um grande jogo, dei duas assistências e fiz um gol", comemorou.
Na Libertadores, o time paraguaio está com 4 pontos e ocupa a terceira posição do Grupo 6. O líder é o Godoy Cruz-ARG (10), seguido de Atlético-MG (7).
"Jogar a Libertadores com estádio lotado é uma das coisas bonitas que tem no futebol. Estou muito feliz e tomara que consiga ficar aqui. Eu estou cada vez melhor e tenho que aproveitar porque tenho muitas coisas pela frente", finalizou.
O argentino começou nas escolinhas do Boca Juniors aos sete anos. Destaque das categorias inferiores do time de Buenos Aires, ele chegou a ser comparado com o ídolo Riquelme e fazer algumas partidas pelas seleções de base ao lado de Pastore, Mussacchio e Defederico, mas não disputou nenhuma competição oficial.
"Eu me profissionalizei aos 16 anos, eu ia para o time profissional treinar para ganhar experiência e descia para jogar pela base. Com 17 anos, fui ao time principal. Mas fiquei muito tempo machucado e como tinha Riquelme eu não tinha muito espaço", disse.
Em uma equipe que tinha outros nomes conhecidos como Ibarra, Palermo e Battaglia, o meia estreou em um amistoso contra o Palmeiras, em 2010. Foi a última partida do antigo estádio Palestra Itália antes da construção do Allianz Parque.
Pouco tempo depois, ele jogou com a camisa xeneize algumas vezes em jogos oficiais.
"Fiz poucas partidas pelo time principal do Boca, mas joguei alguns clássicos. O que mais me marcou foi a sensação de quando você entra me campo na Bombonera. É uma adrenalina muito forte e você precisa saber lidar porque pode te jogar lá embaixo", analisou.
"Imagina, eu, com 20 anos estar em um estádio lotado em um clássico e poder jogar para tantas pessoas? Quando você aprende a lidar com essa pressão e fica preparado para qualquer outra situação na carreira. É incrível sensação que você sente dentro de campo", relatou.
No final de 2010, ele deixou o Boca em busca de mais espaço.
"Eu estava no Boca e sabia que não teria muitas chances porque tinha uma concorrência muito forte. Falei com o presidente, que gostava muito de mim, para ir para o Chile. Poderia ter ido para a Universidad de Chile, mas escolhi a Universidad Catolica", afirmou.
Cañete foi um dos destaques da equipe chilena, que chegou até as quartas de final da Copa Libertadores da América de 2011. Com isso, chamou de vários clubes brasileiros.
"Teve uma disputa entre Fluminense e São Paulo. O São Paulo chegou primeiro a se interessar, eu fui três vezes para fechar, mas não deu certo. O Fluminense entrou na negociação, mas no final o São Paulo acabou fechando", revelou.
"No primeiro dia que cheguei ao CT do São Paulo já fiquei totalmente apaixonado pelo clube. Senti bastante a mudança para o Brasil. É totalmente diferente, não só o país, mas o futebol principalmente. É outro nível em todos os sentidos. Fiquei muito feliz porque sabia aonde estava chegando, um clube muito grande", elogiou.
Após acertar um contrato de três anos, o argentino não teve muita sorte no Morumbi. Logo no segundo jogo, contra o Vasco, ele sofreu uma lesão no joelho que o tirou dos gramados por 11 meses.
"Quando melhorei, eles tinham contratado o Jadson. Precisava de um tempo para voltar, pegar confiança e entrar no ritmo que gostava. Ainda mais no São Paulo, que é um clube que você precisa estar 100% o tempo inteiro. Tem muitos jogadores de qualidade e isso exige muito. Depois , chegou Ganso e o espaço ficou menor ainda. Foi uma sequência de coisas", contou.
O retorno aos gramados foi longe da expectativa, o que gerou uma frustração no meia.
"Também não fui muito valorizado da forma que gostaria. Eu estava machucado, sem ritmo, mas ninguém dá o tempo. Não me deram a chance de me recuperar para começar de novo. Contrataram dois meias e fiquei sem espaço. Fui emprestado e minha cabeça não ficou legal. Não foi da forma que esperei", lamentou.
Sem espaço no Morumbi, Cañete foi cedido para Portuguesa, São Bernardo, Náutico e CRB nos anos seguintes.
"Eu fui emprestado pela condição que estava sem pré-temporada eu acho que fui bem nos clubes. Dentro de com eu me sentia fisicamente acho que fiz muito. Se estivesse melhor fisicamente poderia me destacar mais. Foram experiências boas, mas não era o que gostaria como estou agora", admitiu.
"Eu não consegui atingir meus objetivos, mas não guardo rancor. Ao contrário, só fico muito agradecido a diretoria que sempre me ajudou. Eu aprendi a querer bem e a torcer pelo São Paulo porque te dá muitas coisas. É um clube de primeiro nível", reconheceu.
No final de 2015, o argentino encerrou seu vínculo com o time do Morumbi e acertou novamente com o São Bernardo para a disputa do Paulistão.
"Quando rescindi com o São Paulo, eu só queria jogar. Não me interessava dinheiro nem nada. Fiz um Paulista muito bom e fomos até as quartas contra o Palmeias. Como meu salário era muito alto para o segundo semestre do clube eu pedi para ser emprestado", relatou.