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Bruno Carvalho, ex-Vasco, integra Seleção Brasileira Militar

É possível que Ronaldo seja titular no amistoso contra a Holanda. Para isso, terá de roubar a vaga de Dimba. Numa seleção brasileira que já teve Pelé, a camisa 10 hoje pertence a Fábio Augusto. Quem escala o time é um oficial de alta patente das Forças Armadas, que promoveu um sargento a capitão, e ninguém se atreveu a reclamar. Ontem, enquanto Mano Menezes anunciava, num hotel da Zona Sul, a lista de convocados para dois amistosos que antecedem a Copa América, o tenente-coronel Davi Teixeira comandava, num quartel da Marinha, na Avenida Brasil, mais um coletivo da equipe que representará a delegação anfitriã nos V Jogos Mundiais Militares, de 16 a 24 de julho, no Rio.

Ronaldo e Dimba, é bom que se explique, têm muito pouco a ver com seus homônimos dos gramados. No caso do camisa 9 da tropa, o físico esbelto contrasta com a forma roliça do Fenômeno, que fará seu jogo de despedida da seleção contra a Romênia, dia 7.

Morador de São João de Meriti, o sgt. Ronaldo disputa competições militares desde 2005, mas seus gols nunca lhe garantiram status de ídolo.

— Aqui ninguém tem regalia.

Para mim, Ronaldo e Romário foram os melhores. No caso do meu xará, a maior diferença é mesmo na conta bancária — brinca.

Já o potiguar cabo Alexandre jura que seu apelido surgiu quando Dimba desandou a fazer gols pelo Goiás. Há outra versão no quartel.

— Ele é feio demais, como o Dimba — alfineta o sgt. Diógenes, preparador físico e tio do goleiro Felipe, do Flamengo. — Meu irmão fez de tudo para ele ser militar. Mas o Felipe era muito chorão.

Dentro de campo, nem sempre as patentes prevalecem. Já campeão do mundo, o soldado Pelé integrou a seleção militar, em 1959. No grupo atual há de soldado a capitão, com média salarial de R$ 2.500. Para quem viveu dias de glória em clubes, a rotina militar é uma experiência singular.

— Aqui não tem roupeiro.

Cada um leva seu uniforme para lavar, sua chuteira. Presto continência para todo mundo.

Vai que é oficial e eu não sei...

— brinca o ex-lateral Bruno Carvalho, ex-Vasco e seleção.

Recuperado de lesão, ele está na reserva. — É que nem clube.

Tem que brigar pela vaga.

Ele e Fábio Augusto, que defendeu Corinthians e Flamengo, são os mais conhecidos entre os ex-jogadores das Forças Armadas. A braçadeira de capitão ficou com sgt. Luiz Fernando, ex-zagueiro do Bahia: — Não há vaidade. Se o cara faz três gols, no dia seguinte continua sendo soldado.

O goleiro titular é Brás, ex- Americano e campeão da Taça GB, no Caixão-2002.

— O Caixa d’Água era torcedor ferrenho do Americano.

Tinha jogo em Campos que o apito ajudava — admite.

Teste nada animador O Brasil está no Grupo A dos Jogos, com Argélia, Emirados Árabes e Suriname. No fim do mês, o time viaja para jogar amistosos na Holanda. No confronto mais recente, faltou munição à tropa de elite: 5 a 1 para os reservas do Vasco.

— Estávamos há 24 partidas invictos. Foi bom para a rapaziada baixar um pouco a bola — justificou o treinador.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)

Fonte: Jornal O Globo