Futebol

Brener, ex-Vasco, lamenta lesão que prejudicou sua carreira

Em 1995, surgia uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Habilidoso, veloz e bom finalizador, Brener Antunes das Chagas preenchia os requisitos básicos para ocupar a lacuna deixada por um dos maiores ídolos da história moderna vascaína: o ex-meia atacante Dener, morto em um acidente automobilístico, em 1994.

Com um biotipo semelhante ao do ex-camisa 10, Brener caiu nas graças da torcida antes mesmo de se profissionalizar. Em uma época onde as partidas de juniores eram disputadas nas preliminares dos profissionais, o garoto mirrado de Itaboraí ganhou até música especial da torcida.

- Realmente, eu nunca tinha visto um jogador de categoria de base ser tão ovacionado como eu fui. Quando eu fazia algum gol num jogo preliminar no Maracanã, cantavam uma música só para mim, inspirada na melodia do Dener - conta Brener, hoje com 35 anos, aposentado do futebol desde 2009.

O sucesso meteórico nas categorias de base, porém, não teve continuidade na vida profissional. De \"novo Dener\", o jogador passou a ser um mero desconhecido, que hoje circula pelas ruas do Grande Rio como um quase anônimo.

- Vez ou outra alguém me para na rua, mas é muito raro de acontecer. Geralmente quem me para é algum torcedor vascaíno, que acompanhava bastante o time nos anos 90, ou aqueles caras que sabem tudo de futebol e viram para mim e perguntam: \"Você não é o Brener, que jogou no Vasco?\" - revela o ex-jogador, hoje integrante do time vascaíno de showbol.
- Acho que não sou fácil de ser reconhecido porque tenho um rosto comum. O Valdir Bigode, por exemplo, é impossível de não reconhecerem, com aquele bigodão típico. Se eu tivesse alguma característica física mais marcante, eu acho que seria reconhecido com mais facilidade - completa.
Brener subiu para os profissionais do Vasco em 1995, antes mesmo de completar 20 anos. Com boas atuações no time principal, caiu ainda mais nas graças da torcida, que o adotou como uma espécie de talismã, em uma época em que o Vasco contava com ídolos como Carlos Germano, Valdir Bigode, Ricardo Rocha e, posteriormente, Juninho Pernambucano, recém-chegado do Sport.

- Os meus primeiros anos no profissional foram muito bons. Tive grandes atuações, fiz gols importantes e contava com a confiança de todos no clube. Parecia que a minha carreira ia decolar - lembra Brener.

O jogador não esperava, no entanto, que uma séria contusão fosse prejudicar o seu futuro. Em 1997, uma lesão crônica no púbis o afastou dos gramados por mais de um ano. Depois de vários tratamentos e uma dolorosa cirurgia, as condições físicas do ex-atleta nunca mais foram as mesmas.

- Eu vinha sentindo algumas dores, mas, depois do jogo contra o Flamengo no primeiro turno do Brasileiro de 1997, senti uma dor insuportável e tive que me afastar da equipe. Só fui estar apto a jogar novamente no segundo semestre de 1998.

Naquela ocasião, o Vasco tinha um dos melhores times de sua história e não tinha muito espaço para mim, mesmo porque eu ainda ia levar muito tempo para me recuperar.

- Acabei indo jogar no futebol russo e lá comecei a minha peregrinação - conta o ex-jogador, em tom de lamentação.

Da Rússia, Brener rodou por diversos clubes e nunca mais conseguiu reencontrar o bom futebol. Passou por times como Inter de Limeira (SP), União Barbarense (SP), Tubarão (SC), Guarani (SP), até encerrar a carreira no River (PI), em 2009. Um fim melancólico para uma vida profissional cercada de expectativas.

- Não acho que a comparação com o Dener tenha me prejudicado. Muitos dizem que eu senti a responsabilidade de substituí-lo. Pelo contrário, me sentia muito honrado em ser comparado a ele. Acho que o que foi determinante para eu não ter tido uma carreira tão boa foi a contusão mesmo.

Ex-jogador abrirá uma escolinha


Brener se divide atualmente entre as competições de showbol e sua nova atividade profissional: a de dono de escolinha de futebol. O ex-jogador adquiriu, recentemente, um campo de grama sintética, em São Gonçalo, onde começará a ministrar sua primeira turma, daqui a aproximadamente três meses.

Para dar uma perspectiva melhor aos seus futuros pupilos, Brener está em contato com alguns clubes de fora do Rio, para costurar uma parceria.

- Não queria que a minha escolinha fosse núcleo oficial de algum clube do Rio. Isso acaba afastando alunos e cria rivalidades. Um pai flamenguista, por exemplo, não gostaria de ter um filho matriculado em uma escollinha do Vasco - diz ele, que espera que seus alunos tenham mais sorte que ele.

- Vou procurar passar as melhores instruções possíveis para os garotos. A primeira é continuar estudando. É preciso criar opções, pois o futebol pode não ser a melhor alternativa.

Separado, o pai coruja de Giovanna, 11 anos, diz que uma de suas metas para o futuro é voltar a estudar.

- No momento está um pouco difícil porque estou muito ocupado por conta da escolinha. Mas, quem sabe, no futuro, eu termino o segundo grau e faço uma faculdade.

Ressabiado, ele passa um conselho aos jovens jogadores que estão explodindo no cenário nacional.

- Você não pode deixar se empolgar pela situação. Administre bem o seu dinheiro, porque, de uma hora para outra, esse bom momento pode acabar e a vida fora do mundo milionário do futebol é muito dura - finaliza ele.

Fonte: Sportv.com