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Blogueiro: Não dá para culpar time por sofrer tantos gols no Brasileiro

Não adianta reclamar da falta de caráter esportivo do jogador William, nem da arbitragem, que inverteu faltas e deixou de marcar várias a nosso favor (e que em pelo menos uma delas, a sequência do lance acabou em gol do adversário) . Um time que sofre 32 gols em 17 rodadas e que em três partidas em um único campeonato toma cinco gols não tem argumentos para colocar a culpa nas suas derrotas em ninguém.

E olha que se a derrota para o Cruzeiro mostrou mais uma vez a incrível fragilidade da defesa vascaína, nem foi somente pelos gols. Com três gols em chutes de fora da área – dos quais apenas um pareceu defensável, mas ainda assim não dá pra tirar o mérito do Julio Baptista na sua cobrança de falta – que poderiam muito bem não ter entrado, a história da partida poderia ser bem diferente. O problema é que, além desses gols, o Vasco foi desatento na defesa durante boa parte do jogo. Já começou assim, sofrendo um gol em lance de lateral (!!!) aos 30 segundos depois do apito inicial (?!?!?!?!?).

E não é só pela fraqueza técnica ou debilidade defensiva de uns e outros. Destruir uma jogada não requer habilidades excepcionais, mas se temos jogadores fracos e que ainda não sabem se posicionar, aí complica tudo. Quando o Cruzeiro não encontrava espaços para chegar até a nossa área era porque todos os jogadores estavam recuados demais, dando espaço para os chutes de longa distância. Sofremos dois gols assim, os dois porque deixaram um primeiro volante livre para tentar o arremate. Acertou as duas finalizações que fez.

Partidas como essa deixam claro o que todo mundo já sabe: se tivéssemos uma defesa aceitável, nossa sorte no campeonato seria bem outra. Não fiz a pesquisa, mas deve ser muito raro na história do campeonato o time que tem o quarto melhor ataque da competição amargar a 14ª colocação na tabela. Todo mundo estranhou a entrada do Willie, um atacante, no lugar do Pedro Ken, um meia com funções defensivas; ainda que o garoto tenha trazido outra dinâmica ao nosso ataque e tenha marcado dois belos gols, o resultado é que agora, quem sempre reclamou que o Dorival é retranqueiro vai criticá-lo agora por ter deixado o time muito vulnerável.

As duas últimas rodadas do turno eram consideradas mais fáceis, depois de uma sequência de jogos complicados (foram quatro dos seis primeiros colocados mais o Santos, fora de casa), mas com o avançar do Brasileirão, o cenário não é mais o mesmo. Teremos o Náutico em Recife, onde costumam aprontar e jogarão no desespero, e o Atlético-PR na Colina, que há cinco rodadas não parecia ser ameaça e agora está no G4. Se não quisermos terminar a primeira metade da competição (mais) preocupados com a parte debaixo da tabela, não podemos pensar nem em empate nesses dois últimos jogos. E isso passa não por um time mais ofensivo, mas sim por uma equipe que acerte sua defesa. Coisa que deveria ter feito já há muito tempo.

Fonte: ge