Blog: Mentiras e polêmicas nos atos de fair play
A polêmica do fair-play no futebol, surgida pelo confuso lance no jogo entre Cruzeiro e Vasco, é o pano de fundo para comprovar uma frase que ouvi há muitos anos do meu amigo Paulo Angioni, ex-supervisor de Vasco, Flamengo, Fluminense, Corinthians, Bahia e Seleção Brasileira. “Gonzalez, o futebol é uma grande mentira”. É mesmo. Willian não teve fair-play algum, Dorival Júnior mascara a derrota de seu time atribuindo-a a um único lance, todos tentam enganar todo mundo em campo. E quando o chileno Valdívia, peguntado pela mídia, diz a verdade – que perguntou ao árbitro se tomaria o amarelo se saísse devagar e sua senhoria confirmou, e aí o cartão pintou -, toma dois jogos de gancho da Justiça Desportiva.
Vamos primeiro ao caso do Cruzeiro x Vasco.
Até na devolução de bola para o adversário, após alguma paralisação, os jogadores encontraram uma maneira de driblar o fair play. Fair play, de fato, é devolver a bola sem provocar risco ao adversário. Fair play é mandar a bola na direção do goleiro rival, ou pela linha de fundo, para que o jogo recomece sem riscos a quem merece a deferência. Mas a moda agora é mandar a bola pela lateral. Pela lateral no campo de defesa da vítima, ou no campo de ataque, próximo ao gol, de quem devolve a bola. Que fair-play é esse? Só os incautos acreditam. Eu não. Se Willian queria mesmo beneficiar o Vasco, porque não mandou a bola para a lateral em sua própria intermediária, no ataque carioca? Willian, morde aqui, vai…
Sem contar que, mesmo errando ao mandar a bola pela lateral, o cruzeirense poderia se redimir se esperasse ao menos Fágner passar a bola. Mas Willian toca na bola e, dois segundos depois, sai correndo em direção a ela. Nada do que Fágner pudesse ter feito justificaria o arranque de Willian em sua direção em dois segundos. O tempo de reação é o que conta. A quem Willian pensa que engana?
Errado também está Dorival. Não em dizer que não existe fair-play no lance. Até aí, ok. Mas a atribuir a esse lance a decisão do jogo. Ora, após o cruzeirense roubar (ô termo adequado!) a bola de Fágner, passaram-se 40 segundos (eu disse 40, não disse quatro) até que a mesma sobrasse para Lucas Silva. E não foi o fair=lay ou a falta dele que fizeram o jovem cruzeirense acertar aquela belíssima sapatada. Lindo gol, gol legítimo. Dorival, morde aqui também…
Bola pela lateral em direção ao própria ataque, simulações, cera, entradas violentíssimas… E alguém ainda vem reclamar de fair-play? E, como cereja desse bola de falsidades, o Tribunal pune Valdívia por ter falado a verdade. E não falou nada demais, forçar o cartão amarelo não é ilegal, a regra de zerar cartões é a prova disso. Valdívia deveria ser punido se machucasse alguém buscando o cartão. Sair de campo devagar, como fazem onze entre dez jogadores… isso é para o sujeito perder dois jogos de futebol?
E aí o senhor Victor, herói da conquista da Libertadores pelo Atlético-MG, dá um bico na bola em direção à torcida do Internacional (não machucou ninguém, o jogo já tinha acabado, mas foi um gesto infinitamente mais agressivo e pouco exemplar que o de Valdívia), e é absolvido? Com o devido respeito a jogadores, treinadores e auditores, tem muita gente no futebol brasileiro para “morder aqui”…
Fonte: Blog Entre as Canetas - ge- SuperVasco