Beach Soccer: Jorginho comenta volta à Seleção Brasileira
Com 285 gols, Jorginho é o terceiro maior goleador da história da seleção brasileira de futebol de areia, atrás apenas dos consagrados Neném (336) e Júnior Negão (318). Eleito por três vezes o melhor do mundo (99, 2000 e 2004), o atacante de 36 anos se destacou com golaços e jogadas plásticas, mas também ganhou fama de \"reclamão\" devido ao temperamento forte e de marrento pelos adversários. O momento mais difícil da carreira foi em novembro de 2006. Na época, o atleta havia disputado as eliminatórias para a Copa do Mundo e, além de ser o artilheiro, foi considerado o melhor jogador do qualificatório. Porém, foi deixado de fora da lista de convocados para o Mundial daquele ano por conta de, segundo o jogador, problemas com a antiga direção da Confederação Brasileira de Beach Soccer (CBBS). Depois disso, foram mais de quatro anos longe da seleção e de muita saudade da camisa canarinho.
A volta por cima, no entanto, veio em 2011. Depois de brilhar na conquista do Mundialito de Clubes com o Vasco, em março, Jorginho foi convocado pelo técnico Alexandres Soares para disputar a Copa Miami, nos Estados Unidos. A competição, que acontece neste fim de semana, vai servir de preparação para as eliminatórias da Copa do Mundo deste ano e também para o atacante tentar resgatar o tempo perdido. (Clique no vídeo acima e confira o que o técnico da seleção e os jogadores comentaram sobre a volta do craque à equipe brasileira)
GLOBOESPORTE.COM: Como você está vendo esse retorno à seleção brasileira?
Jorginho - Eu tive problemas com a antiga direção da Confederação e, por isso, fiquei longe por da seleção por muito tempo. Mas isso agora é passado. O que importa é que hoje estou igual a um garoto de 18 anos quando é convocado pela primeira vez. Quero ajudar e venho recebendo o apoio de todos os jogadores e da comissão técnica. Estou feliz e é uma honra vestir a camisa da seleção brasileira novamente. Teremos o torneio em Miami, as eliminatórias e a Copa do Mundo. E eu quero estar dentro de todas elas.
Ainda almeja ultrapassar a marca de 300 gols com a camisa canarinho?
- O Brasil tem dois craques que já passaram dos 300 gols, que é o Júnior Negão e o Neném. Eles são dois fenômenos e estão na história do futebol de areia. Se eu conseguir chegar perto deles já está de bom tamanho. Eu quero estar no grupo e poder ajudar. Assim, os gols e jogadas bonitas sairão naturalmente.
O que mudou do Jorginho do início da carreira para o de agora? Você tinha fama de ser um jogador \"bad boy\"...
- Algumas coisas mudaram. Eu estou mais experiente e dentro de campo mais tranquilo também. Vejo as coisas com outra cabeça e esse afastamento da seleção serviu para eu avaliar tudo o que passei. É nítida a minha alegria em acordar cedo e vir treinar com o grupo. Eu nunca tive fama de \"bad boy\" e nunca fui expulso por agredir alguém em quadra. Só tinha a fama de reclamar muito. Sou uma pessoa tranquila e ainda reclamo dentro de campo, mas hoje estou mais calmo para ajudar a seleção.
Como você observa o equilíbrio entre as seleções no futebol de areia atual?
- Com o apoio da Fifa, as seleções se estruturaram e estão evoluindo. Os jogadores vivem do futebol de areia em alguns países, mas acho que o Brasil ainda é muito superior. Se tivermos bem fisicamente e com tempo para trabalhar o grupo, vamos entrar no campeonato como favoritos e daremos aula. Se não acontecer esse trabalho, o equilíbrio vai exisitir sempre.
Comecei em 1994 e peguei a época de Zico, Júnior, Edinho e Cláudio Adão e pude aprender muito com eles. Depois, peguei a geração do Júnior Negão, Neném, Benjamin e Magal e me mantive no grupo. Essa geração atual é a minha geração. \"
Jorginho
A seleção brasileira está preparada para as eliminatórias da Copa do Mundo?
- Estamos começando o trabalho e o pontapé inicial vai ser a Copa Miami. Lá, nós vamos pegar três escolas diferentes e vamos jogar de três maneiras diferentes. O trabalho será o de resgatar as jogadas bonitas, mas nunca deixar de lado a parte tática e física. Esse grupo tem tudo para fazer bonito e ganhar os títulos que vai disputar este ano.
Você teve a chance de jogar com craques da areia. Como foi essa experiência?
- Comecei em 1994 e peguei a época de Zico, Júnior, Edinho, Cláudio Adão e pude aprender muito com eles. Depois, peguei a geração do Júnior Negão, Neném, Benjamin e Magal e me mantive no grupo. Essa geração atual é a minha geração. Foi um grande aprendizado e uma honra jogar com esses craques. O futebol de areia cresceu e chama a atenção porque esses jogadores fizeram isso. O importante é que nós temos condições de jogar bonito novamente.
Como foi a conquista do título do Mundialito pelo Vasco neste ano?
- Foi algo que eu não esperava na minha vida. Foi uma mudança muito grande. Nos últimos anos, joguei na Itália, em diversos estados do Brasil e sempre tive espaço. Mas sempre fica aquele pensamento de que eu poderia ser convocado. Tive muito apoio da família e dos amigos no período em que fiquei fora. Mas, do nada, surgiu esse Mundialito e tive a chance de jogar pelo Vasco. Ganhamos do Corinthians, Flamengo e Sporting, com vários craques, e foi sensacional. Ser campeão do Mundialito abriu o caminho para a minha volta à seleção.
Em relação à renovação do futebol de areia, qual é o futuro do esporte?
- Para renovar e surgir novos talentos, é preciso investir nos jovens. Cabe à Confederação e às empresas patrocinadoras investirem na base do esporte. Temos que ter um campeonato sub-15, sub-17 e até torneios femininos. O ideal era que essa garotada treinasse num horário perto da seleção principal para ter onde se espelhar. O futuro tem que ser esse.
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