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Beach Soccer: Após Mundialito, modalidade quer Liga e calendário fixo

O 3º Mundialito de Clubes de futebol de areia chegou ao fim no último domingo com a emocionante final entre Flamengo e Corinthians, em uma Arena de Copacabana lotada, que consagrou o time paulista como o mais novo campeão mundial, feito inédito na sua história. Apesar da participação de equipes internacionais - Milan, Peñarol, Al-Ahli e Barcelona - foram os brasileiros que dominaram a competição com seus quatro representantes nas primeiras colocações. Vasco e Botafogo, respectivamente, ocuparam a terceira e a quarta.

No entanto, encerrado o torneio, que levou bom público à arena montada em Copacabana, o futuro dos quarenta atletas participantes destes quatro clubes, que incluem os da seleção brasileira, é incerto. Sem um calendário anual fixo, os clubes enfrentam problemas para angariar patrocinadores que façam da modalidade autossustentável. Hoje, os jogadores que atuam no Brasil recebem por campeonato disputado - a empresa que gere as competições paga cachê aos diretores responsáveis pelo time, que repassam ao plantel - e por patrocínios pontuais que são estampados no uniforme.

Minutos após o encerramento da cerimônia de premiação era possível perceber na conversa entre os jogadores a preocupação quanto ao futuro. Em um determinado momento, um dos envolvidos chegou a lamentar a falta de continuidade e de notícias sobre o que fazer daqui para a frente.

- O mais triste é que você termina um campeonato como esse e não sabe se vai treinar amanhã ou não, nem quando volta. Não há um planejamento a longo prazo - contou um dos finalistas, que pediu para não ter seu nome revelado.

Líder dos clubes por onde passa e melhor jogador da competição, o goleiro Mão contou que ainda não sabe se continuará no alvinegro.

- Vamos dar uma descansada para ver o que vai acontecer em 2014, tenho alguns projetos de vida, mas é esperar o que pode acontecer no futuro - disse o herói da decisão ao pegar dois pênaltis.

Para o técnico campeão, Gilberto Costa, a criação de uma Liga forte e sólida é o caminho para que a modalidade ganhe força e adeptos no país do futebol.

- O mais importante é a gente lutar por uma Liga, por um calendário, para que as equipes possam se manter, pelo menos, por seis, oito meses. É muito difícil manter um trabalho sem uma Liga. Dou parabéns não só a quem ganhou, mas a todas as equipes. O mais importante é lutarmos juntos - declarou o técnico, que já rodou por diversos times do Brasil em um curto período de tempo.

Ao assumir o Flamengo com um grupo desacreditado pelo desempenho abaixo do esperado na 1ª etapa do Circuito Brasileiro de Clubes em Vitória, no Espírito Santo, o técnico Rodrigo "Chumbinho" disse acreditar em tempos melhores para a modalidade, após o sucesso do Mundialito. 

- Recebi um convite uma semana antes da estreia do Mundialito feito pelo Júnior (ex-jogador) e, graças a Deus, fomos bem no campeonato. Foram dois jogos na Globo, exposição boa, e, com certeza, este projeto vai decolar. Temos que ter um calendário para isso acontecer e darmos uma andada neste projeto - afirmou o comandante, que já treinou equipes como Vasco, Botafogo, e é auxiliar de Júnior Negão na seleção brasileira.

E para o sonho sair do papel, o primeiro passo já foi dado. Na temporada de 2014, já estão certas as etapas de São Luís e Manaus do Circuito Brasileiro de Clubes, além de 90% encaminhada a do Rio de Janeiro, que pode ser disputada em uma cidade da Região dos Lagos, ainda sem o nome divulgado ou, até mesmo, em Copacabana. A primeira já aconteceu no Espírito Santo, com a conquista do Vasco.

- No final de maio deste ano, lá em Manaus, nós decidimos fazer o Circuito Brasileiro de Clubes. Provavelmente, teremos a 2ª etapa no Rio em meados de janeiro, depois do Verão Espetacular. Isso ainda não está sacramentado, mas está 90% certo. Ou será numa cidade fora da capital ou na Praia de Copacabana. Depois, em fevereiro, temos a já fechada etapa de São Luís, mas que falta acertar a data. A de Manaus será em março entre os dias 15 e 23 - confirmou o presidente da Federação de Beach Soccer do Estado do Rio de Janeiro (FEBSERJ), Rodrigo Royo.

A expectativa é de que a vinda de mais etapas trará mais visibilidade para o esporte, o que faz o dirigente acreditar que outras prefeituras terão interesse em sediar a competição, fazendo do calendário algo fixo e mais extenso.

- Sou bastante otimista que isso aconteça, pois estamos atrás da Rússia, e a CBF tem interesse. Durante a Copa do Mundo do Taiti, eu conversei com Marin (José Maria Marin, presidente da CBF) e o Marco Polo Del Nero (presidente da Federação Paulista de Futebol e possível candidato à presidência da CBF) e eles deram respostas positivas. Já existem outras prefeituras interessadas em entrar no circuito como Florianópolis, pois eles têm o Avaí e a Chapecoense, e a de Mato Grosso. De maio até agosto é muito difícil fazer eventos no Brasil porque na Europa eles pagam melhor. Seria um calendário entre outubro e abril. Até mesmo a criação de outros campeonatos como uma Supercopa está em pauta. Já temos até um ranking de clubes - explicou.

A ideia dos dirigentes é ter um formato de competição similar ao do Circuito Brasileiro de vôlei de praia e do futsal. De acordo com Royo, a prefeitura de São Luís tem uma estrutura móvel, que poderia ser itinerante.

- Nosso ideal é seguir o modelo e a estrutura do vôlei de praia. Fiquei impressionado com a estrutura deles, como evoluíram. Antigamente, não tinham arquibancada. Agora têm e com cobertura, quatro quadras de aquecimento e placares gigantescos. Em São Luís, já temos uma estrutura móvel que pode ser itinerante. A questão estrutural é o nosso custo mais alto, por isso estamos tentando ter nossa própria estrutura. Queria plantar também um evento igual ao do futsal - completou.

Além de fortalecer o futebol de areia masculino nacionalmente, o outro objetivo das confederações e da CBF é divulgar a categoria feminina. Com pretensões de se tornar esporte olímpico, competições para mulheres também fazem parte do planejamento.

- Isso foi algo que pleiteamos fazer. Sem o feminino, nós perdemos muito para colocar o Beach Soccer nas Olimpíadas. No último sábado, nós tivemos a decisão do carioca feminino. Foi muito legal, pois foi na Arena de Copacabana e deu visibilidade - declarou o gerente comercial da FEBSERJ, Pablo Moraes, referindo-se à vitória do Fluminense sobre o Botafogo por 4 a 0.

A reportagem do GLOBOESPORTE.COM tentou entrar em contato com o Coronel Flaviano, responsável pelo futebol de areia na CBF, mas o mesmo se encontra em Dubai, onde a seleção brasileira inicia, nesta terça-feira, sua trajetória na Copa Intercontinental, contra Itália, às 13h15m (de Brasília). O SporTV 2 transmite.

Fonte: ge