Futebol

Bastidores da saída de Gaciba como chefe de arbitragem da CBF

Nos camarotes do jogo da seleção, o erro de arbitragem contra o Bahia diante do Flamengo era um assunto mais comentado do que a partida do time de Tite. O presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, recebia reclamações e conselhos sobre o destino do chefe da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba. Não paravam de pintar alertas em seu celular com mensagens da Bahia, seu Estado de origem, sobre o caso.

Rodrigues percebeu que a situação de Gaciba tornara-se insustentável diante da sequência de erros cometidos pela arbitragem nas últimas três rodadas. No dia seguinte, em reunião, o demitiu para substitui-lo pelo vice Alício Penna Junior.

Mas a realidade é que foi apenas a antecipação de uma decisão já tomada. Gaciba estava com "demitido" há um mês: Ednaldo já tinha decidido pela sua saída no final do Brasileiro. O acúmulo de erros em três rodadas o obrigou a definir pela saída antes.

O processo de desgaste de Gaciba já estava instaurado há quase um ano na CBF. Em janeiro deste ano, dirigentes da CBF e de clubes já diziam que o trabalho do chefe de arbitragem desagradava a quase todos. Entre as críticas, estava o perfil centralizador dele: ouvia pouco os subordinados e decidia escalas de arbitragem sozinho. O próprio Alício Penna Junior, seu substituto, era alijado das decisões.

Gaciba também não gostava de ser cobrado ou de dar satisfação. O presidente da CBF se decidiu pela divulgação dos áudios do VAR, mas ele resistia. Foi contrário a que os vídeos fossem disponibilizados para o público.

Quando não havia mais como barrar, tentou que os áudios do VAR fossem editados. Sua alegação era de que o material vinha da Globo e precisaria passar por cortes. A exibição dos áudios mostrou confusão nas cabines das equipes escaladas por Gaciba.

Um dos motivos da longevidade do chefe de arbitragem foi a turbulência no próprio poder na CBF. O ex-presidente Rogério Caboclo deixou a entidade no meio do ano, Ednaldo Rodrigues demorou um tempo a se adaptar. E, como interino, está mais sujeito a pressões de clubes. No final, os erros acabaram com a gestão de Gaciba.

O blog tentou ouvir o ex-chefe de arbitragem sobre sua saída, mas não recebeu resposta ao contato.

Fonte: Coluna Rodrigo Mattos - UOL