Basquete: Treinadores do Vasco participaram de curso de formação da CBB
Os treinadores do basquete vascaíno participaram do Curso de Formação de Treinadores de Basquetebol Nível II, promovido pela Confederação Brasileira de Basquetebol (CBB), através da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol (ENTB). Luiz Brasília, Christiano Pereira, David Gaglianone e Cássio Santos (colocados em ordem decrescente de experiência) tiveram a experiência de participar deste intercâmbio com os mais variados treinadores do Brasil e acompanhar palestras e aulas práticas e teóricas ministradas por importantes técnicos do basquete brasileiro. O encontro aconteceu na Vila Olímpica da Mangueira, no Rio de Janeiro. Profissionais gabaritados como Raul Togni Filho, João Marcelo Leite, André Germano e Walter Roese ministraram as aulas, que englobaram aspectos como desenvolvimento motor, fundamentos coletivos e individuais de ataque e de defesa, arremesso, sistemas de jogo, dribles, rebote etc. Participaram do encontro principalmente treinadores de base, mas também profissionais com nível de Novo Basquete Brasil (NBB) e com muita experiência e passagens pela Seleção Brasileira, como os palestrantes e o próprio Christiano Pereira, treinador do juvenil do Vasco e já com passagens pela Seleção, além de ter treinador por um bom período o time adulto de São Januário. Marcelo Mascarenhas, renomado preparador físico que trabalha atualmente no Vasco e nas categorias de base da Seleção Brasileira, também palestrou no evento, que rendeu certificado aos participantes e ocorreu do dia 14 a 18 de agosto.
Dentre eles, escolhemos para comentar o evento, justamente por ser o menos experiente e estar no começo de sua trajetória nesta função (inclusive, no Vasco ele nem ocupa a função de treinador, mas estagiário, funcionando como auxiliar técnico, embora pela escassez de treinadores nos treinos em muitos momentos ele seja de fato um treinador), Cássio Santos, de 23 anos. Ele possui uma belíssima história no clube. Chegou como jogador da categoria pré-mirim em setembro de 2001, nos áureos tempos do basquete do Vasco, e foi atleta do clube até a categoria juvenil. Não chegou a jogar a categoria adulto por faltar opções no basquete do Rio de Janeiro e achar arriscado sair do estado, optando por estudar. Estudando Educação Física na Universidade Castelo Branco, voltou a jogar basquete no time da UCB, tendo conquistas no meio universitário e também sendo treinado pelo mesmo técnico que o comandou como jogador e com quem agora convive no dia do basquete vascaíno: Christiano, que possui quase trinta anos de Vasco e também atuou no clube como jogador e treinador. Aliás, vale muito a pena ressaltar o riquíssimo histórico que os quatro treinadores possuem dentro do Vasco: os quatro atuaram como jogador do Vasco, a destacar Luiz Brasília, que, possuindo 43 anos ininterruptos de casa, conquistou nove títulos estaduais - isto mesmo, nove títulos - da categoria adulto e também diversos canecos como treinador das categorias de base, exercendo esta função até hoje ao comandar o time infanto-juvenil.
Cássio, em conversa com o Blog CRVG - Em Todos os Esportes/SuperVasco, falou sobre a importância de sua participação num evento desse porte, ainda mais para um treinador em começo de carreira, ressaltando aspectos como o currículo dos presentes e o conteúdo passado nas aulas e palestras:
- Ali era um reduto de conhecedores, amantes e profissionais de basquete, muitos ex-jogadores como eu, iniciando a carreira, e outros já na estrada há mais de 30 anos, como o Brasília. Foi importante em muitas coisas... Alguns conceitos de jogo, algumas táticas, não foram novidades pra mim, pois quando ainda atleta do vasco, e principalmente nas categorias sub-17 a sub-19, vi muitas das coisas com o Christiano, por sua rodagem em níveis de Seleção Brasileira! Tive também a oportunidade de interagir com técnicos de outras agremiações, alguns já tendo jogado contra quando ainda atleta. As trocas de informações foram fantásticas, trocas de métodos, materiais também. Coisas que ouvia quando Brasília era meu técnico há 8, 9 anos atrás são adotadas ainda com muita frequência.
Cássio ressaltou a intensidade com que profissionais gabaritados que trabalham em grandes ligas comandam os treinamentos do cotidiano de uma equipe de basquetebol:
- Gostei muito de ver a intensidade que os palestrantes, mesmo se tratando de palestras, uma coisa mais superficial, sua gana, maneira de trabalho, formas de agir que realmente impressionaram e me fizeram enxergar muitas coisas de outra forma: motivação dos atletas, métodos adotados para diversas situações etc. Um dos principais valores, que me deixaram mais motivado, foi o fato da vibração, motivação, gana com que os caras que trabalham com jogadores de níveis de NBA, ACB (liga espanhola profissional), Seleção dão os treinos, orientam, falam com seus jogadores, o respeito que eles têm... Em um futuro não tão longe meu desejo é estar lá, entre os melhores! Os caras são vitoriosos!
Cássio ressalta a importância que possui em sua formação como treinador a participação de Luiz Brasília e Christiano Pereira (na foto abaixo, Cássio, como jogador, abraçado com o treinador Brasília após a conquista do título estadual da categoria mirim, em 2003). Além de já ter relatado na entrevista o conhecimento que adquiriu enquanto, como jogador, foi treinado por esses profissionais, ele também ressalta o convívio com eles atualmente. Ambos sempre orientam o jovem iniciante na carreira, que cada vez mais vem ganhando o respeito dos atletas:
- Quero enfatizar também que tenho muito que agradecer e me espelhar nas duas pessoas que me orientam a todo momento, me dando a liberdade necessária para eu agir, e aos poucos estou ganhando confiança, estou adquirindo o respeito dos atletas, sem forçar a barra e isso é gratificante. As duas pessoas são Christiano e Brasília. Quero evoluir, e já olhando as próximas clínicas, escolas, quero participar e cada vez aprender mais.
No Vasco desde o ano passado, já no segundo ano como estagiário da comissão técnica, Cássio divide com o treinador David Gaglianone as tarefas no dia a dia dos treinamentos das categorias sub-12, sub-13, sub-14 e sub-15, que acontecem em São Januário (segundas e quartas-feiras no Forninho e sextas-feiras na quadra externa). O sub-17 e o sub-19, comandados respectivamente por Brasília e Christiano, treinam e jogam na Associação de Basquetebol de Veteranos do Rio de Janeiro (ABVRJ), em virtude da escassez da estrutura em São Januário resultante da interdição do ginásio principal, que foi fechado em dezembro de 2011 e ainda aguarda suas obras. Como David acumula várias categorias, no cotidiano Cássio ajuda bastante nos treinamentos, indo muito além de um mero auxiliar técnico. Nos jogos, além de auxiliar os treinadores (em todas as categorias, até no sub-17 e sub-19), ele também em muitos momentos faz as estatísticas. Ele comenta sua participação no dia a dia do basquete vascaíno:
- Posso falar que agora eu estou me sentindo e me comportando mais como treinador e não só apenas um observador/torcedor... Eu como auxiliar tenho que ver o jogo de maneira diferente e isso venho ganhando no dia a dia... Percepção, até mesmo a intuição... a timidez e o medo estão sumindo e isso graças à liberdade, à orientação que Brasília e Christiano vêm passando. Porque você ser jogador é uma coisa, já você ter o feeling de treinador é outra completamente diferente. Em alguns jogos faço a estatísticas para até mesmo servir de parâmetros e buscar sempre o aperfeiçoamento nos garotos, ver a fragilidade em nossa equipe, é uma boa referência. Com tudo, digo que estou ficando mais pilhado, se é que posso classificar assim. Preparando-me melhor psicologicamente e tirando algumas coisas técnicas da clinica, que já escuto desde quando jogador, eu procuro implantar nos treinamentos o modo dos melhores (EUA, europeus) de trabalhar, treino, faço posicionamentos com os garotos sempre mostrando a realidade que encontraremos nos jogos.
Cássio, antes do título estadual do pré-mirim no ano passado, havia conquistado o último título do basquete como jogador: o Estadual das categorias infanto-juvenil e juvenil, em 2007. Nesses cinco anos, o Gigante da Colina não conquistou nenhum título na modalidade na qual é vitorioso desde a década de 1920. Além de não disputar o Estadual adulto desde 2007, e ter que ver o arquirrival Flamengo conquistando oito títulos seguidos, as dificuldades nas categorias de base foram imensas. Aliás, são imensas. Cássio convive com elas diariamente com a base de quem vivenciou o auge o "fundo do poço".
Para finalizar a entrevista, o próprio Cássio relata com suas palavras o longo e rico período em que defendeu o Vasco da Gama como jogador.
2001 a 2003
- Eu cheguei ao Vasco em setembro de 2001, mas nao ia muito aos treinos pois ainda estudava a tarde, e os treinos eram a nesse horário. Mas, já na virada de ano, meus pais me mudaram de turno e já iniciei o ano treinando com o mirim, estando no meu segundo ano de pré-mirim. Fui campeão com o Brasília, em 2003, mirim... Time desacreditado, mas conseguimos conquistar o título dentro de São Januário com a presença do então presidente Eurico Miranda... e Fernando Lima me entregando o troféu de campeão.
Pôster do time campeão mirim em 2003, título lembrado por muito carinho por Cássio (foto: arquivo pessoal)
2004 a 2006
- Para o outro ano, 2004, primeiro ano de infantil, devido às mudanças no Vasco, continuei sendo dirigido pelo Brasília. Fomos eliminados na semi, sendo assim em 2005 também. Em 2005 eu por um período fiz parte da equipe que foi campeã infanto, só não sai na foto (risos)! 2006 foi um ano "morto" para mim, acredito que foi um dos piores como jogador... Muitas lesões.
2007
Pôster do time campeão estadual infanto-juvenil em 2007, último título do Vasco na categoria (foto: site oficial do Vasco)
- Em 2007, já no segundo ano de infanto-juvenil, entrou a técnica Rafaella (Bauerfeldt) e conseguimos o título em cima do Tijuca, que tinha uma folha salarial, investimento já considerável para a idade e ganhamos. E no mesmo ano, 2007, conseguimos repetir a final contra o Tijuca já no juvenil e também ganhamos... Tijuca com uma equipe com muitos jogadores de fora do estado, e ganhamos na raça!
Pôster do time campeão estadual juvenil em 2007, último título do Vasco na categoria (foto: site oficial do Vasco)
2008 em diante: saída do Vasco e começo da faculdade
2008 e 2009 foram bons anos, iniciando minha faculdade. Sem muitas opções aqui no Rio de Janeiro, o jeito se eu quisesse continuar uma carreira seria sair do estado, mas colocando tudo na balança não quis arriscar. De 2010 a 2012, permaneci em atividade somente pela faculdade, e representando algumas entidades, como Marinha do Brasil e alguns outros clubes em campeonatos de pouca expressão. Ainda não encerrei minha faculdade de Educação Fisica, estou correndo contra o tempo, pois as oportunidades vão aparecendo e o quanto antes formado, melhor!
Por João Luiz Mota (jlmc1993@gmail.com)
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Fonte: CRVG - Em Todos os Esportes