Basquete: Ricardinho revela o desejo de jogar com o filho no Vasco
O tempo parece não passar para Ricardo dos Santos, o Ricardinho do basquete. A careca reluzente e o biotipo magro e esguio dos tempos de Botafogo, o primeiro entre os 15 clubes que o ala-armador defendeu ao longo da extensa carreira, continuam iguais. Quase inconfundíveis, não fosse a presença nos treinos do Vasco, no reformado ginásio de São Januário, de um outro armador, 23 anos mais jovem, alguns centímetros mais baixo e muito fios de cabelo a mais. Neste caso, a semelhança não é mera coincidência. Aos 18 anos e no seu último ano de juvenil, Leonardo é o mais velho dos três filhos do camisa 9 vascaíno e um dos quatro atletas da base convidados pelo técnico Christiano Pereira para treinar com o time adulto.
Mesmo sabendo que dificilmente atuará ao lado de Leonardo durante a disputa da Liga Ouro, competição que além do Vasco reunirá ainda Sport (PE), Campos Mourão (PR) e Ginástico (BH) e dará ao campeão uma vaga na próxima edição do NBB, Ricardinho já se sente realizado de estar tendo a oportunidade de dividir a quadra com o filho durante os treinamentos.
Apesar da diferença de 23 anos que o separam, Leonardo mostra bom humor e afirma que nunca duvidou que um dia isso pudesse acontecer.
- Sempre imaginei esse momento, ele não para de jogar nunca. Acho que vai até os 50 (risos). Mas a presença dele é um motivo a mais que tenho para trabalhar melhor, me espelhar no exemplo dele e tentar conquistar tudo que conquistou. Só de poder treinar com ele já é uma satisfação imensa para mim. Poucos têm essa chance - disse o armador de 18 anos.
Embora jogar mais nove anos seja improvável, Ricardinho não pensa em se aposentar agora. Sem nenhum histórico de lesão e inteiro fisicamente, o camisa 9 sonha com o NBB e acredita que ainda tem muito o que dar ao basquete.
- Enquanto estiver com saúde e não tiver roubando, como falamos no jargão do esporte, eu vou continuar. Tenho saúde, nunca tive uma lesão séria, me cuido, os clubes me procuram e ainda sou um jogador de confiança dos treinadores, principalmente do Cristiano, que confia muito em mim. Ao mesmo tempo sei que tudo isso me dá uma responsabilidade a mais. Quero que me cobrem igual os outros, independentemente da minha idade e da minha história. Não quero que pensem no Ricardinho lá de trás, mas esse de agora, o que passou passou. Quero ser cobrado, isso é o que me motiva a melhorar cada dia mais. Eu chuto muitas bolas todos os dias, chego antes de todo mundo e vou embora depois, para mim é um prazer estar treinando - afirmou o camisa 9.
Se tudo isso já seriam motivos suficientes para Ricardinho continuar em atividade, a chance de dividir a quadra com seu filho motivam ainda mais o veterano. Com os olhos brilhando e a atento a cada palavra pronunciada por Leonardo durante a entrevista, o ala-armador vascaíno voltou no tempo e fez questão de lembrar de alguns ex-companheiros importantes no começo de sua carreira.
- É uma emoção única para um pai acompanhar o começo dele numa rotina de time profissional e vivenciar tudo que vivenciei lá atrás com o Carlão, o Evaristo, o Alexey, caras que me ajudaram muito. A história está se repetindo. Hoje o Hélio, o Bruninho e os meninos mais experientes estão me ajudando nesse mesmo processo e eu fico muito feliz dele estar vivendo tudo isso dentro do Vasco da Gama. É o último ano de juvenil dele e só dele poder vivenciar essa rotina de time adulto já é motivo de orgulho e muita satisfação. Falei para ele aproveitar ao máximo porque nem todos têm essa chance - afirmou Ricardinho.
Mas nem sempre ter o pai ao seu lado é uma vantagem. Se as expectativas são enormes, ele garante que a cobrança e as broncas são ainda maiores.
- Nunca me senti intimidado pela presença dele, aqui não me considero filho dele e sim apenas mais um jogador. Mas ele é pior que o técnico, puxa minha orelha e me cobra demais, mas sei que quer o meu melhor. É normal. Quando o Christiano me dá esporro, ele vem e me dá outro por cima cima (risos) - entregou Leonardo.
Fonte: geMais lidas
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