Basquete: Pés no chão e processo a longo prazo. Esse é o lema do Vasco
Pés no chão e processo a longo prazo. Esse é o lema do Vasco nesse retorno ao basquete adulto. Depois de ficar afastado do NBB (Novo Basquete Brasil) desde a edição 2018/19, quando enfrentou problemas como saídas de jogadores e atrasos de salários, o Cruz-Maltino está de volta ao cenário nacional. Para comandar o projeto, o clube aposta no técnico Léo Figueiró. Ex-jogador e treinador do Botafogo, o carioca de 48 anos estava no Corinthians desde 2021.
Ciente do seu papel, o profissional ressalta que não é o momento de iludir o torcedor vascaíno, ávido por conquistas no basquete . Na memória, o início dos anos 2000, quando o Vasco viveu o seu melhor momento, cujo ápice foi o bicampeonato brasileiro em 2000/01. Para a temporada 2023/24, ele promete uma equipe aguerrida e muito trabalho fora de quadra.
- O Vasco tem objetivos bem claros e os principais deles são fora da quadra. Vamos nos estruturar de novo, administrar bem esse departamento do time adulto, montar uma planilha responsável e cumprir com ela. (...) Dentro de quadra vamos ter uma equipe bem aguerrida e, nesse primeiro ano, vamos tentar ao menos participar dos playoffs do NBB.
Confira a entrevista:
Quais são os objetivos do Vasco para este ano de retorno ao basquete?
O Vasco tem objetivos bem claros e os principais deles são fora da quadra. Vamos nos estruturar de novo, administrar bem esse departamento do time adulto, montar uma planilha responsável e cumprir com ela. Acho que ficou uma marca negativa das gestões passadas, com atrasos salariais, então há um compromisso desse pessoal que está à frente do Vasco de fazer uma coisa toda estruturada. Dentro de quadra vamos ter uma equipe bem aguerrida e, nesse primeiro ano, vamos tentar ao menos participar dos playoffs do NBB.
O Vasco está retomando o basquete num momento muito complicado do futebol do clube. Qual é o caminho pra retomar a confiança do torcedor?
Primeiro a gente tem que aliar perspectiva com o torcedor. Por parte do nosso lado a gente tem que aliar essa perspectiva de uma maneira não-enganosa do que está acontecendo. Temos que fazer esse torcedor participar desse processo. Temos que fazê-lo participar desse passo a passo, conscientizando-o que estamos saindo do zero. A atitude do time dentro de quadra vai ser importante, por isso buscamos perfis de jogadores compatíveis com isso para que o torcedor compre a ideia e participe desse processo. A gente tem um problema hoje no Brasil em clubes de futebol e em até outros esportes de cobranças exarcebadas, cobranças até criminosas em cima de resultado. Então é isso, temos que ver exemplos das grandes equipes do Brasil, que costumam dar resultados em trabalho de médio a longo prazo. Seria uma ilusão a gente achar que vai conseguir tudo o que quer nesse primeiro ano. Temos que caminhar com passos estruturados, com compromissos à instituição, à camisa do Vasco, porque tudo é um processo.
Na última temporada do Vasco no NBB, o clube teve dificuldade pra honrar os compromissos com jogadores e comissão técnica. Vocês receberam alguma garantia da diretoria de que isso não vai acontecer?
O que a gente tem no Vasco é uma gestão muito aberta pelo Gegê e pelo Magno, que são as pessoas que estão na parte administrativa. Eles sempre abrem o que está acontecendo. O Vasco hoje monta um time com o dinheiro todo da temporada assinado. Todos os patrocinadores e receitas vinculadas a contratações estão acertadas. A única chance de acontecer algum problema é se alguém que assinou o contrato não pagar. Mas são contratos assinados de patrocínio direto, não tem lei de incentivo e os compromissos já estão sendo pagos. Também sabemos que o Vasco não vai gastar R$ 1,00 a mais do que foi acertado. Saemos que o projeto do Vasco é a médio e a longo prazo e sabemos que, para termos grandes investimentos, é importante honrarmos todos os compromissos nesse início.
Como foi a negociação com o Vasco? Houve alguma conversa sua com o Botafogo antes?
Houve uma conversa minha com o Botafogo sim. Tenho muita proximidade com o Botafogo desde pequeno, o clube queria que eu voltasse, mas eu acredito que o Botafogo nesse momento está num processo que não seria a melhor escolha nesse momento. O Carlos Salomão está fazendo um bom trabalho lá, está tentando reestruturar, mas às vezes você precisa ser um pouco conservador nesse retorno, se você não estiver bem preparado você pode perder a coisa a médio e a longo prazo. Acho que ele está fazendo tudo corretamente, mas eu acho que não seria o momento. O Vasco veio com uma proposta muito interessante, não só pela reestruturação que vem sendo feita como também pelas pessoas que estão à frente como o Gegê, que é um cara muito sério e muito correto. Eu acredito que esse projeto está dando o passo certo para o Vasco voltar e ficar. Esses processos quando são interrompidos são muito doloridos para voltar. Uma das coisas que a gente tem como meta é dar passos bem calculados para termos um retorno duradouro.
Quais são os jogadores já acertados com o Vasco, além dos já anunciados nas redes sociais do clube? Pode adiantar mais nomes?
O time já está praticamente montado. Temos uma ou duas peças para contratar e aqueles que ainda não foram anunciados ainda é por questão de compromissos deles, então a gente tem que esperar isso para não gerar nenhuma complicação. À princípio vamos com esses que foram anunciados aí: Eugeniusz, Cauê Verzola, Humerto, Serjão... Tem alguns garotos que estão jogando a LDB que vão fazer parte do time, então temos que esperar o término dos contratos deles lá. Tem o Fabrício, que veio do Cerrado. A ideia é a gente apresentar um perfil de time com jogadores aptos a encararem esse momento do Vasco. Jogadores que queiram um espaço maior, uma mescla de juventude com experiência num time de camisa. Temos que lembar que num time de camisa as emoções que podem aflorar numa vitória ou derrota são um pouco fora da curva. Então precisamos de jogadores que saibam lidar com os momentos bons e os ruins.
Caso a CBB realize o Campeonato Brasileiro em paralelo ao NBB, qual campeonato o Vasco vai privilegiar?
Isso é uma questão que eu gostaria de deixar para a diretoria. À princípio nada foi anunciado de maneira oficial. De toda forma é a diretoria quem tem que resolver. A minha opinião sobre isso é clara: eu torço incondicionalmente pelo bom senso. No basquete dividido todo mundo sai perdendo. Então a minha expectativa é que os dirigentes de ambas as partes tenham o bom senso e entendam que isso é necessário para o nosso basquete crescer. Não sou partidarista de nenhum lado e torço por um acerto nem que seja com os lados abrindo mão de alguma coisa.
Você é um cara com muita identificação com o Botafogo. Como criar identificação com o Vasco a essa altura da carreira?
Acima de tudo eu sou um profissional da área e que tenho como característica essa minha entrega e movimento grande em todas as equipes em que eu trabalho. Acho que com o Vasco não vai ser diferente. Eu tenho esse know-how de ter trabalhado muito tempo em clubes de futebol, então respeito demais a paixão do torcedor, o amor que o torcedor tem pela camisa e pela instituição. Então, a melhor coisa que eu posso fazer é exatamente isso, o respeito pelos fãs e corresponder isso com muito trabalho, entrega e seriedade.
Onde o Vasco pretende mandar os seus jogos na próxima temporada? E os clássicos?
À princípio eles já estão com conversas adiantadas com o NBB para fazer os ajustes necessários, já estão fazendo obras até, no ginásio de São Januário. Acho importante ter esse vínculo com o clube, de jogar em casa, perto do nosso torcedor, num ambiente favorável. São Januário precisava de ajustes, principalmente nas transmissões, então esses ajustes já estão sendo feitos para adequear às exigências da Liga.
Antes do NBB, devemos ter o Campeonato Carioca. É possível quebrar a hegemonia do Flamengo (campeão das últimas 17 edições) já nesse momento?
Os momentos dos dois clubes são completamente diferentes. Pelo lado emocional, você fala que vai ser um jogo aguerrido, disputado e etc. Mas pelos momentos de projeto é um projeto que está há 500 anos com um investimentos gigantescos, o maior do Brasil desde 2007, contra um projeto que está voltando agora. Só que com certeza não vai faltar o charme do derby, a disputa das duas camisas dentro de quadra.
Fonte: ge