Basquete: André Barbosa comenta contratação do novo técnico da Seleção
Nesta terça-feira, a Confederação Brasileira de Basketball anunciou o croata Aleksandar Petrovic como o novo técnico da seleção. A chegada de mais um treinador estrangeiro para dirigir o Brasil dividiu opiniões entre os técnicos do Novo Basquete Brasil, a elite da modalidade no país. Alguns acreditam que já existam brasileiros preparados para o cargo, e que o momento seria propício para a escolha de um nome local de consenso. Outros citam que a escolha da CBB foi acertada, e que os profissionais daqui precisam aprender com os comandantes de fora para que um dia possam tomar as rédeas.
José Neto, do Flamengo, que inclusive foi citado por quase todos os treinadores como um dos possíveis nomes prontos para dirigir a seleção brasileira, diz se sentir motivado com a lembrança de companheiros de profissão, e porque não, concorrentes futuros ao mesmo cargo. E também garantiu que não se sentiu preterido com a escolha por Petrovic. O treinador Rubro-Negro fez parte da comissão técnica de Rubén Magnano e dirigiu o Brasil em alguns torneios, mas desde a escolha de César Guidetti para a AmericaCup, ficou claro por parte da CBB que ele não seria uma opção.
- É difícil falar. Somos técnicos e não comentaristas. Não temos poder de escolha. Nós, que vivemos do basquete, que trabalhamos por um basquete melhor, sentimos uma necessidade de ter que trabalhar um pouco mais. Parece que ainda não temos essa capacidade. É o que vamos fazer. Para que um dia alguém possa ter uma confiança, credibilidade. Depois de dez anos com técnicos estrangeiros. Moncho (Monsalve), Magnano (Rubén)... Temos que trabalhar ainda mais para ter a confiança das pessoas que escolhem os técnicos da seleção brasileira. Mas isso não impede de torcer a favor. Quanto melhor o resultado do nosso basquete, melhor para quem trabalha aqui no Brasil. Vamos torcer muito. Não me senti preterido, seria feio da minha parte. Passei muitos anos na seleção, em comissões técnicas. Seria feio não ser grato à CBB - disse José Neto.
Demétrius Ferracciú, técnico do Bauru: "É um treinador experiente, que vai trazer sua bagagem para o Brasil. Tem um tempo de adaptação, da filosofia de trabalho, mas torcemos para ter bom resultado, classificar para o Mundial e depois para a Olimpíada. Já estive lá e sei a importância do Brasil ir bem"
Outro nome citado, Guerrinha, do Mogi, chegou a ser tratado como o favorito para assumir a seleção brasileira logo após a eleição da nova chapa presidida por Guy Peixoto. Para ele, o Brasil já tem profissionais preparados para o cargo. Guerrinha lembra que já enfrentou Petrovic como jogador e elenca suas qualidades, apesar de ter posição firme de que os brasileiros mereciam uma chance desta vez.
- Temos vários capacitados, que estão aí, disputando o NBB, preparados e mostrando seus trabalhos à nível Mundial, Sul-Americano.... Trabalhos consistentes. Eu sou fã da escola da antiga Iugoslávia, de onde o Petrovic é oriundo. Conheço ele de jogar contra, desde a Universíade, fizemos dez jogos contra Iugoslávia aqui também, depois o Mundial da Espanha. Vi o trabalho dele na Croácia. É competente, sério, trabalhador, mas acho que o momento, pelo calendário mundial, pela forma de disputa, poderia sim dar chances a um técnico brasileiro. Colocaria aqui o Neto (José, do Flamengo), o Gustavinho (De Conti, do Paulistano), que poderiam conduzir esse momento difícil. A decisão não é nossa, não fomos consultados. Devemos apoiar quem está lá, mesmo não concordando. É importante para o basquete brasileiro, que está acima de todos - garante.
Márcio de Andrade, do Botafogo, é outro a citar que os brasileiros deveriam ter sido lembrados desta vez. Alberto Bial, técnico do Basquete Cearense, também defendeu a causa. Para o comandante, teria chegado a hora de ter como treinador do Brasil uma pessoa que conhecesse bem a modalidade e os atletas e que acendesse a chama nacionalista, sem preconceito com a nacionalidade de Petrovic.
- Temos que unir forças. Eu esperava, nesse momento, uma solução, sem falar em causa própria, até uma possibilidade de pela primeira vez, depois de 40 e poucos anos, estar na mira. Ou o Neto, ou o Gustavo, Demétrius, Guerrinha. Para ter aquela flama de um personagem brasileiro. Nada de preconceito, nacionalismo ou xenofobia. O Petrovic conhece muito basquete, sou fã dele, do irmão dele. Do jeito que se joga nos países que se desmembraram da Iugoslávia. Mas queria aquele amor pelo Brasil. Aquele conhecimento dos jogadores que nasceram aqui, que vimos crescer. Não aconteceu, mas está muito bem entregue. Ele vem da nata do basquete europeu - cita Bial.
Régis Marreli (técnico do Vitória): "Ele é um grande técnico, o Rubén Magnano também era. Petrovic vai trazer muita coisa, mas o nosso problema é lá embaixo, na base. Não tem mágica. Ninguém tem pózinho mágico. Tem que ter trabalho com garotos de 12 anos, para daqui oito anos ter uma geração. Foi uma escolha, não discuto, mas poderia ser outros técnicos brasileiros, o José Neto poderia ter tido essa oportunidade, era o cara mais próximo se fosse um brasileiro"
Flávio Espiga, do Minas, preferiu o tom conciliador. Citou os brasileiros, mas lembrou que neste momento é preciso apoiar qualquer que fosse a decisão. Já André Barbosa, treinador do Vasco, foi firme ao dizer que os brasileiros, assim como ele, ainda estão um passo atrás do basquete que é jogado no mundo inteiro.
- Acho válido. Ele tem cancha para vir. Competiu em alta performance. Nas duas últimas competições com a Croácia, vimos como era competitivo. É uma cultura diferente, temos que saber o que realmente ele vai querer. Os atletas precisam se adequar ao estilo dele. É mais difícil para ele com a nossa cultura. Ele vai ter que sentir. Foi uma escolha boa. O Brasil ainda precisa desse intercâmbio estrangeiro. Eu vejo a gente atrasado em vários aspectos. Para todos os técnicos, desde a base. Temos que ser humildes para entender em que patamar estamos. Muito atrás em termos de prática e cancha de quadra, do que está acontecendo no mundo. Temos individualidades, mas a chegada dele vai ser importante para o conjunto. Para um passe a mais, coletividade. Croatas, sérvios, todos dão uma aula de basquete coletivo - pontuou Dedé.
Aos 58 anos, Aleksandar Petrovic era técnico da Croácia, e deixou a seleção do seu país após a eliminação nas oitavas de final da EuroBasket para a Rússia. No ano passado, dirigiu os croatas na Rio 2016 e venceu a seleção brasileira no duelo pela primeira fase. Em suas primeiras palavras como comandante do Brasil, ele garantiu que atletas que não jogarem as Eliminatórias estão fora do Mundial e de uma possível Olimpíada. E citou que o basquete brasileiro precisa evoluir, pois marca muito mal.
Fonte: ge