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Auditoria KPMG também foi pivô para racha da diretoria do clube

O racha político no Vasco caminha para um pedido de impeachment do presidente Alexandre Campello. O processo é arquitetado pelo grupo Identidade Vasco, de Roberto Monteiro, mandatário do Conselho Deliberativo. Algumas razões estão sendo enumeradas pelos ex-aliados para oferecer a denúncia e levar o caso ao plenário - a venda de Paulinho e parte do dinheiro da negociação de Douglas estão entre elas, conforme mostrou o UOL Esporte. Mas nem tudo parece um cenário devastador para Campello. A reportagem apurou que os agora inimigos também estão em situação delicada.

O abandono de 13 vice-presidentes não assustou Alexandre Campello. Mesmo isolado na gestão, ele sustenta o discurso de "limpar o clube" nos bastidores, enquanto os ex-aliados o acusam de falta de transparência. Por sua vez, o presidente repassa que Roberto Monteiro, o ex-vice de futebol Fred Lopes e outros integrantes do grupo "Identidade Vasco" não aceitaram bem o fato de a presidência decidir abrir as contas do Vasco para apurações independentes.

Monteiro não comprou a ideia de facilitar a entrada dos novos sócios e dificultou todo o processo que Alexandre Campello defendia, entre eles a anistia de sócios devedores e o parcelamento do valor para a compra de novos títulos do clube. O mandatário cruzmaltino também colocou a empresa de auditoria KPMG em setores importantes como secretaria, cobrança e operações de jogo. Todos controlados por Roberto Monteiro, que entendeu aquilo como a gota d'água do desgaste.

Fred Lopes ainda tentou contornar os problemas, mas a venda de Paulinho definiu a questão. O fato de Campello ter conduzido o processo sozinho e negociado a principal promessa do clube por um valor menor do que a multa rescisória causou a saída daquele que era um amigo de anos. Tudo ruiu na administração desde então.

Enquanto isso, a crise seguiu nos bastidores e nenhum dos vice-presidentes do grupo Identidade Vasco aceitou dialogar com a auditoria KPMG: "Esses caras não sabem o que é o Vasco, não é assim", disse um dos vices que colocou o cargo à disposição.

A revolta não adiantou. A KPMG passou a ter acesso a computadores, documentos, armários e gavetas de São Januário. Isso deixou Roberto Monteiro inconformado e resultou em um processo de debandada na administração.

Se Campello está isolado e com menos de 10% das cadeiras no Conselho Deliberativo - cerca de 20 em um cenário de 300 -, Roberto Monteiro também vê a manobra para tentar o impeachment do ex-aliado em risco. A rejeição do grupo Identidade Vasco ao processo de auditoria no clube é vista da pior forma possível pelos outros grupos políticos. Assim, conseguir 2/3 dos votos para tirar Campello do cargo se torna missão quase impossível. 

Fonte: UOL Esporte