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Atleta da base vascaína sofre racismo por jogadores do rival

Jogadores da base do Fluminense praticam racismo contra atleta da base vascaína.

Numa live, atletas do tricolor carioca proferem palavras de caráter amplamente racista contra um atleta da base do Gigante da Colina. É possível entender o seguinte na conversa:

“mas calma ai, ele fez todos os gols, so que nós ganhou né.
Igual um macaco ele é também, fei aquele cara.
Mas ele é fracão aqui mano, faz nada aqui mano.
Ó o matheus hahahaa“.

A intenção racista dos atletas foi descoberta pelo professor de Educação Física William Correia e exposta a situação no seu perfil do Twitter. O professor deixou claro que a intenção não era a de destroçar a reputação dos garotos, mas sim a de levantar um debate que pudesse educar numa perspectiva antirracista para que não tal gesto não se repetisse.

Um dos atletas presentes no vídeo ainda tentou argumentar para o professor:

“É uma brincadeira que existe entre os jogadores. Você nunca deve ter jogador bola por isso não deve saber“. Tal argumento não pode ser aceito, pois palavras racistas muitas vezes se escondem sob uma piada naturalizada e encarada como diversão. Só os negros sabem pelo que passam todos os dias nesse país profundamente racista.

Nas últimas horas, o atleta do Fluminense, que se chama Kauã Elias, publicou a seguinte postagem:

“Fala galera passando aqui pedir desculpas porque errei feio ao chamar meu parceiro de profissão de macaco na live. Na verdade fiz uma comparação em relação ao tamanho e força dele. Sou negro, minha família é negra e entrei no erro de usar esta palavra, que infelizmente ainda é comum no meio do futebol e não deveria mais estar sendo falada em lugar nenhum. Estou muito triste por ter errado, mas vou aproveitar este momento para crescer como pessoa e quem sabe ajudar ao meio do futebol evoluir também na luta contra o racismo e na conscientização de que existem palavras que ofendem e não podem mais ser utilizadas“.

O jornalismo é um discurso que desconfia de outros discursos. Esse garoto pode ter sido orientado por algum advogado do Fluminense ou até mesmo por um eventual empresário seu, pai, mãe, familiar? Sim. No entanto, espera-se que a repercussão negativa de tais palavras possa levá-lo à reflexão de que o outro é oprimido por algo que é dito por alguém que encara essa mesma palavra como normal no mundo do futebol. Que esse garoto aprenda que a vida do outro não cabe em brincadeiras.

Fonte: Papo na Colina (texto), X William Correia (vídeo)