Futebol

Atacante que jogou na base do Vasco explica fato inusitado ocorrido no MS

O que leva um jogador de futebol a furtar uma TV de um clube? Segundo Gilson Júnior, conhecido como Juninho, foi um ato de desespero. Ao ge, o atacante ex-Vasco deu sua versão sobre o inusitado fato durante a semana e fez várias acusações contra o Coxim, time que defendeu no Campeonato Sul-Mato-Grossense e foi rebaixado.

Juninho, de 25 anos, levou a televisão do alojamento onde o elenco estava como “pagamento” depois da queda do clube no estadual. Ele se arrepende do que fez, mas denuncia a diretoria por abandono dos atletas.

– A ‘tia’ da cozinha não recebeu nenhum dinheiro, e eles (dirigentes) ficaram com todo o dinheiro – conta o atacante.

“Sei que o que eu fiz foi errado, pegar algo que não era meu, mas foi uma atitude de necessidade, eu não tinha dinheiro pra ir embora”, declarou o jogador.

Juninho atuou em oito dos nove jogos do Coxim no Sul-Mato-Grossense. Segundo ele, a pré-temporada ocorreu sem problemas. No entanto, após o início do campeonato, os jogadores começaram a sofrer com falta de alimentos, pagamento e tudo relacionado à logística.

– Algumas vezes tínhamos que dar o nosso jeito para comer. A partir do início do campeonato, tudo começou a desandar, porque não tínhamos nem um ônibus para viajar. Uma parte viajava de van, e o resto ia em dois ou três carros, onde não davam nem um lanche para a gente comer, só davam as refeições que a federação liberava – relata o atleta.

“Quando chegou o dia do pagamento (dia 5), o Juninho (Presidente), e o Anderson (Diretor), adiou a data do pagamento para o dia 10, e depois para o dia 15, e logo após o dia 15. Falaram que não iam pagar, porque não tinham condição”, denuncia o ex-Vasco.

“O presidente vivia esbanjando”

O ge procurou Antônio Júnior, presidente do Coxim, que ainda não respondeu ao contato. Um membro do clube, que preferiu não se identificar, contou que a acusação de abandono e descontentamento não procede. Ele alega que o elenco nunca ficou sem alimento, medicação e até mesmo dinheiro.

— O atleta que furtou a TV recebeu vários PIX [...]. Não sou presidente, mas fiz muito por eles. Após os jogos, tinha bebedeira no alojamento. Rebaixaram o time por falta compromisso — relatou.

O atacante Juninho, no entanto, diz que a diretoria ficou com parte da arrecadação em bilheteria e não cumpriu as promessas de pagamento ao elenco.

“O presidente vivia esbanjando, e gastando à vera em festas, e até mesmo nas viagens”, diz o jogador.

– O Antônio Mascarenhas, o Baiano (Diretor financeiro), primeiramente ofereceu um “bicho” de 3 mil para nós atletas. Foi cumprido (com a ajuda de externos), que foi dividido para 21 atletas. Depois, ele fez um compromisso com alguns atletas com as passagens, dizendo que iria ajudar com o dinheiro da bilheteria do jogo (contra o Naviraense). Quando os atletas falaram com o Baiano, ele disse que o presidente pegou metade do dinheiro da bilheteria, e a outra metade ele iria pagar o salário da cozinheira.

Os jogadores do Coxim foram dispensados depois do rebaixamento no estadual, no último fim de semana. Segundo a diretoria, a liberação em caso de descenso estava acordada com o elenco. Juninho diz que muitos atletas não tinham condições de arcar com as passagens para deixar a cidade.

– Na segunda-feira (dia 3), os atletas que tinham o acordo com o Baiano ligaram para ele, e ele falou que não tinha mais compromisso. Os atletas ficaram sem o que comer, e sem o dinheiro da passagem que foi prometida.

Foi quando Juninho furtou uma televisão de 42 polegadas do alojamento. O dono do local registrou um boletim de ocorrência de roubo, e o jogador foi localizado em um ônibus, que seguia rumo a Rio Verde de Mato Grosso, e conduzido à delegacia de Coxim. O atacante foi ouvido e liberado após a devolução do objeto.

– Joguei seis anos no (base) Vasco, Flamengo, Boavista... peço desculpas a todos os torcedores do Coxim pela falta de respeito que tive ao clube, mas foi um ato de necessidade para ir embora! Já devolvi a televisão e, graças a Deus, consegui ajuda de pessoas boas para ir embora – conclui o jogador.

Juninho, de 25 anos, passou pela base do Vasco e outros clubes cariocas, atuou no Nação, de Santa Catarina, Itapirense, do interior paulista, e no São Cristóvão antes de chegar ao Coxim.

Campeão sul-mato-grossense em 2006, o Coxim foi o penúltimo colocado do estadual e voltou a ser rebaixado, depois de quatro temporadas na elite. A equipe teve apenas duas vitórias, um empate e seis derrotas nas nove partidas da primeira fase.

Foto: Guilherme Almeida/São Cristóvão

Fonte: ge