Artilharia, defesa menos vazada e série de vitórias
Calejado com as últimas campanhas e seguidas crises de ordem financeira e política, o mais fanático dos vascaínos jamais arriscaria que em 2020 o clube chegaria à quarta rodada do Campeonato Brasileiro com as seguintes credenciais: líder da competição com um jogo a menos, dono do ataque mais positivo e da defesa menos vazada. Para completar, dois dos artilheiros da competição, Germán Cano e Fellipe Bastos, carregam a Cruz de Malta no peito.
Vasco goleador
Acostumado às glórias do passado, o torcedor do Vasco começa a sonhar com marcas que não ostenta há muito tempo. O último brasileiro, por exemplo, foi conquistado há 20 anos e com direito a show de Romário em final contra o São Caetano. Aliás, o Baixinho também é quem garantiu a última artilharia do clube na competição, em 2005, quando fez 22 gols. Isso aos 39 anos!
Fã do eterno 11 da Colina, Cano tem média de gols (0,75 por jogo - 12 marcados em 16 partidas) e ambição que Romário assinaria embaixo. Em entrevista à Vasco TV concedida dois meses atrás, disse que sonha ter uma estátua em São Januário.
- Para mim é um orgulho muito grande poder pertencer à instituição que viu Romário crescer. Ele fez muitos gols aqui pelo Vasco, deu muita alegrias para as pessoas. Da minha parte vou sempre buscar fazer um pouquinho do que ele fez, sempre buscando dar alegrias para as pessoas, o que é o principal.
- Quero poder me superar, fazer história com o Vasco. Por qual motivo não sonhar com uma estátua aqui amanhã? A verdade é que os sonhos são feitos para serem realizados. Espero fazer muito história aqui no Vasco.
O excelente início ofensivo do Vasco no Brasileiro, com média superior a dois gols por jogo (sete anotados em três partidas) contrasta com os péssimos números que apresentou antes de Ramon Menezes assumir. Com Abel Braga, foram oito gols em 14 confrontos. Com Ramon, são 11 em cinco.
Líder após oito anos
Ao bater o Ceará, o Vasco voltou a ser líder do Brasileiro após oito anos. Isso não acontecia desde a quinta rodada da edição de 2012. Na temporada em questão, o clube sustentou 100% de aproveitamento até o quarto jogo, algo que pode igualar no próximo domingo.
Em relação ao número atual de jogos, em 2012, o Vasco teve campanha quase idêntica. Os mesmos nove pontos conquistados e sete gols marcados, porém com três gols sofridos, dois a mais do que levaram os comandados de Ramon. O volante Fellipe Bastos fez parte daquele grupo.
Defesa menos vazada: Castan cita passado individual para motivar companheiro
Dono da melhor defesa do Brasileirão 2020 com apenas um gol sofrido, o Vasco não termina uma competição como equipe menos vazada desde 1998, quando levou 24 em 23 partidas.
Principal líder do elenco vascaíno, o zagueiro Leandro Castan, que tem o hábito de colocar as metas coletivas na frente das individuais, não esconde que a possibilidade de terminar a competição como a defesa menos vazada o motiva bastante.
Recorre ao próprio passado com as camisas de Corinthians e Roma para traçar metas não apenas pessoais, mas também com o objetivo de estimular Ricardo Graça, prata da casa vascaína e jovem em franca ascensão dentro da Colina.
- Como zagueiro, meu principal objetivo é não tomar gol. E para não tomar gol, eu preciso do meu time todo concentrado na fase que a gente não tem a bola. É claro que eu gosto desses dados, eu tenho alguns históricos junto com os meus companheiros. Em 2012, eu participei da defesa que é até hoje a menos vazada da história da Libertadores. Lembro que na Itália, na temporada 2012/13, nos 10 primeiros jogos a gente tomou apenas um gol.
- Falei isso com o Ricardo: "Ricardo, em 2013 a gente ficou 10 jogos e tomou um gol, vamos bater esse recorde aí". Infelizmente teve um pênalti que o juiz deu no ultimo jogo (contra o São Paulo) e não vamos conseguir bater, mas vamos tentar chegar ai. Acho que quando a gente não toma gol, com a qualidade que nós temos la na frente, a gente está muito mais perto da vitória.
No discurso oficial, os jogadores "evitam o inevitável" oba-oba que acompanha as vitórias e marcas positivas, mas o início de Ramon Menezes à frente do Vasco, mesmo em meio a dificuldades financeiras e limitações do elenco, permite sim ao torcedor vascaíno sonhar com a volta dos dias gloriosos. Os rivais estão oscilando, e o momento é esse. Será a hora da virada? Aguardemos os próximos capítulos.
Fonte: geMais lidas
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