Após meses, Vasco e Flu voltam a duelar no Maracanã sem briga por setor
Último encontro entre os rivais foi em fevereiro na final da Taça Guanabara, que chegou a correr risco de ser disputada sob portões fechados e resultou em briga entre torcedores e PM.
Fluminense e Vasco voltam a se enfrentar no Maracanã neste sábado, às 19h, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Desta vez, o clima fora de campo tem tudo para ser bem diferente do último encontro entre os clubes, há pouco mais de oito meses, em 17 de fevereiro, na final da Taça Guanabara.
Daquela vez, uma disputa pelo Setor Sul das arquibancadas que acabou nos tribunais quase fez com que o clássico acontecesse de portões fechados e resultou em pancadaria entre torcedores e policiais militares nos arredores do estádio. O público, maioria vascaíno na ocasião, acabou entrando apenas no fim do 1º tempo.
O clássico do 1º turno foi disputado em São Januário, Neste sábado, o Flu é o mandante da partida e os torcedores tricolores ficarão no Setor Sul do Maracanã, à direita das tribunas de imprensa, enquanto a torcida vascaína ficará no setor de visitante, do lado esquerdo (Setor Norte).
E para o Carioca 2020, a briga pelo Setor Sul não deve mais ocorrer. Neste ano, o Governo do RJ rompeu o contrato com a consócio que administrava o Maracanã. E na sequência, a dupla Flamengo/Fluminense foi escolhida para gerir o estádio por seis meses - concessão renovada pelo mesmo período recentemente.
Além disso, no regulamento da próxima edição do Estadual, foi retirado o artigo que determinava o Maracanã como "campo neutro". Desta forma, a escolha do lado das arquibancadas fica submetida às regras de seus administradores.
- A discussão do lado não é uma guerra de prestígio. Não é por nenhuma questão pessoal, ou clubística, ou para prejudicar esse ou aquele clube. É uma questão comercial. Não existe hipótese jurídica de um regulamento interferir nisso. O Maracanã já não é campo neutro há bastante tempo. Ele é de Fluminense e de Flamengo. Temos uma permissão de uso que foi prorrogada. Pagamos para jogar ali, custeamos o estádio - declarou recentemente Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, após o Arbitral da FERJ.
- Não há nada pessoal contra o Vasco. Mas a questão é simples. Não existe lógica de o dia que eu jogo uma decisão, eu tenho que me deslocar, fechar minhas lojas, para atender reivindicação baseada em história? O Maracanã mudou desde a reforma. Botafogo e Vasco não fizeram questão de estar lá porque usam seus estádios. Flamengo e Fluminense fizeram acordo e têm obrigações contratuais. O presidente (da Ferj) foi muito claro no sentido de que se o Vasco quiser mandar seu jogo lá, terá que cumprir as regras comerciais do estádio. Se preferir mandar em outro lugar, fica à vontade, a gente vai para lá e joga - completou o dirigente.
Relembre toda a polêmica
Fluminense e Vasco passaram a ter divergências pelo lado direito das arquibancadas em 2013, quando o Tricolor assinou contrato com o antigo consórcio que administrava o estádio, em que ficou definido que o clube utilizaria o Setor Sul do estádio, à direita das cabines, e o Flamengo, outro que havia assinado contrato com a empresa, o Setor Norte.
Antes disso, Fla e Flu ficavam preferencialmente no Setor Norte, e Vasco e Botafogo, no Sul. E o Cruz-Maltino desejava manter esta divisão, argumentando ter direito histórico. Na abertura do Maracanã, em 1950, ficou decidido que o campeão carioca teria o direito de escolher onde posicionar a torcida, e o Vasco ficou com o título.
De lá para cá, o Vasco evitou mandar jogos contra o Flu no local, e, nos poucos jogos que mandou, mesmo com a divergência e com polêmicas, a torcida tricolor acabou ficando no Setor sul. Na Taça Guanabara deste ano, porém, o panorama mudou.
Com o Vasco sorteado como mandante, Alexandre Campello, presidente do Cruz-Maltino, se assegurou com a Ferj e com o consórcio que administrava o Maracanã de que poderia utilizar o lado direito pela interpretação do regulamento, recebeu resposta positiva, e iniciou as vendas para seus torcedores, surpreendendo o Tricolor. Como pano de fundo, estava o desgaste da relação do Consórcio com o Flu, em razão de inadimplência.
O Fluminense, então, entrou na Justiça e obteve uma decisão a seu favor para usar o setor. Uma reunião entre clubes, federação e consórcio foi realizada na véspera da partida e não houve acordo. O clima entre os clubes que já não era bom piorou depois que o então presidente tricolor, Pedro Abad, contrariado, convocou em coletiva os torcedores para "guerra", no sentido de comparecer ao estádio mesmo no setor norte. Alegando omissão do contrato e "risco iminente de conflitos", a Justiça determinou então que a decisão fosse com os portões fechados.
O Vasco entrou com um pedido para tentar reverter a decisão, mas teve o pedido negado. Uma reunião de emergência na Ferj foi convocada para a manhã de domingo e também não houve acordo. O Cruz-Maltino assumiu o risco processual e bancou a abertura dos portões e os torcedores, a maioria vascaínos, seguiram para o Maracanã.
Porém, precisava-se de um parecer da Justiça para a liberação. E com a proximidade da partida, iniciou-se o tumulto entre torcedores e PM. A torcida só entrou no estádio com a bola rolando após o desembargador de plantão determinar a abertura dos portões alegando "calamidade instaurada, com tumultos, confusões e brigas". Os torcedores que entraram viram o Vasco vencer por 1 a 0 e conquistar a Taça Guanabara.
A partida entre Vasco e Fluminense deste sábado não vale taça, mas respiro na luta contra o rebaixamento. O duelo está marcado para as 19h, (de Brasília), no Maracanã. No Z-4, o Tricolor precisa vencer para não se complicar ainda mais no Campeonato Brasileiro. Já o Cruz-Maltino, que ainda não se salvou, também precisa de um resultado positivo para respirar mais aliviado.
Fonte: (ge)Mais lidas
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