Futebol

Após começo difícil no Vasco, Barreto é artilheiro no América

A carreira do meio-campo Allan Barreto tinha tudo para ser mais um destes clichês do futebol brasileiro. Como atacante, foi promessa na base do Olaria, chegando a marcar 34 vezes em um estadual de juniores. Rapidamente foi alvo da cobiça de um grande, o Vasco, clube no qual se profissionalizou em 2004 e não conseguiu corresponder às altas expectativas - começando a escrever o roteiro da carreira de forma pouco criativa.

Após quatro anos no clube, inclusive fazendo parte do elenco do inédito rebaixamento para a Série B do Brasileiro, Allan iniciou mais uma etapa comum: a peregrinação. Em três anos, vestiu a camisa de seis clubes em vários cantos do país: Atlético Tubarão (SC), América (RJ), Vila Nova (GO), Cabofriense (RJ) e Olaria (RJ). No entanto, quando o livro da carreira chegava às suas páginas centrais, o autor mudou o rumo da história. O meia voltou ao América e vive hoje a sua melhor temporada, aos 28 anos: é o artilheiro da Série B do Carioca, com uma média de 1,21 gol por partida.

O início frustrado da carreira, com passagem discreta pelo Vasco, não é um peso para Allan. Pelo contrário, o jogador enxerga com naturalidade a imaturidade da época. Ele, inclusive, lembra que já teve uma passagem ruim pelo próprio América.

- Não penso muito nisso. Sempre tentei fazer meu melhor em todos os clubes que passei. A situação no Vasco não era muito boa. Era um tempo difícil e, além disso, o elenco era muito grande, o que diminuía as chances na equipe. Hoje eu tenho maturidade e enxergo com naturalidade. Não fica na minha cabeça que preciso de qualquer forma voltar ao Vasco e escrever uma nova história. Se isso acontecer, tudo bem. Só lembrar que a mesma situação aconteceu no América, quando passei aqui pela primeira vez. Agora é a situação é diferente - disse o jogador.

Apesar da tranquilidade, Allan quer mesmo é viver o bom momento da carreira. Com 17 gols, o meio-campo é o grande nome da Série B do Carioca. Em 14 jogos, ele deixou sua marca em dez partidas. Além disso, em seis oportunidades, o jogador marcou mais de uma vez no mesmo jogo. Em uma delas, contra o Barra Mansa, Allan marcou três vezes e pediu música. Outro dado chama a atenção nos gols de Allan. Em seis partidas, o meio-campo marcou gols que decidiram empates ou vitórias do América. Contra a Portuguesa, principal adversário no geral, Allan fez dois e garantiu a vitória por 2 a 1.

No entanto, nem só de números expressivos vive o meio-campo. Curiosamente, nas duas maiores goleadas do America nesta Segundona, contra o Serra Macaense (8 a 1) e Barra da Tijuca (5 a 0), Allan foi discreto e marcou apenas uma vez.

- Mas eu não fico feliz somente pelos gols que faço, e sim pela qualidade da movimentação nos jogos. Já dei sete assistências, e isso também me deixa feliz. Eu fico contente em ganhar, tirar uma bola que seria gol. Eu sou fominha. Curioso é que nas goleadas eu não marco muito. Eu procuro aproveitar todas as chances que aparecem, mas nas goleadas eu tenho ficado de fora - disse entre risadas.

Os números fazem Allan sonhar. O jogador se esquiva sobre possíveis propostas, algumas até mesmo de clubes que disputam a Série A do Brasileirão. Informações nos bastidores do clube dão conta de que o Criciúma estaria interessado no jogador. No entanto, o sonho do meio-campo é atuar no futebol internacional.

- Eu sou um sonhador. Sonho bastante. O América é um grande clube, mas eu também quero voos mais altos. Grandes clubes e, quem sabe, poder jogar lá fora. Não estou sabendo sobre propostas. Vieram me falar que alguns clubes estavam interessados, mas o que eu sei é que eu sou jogador do América. Me preocupo apenas dentro de campo - despista.

Allan veste atualmente a camisa 11 do America. E o número escolhido não é por acaso. Fã do ex-atacante Romário, o meio-campo homenageia o craque a cada gol marcado com a camisa do clube de coração do pai do jogador tetracampeão mundial.

- Como atacante, ele foi o melhor na história do futebol. É um prazer vestir não só o número que marcou a carreira dele, mas também vestir uma camisa que ele próprio já vestiu. Romário era o cara. Me espelho nele - finalizou o atacante.

O América e Allan Barreto voltam a campo no próximo sábado para enfrentar o Paduano, em Santo Antônio de Pádua, pela sétima rodada da Taça Corcovado, segundo turno da Série B do Carioca. O Mecão é o líder da classificação geral da competição. O acesso para a elite do futebol do Rio de Janeiro será decidido em um triangular, que vai reunir os campeões do primeiro e segundo turno, mais a equipe de melhor campanha somando os dois turnos. Ao fim, os dois melhores no triangular conquistam o acesso.

Fonte: ge