Futebol

Ao longo da história, pernambucanos deram sorte ao Vasco

Eu sou do tempo em que pênalti era gol certo. O cobrador era sempre um cara frio, que jogava a bola onde o goleiro não conseguia nunca pegar. Como dizia o cracaço Giovani: \"pênalti a gente chuta na costura da rede; Ali, bem no cantinho, mirando exatamente a junção da parte lateral com o fundo da rede. Goleiro nenhum pega.\" Eu me lembro que, terminados os treinos em São Januário, o pequeno Giovani e o gigante goleiro Acácio ficavam treinando cobranças de pênaltis. À exaustão. Para a coisa não ficar monótona eles apostavam refrigerantes. Resultado – Giovani era mestre cobrador e Acácio mestre pegador de pênaltis. Um aprendia com o outro. A malandragem do cobrador e os segredos do pegador. Não era treinamento secreto, não. Quem quisesse poderia ficar la assistindo. Era, simplesmente, o trabalho de dois profissionais que levavam a sério o que faziam.

Mas, as coisas mudaram. E nesse quesito, para pior. Não se vê mais ninguém treinando cobranças de pênaltis. Só se treina um pouco na semana de competição que pode ser decidida nessas cobranças. Conclusão – ou o Vasco não treina cobranças de pênalti ou não tem gente competente pra cobrar. Nas onze últimas decisões por pênaltis perdemos oito. Só ganhamos três. A décima primeira foi ontem. Três penalidades chutadas para fora. Do Elton a gente poderia esperar isso. É reincidente específico. Mas, do Bernardo que, em outras oportunidades demonstrou frieza e competência nessas cobranças, eu me surpreendi. Até o pênalti que ele chutou no travessão contra o Olaria foi bem cobrado. O Felipe Bastos é tido e havido como bom cobrador de faltas. E, quem cobra falta bem, sabe cobrar pênalti. Foi um desastre. A torcida só não saiu mais frustrada do estádio por causa da soberba atuação do zagueiro Dedé, durante os noventa minutos. Foi uma atuação de gala. Ganhou todas as divididas. Esbanjou categoria, me fazendo lembrar a grande galeria de zagueiros consagrados que o Vasco já teve. É um jovem craque. Tomara que não o vendam.

O tempo regulamentar foi bom. O drible do Fernando Prass no atacante adversário foi de arrepiar. O time jogou bem. Ruim, foi na decisão por pênaltis. Durante a semana foi muito noticiado que Ricardo Gomes fez treino secreto em São Januário. Será que foi para treinar a cobrança de pênaltis? Se foi mesmo, o treino foi tão secreto, mas tão secreto que não foi revelado nem durante o jogo. Perdemos mais uma. Continuamos no longo jejum de títulos. O grito de campeão atravessado na garganta. Foi montado um time para ganhar eleição. Disso ninguém tem dúvida. Mas, o torcedor quer que se monte time para ganhar títulos. Disso ninguém também duvida. Nessa ânsia de ganhar eleição, estão trazendo o Juninho Pernambucano de volta. É um dos meus ídolos na História do Vasco. Exemplo de craque, de amor à camisa e de caráter. Só espero que o torcedor entenda suas possíveis limitações por causa da idade. Não pode mais correr o que corria. Juninho chegava com facilidade à linha de fundo. Inteligente, via o jogo jogando. E se deslocava dentro de campo para onde a coisa estava ruim. Arrumava a casa. E tem mais – A História do Vasco é marcada por uma coincidência incrível. Toda vez que temos um pernambucano no time somos campeões. Foi assim com Ademir, Djalma, Ramon (não o que ainda estava jogando até pouco tempo), Almir, Vavá, Ricardo Gomes, Zé do Carmo e o próprio Juninho. Mas, todos nós sofremos de limitações impostas pelo tempo. Mesmo assim, eu gostaria de ter cinco Juninhos, ontem, no Engenhão, cobrando os pênaltis da decisão.

Fonte: Blog do Áureo Ameno- SempreVasco.com