Futebol

Antônio Carlos elogia preparação do Vasco para volta à Série A

Como zagueiro, vestiu a camisa dos quatro grandes de São Paulo e também por muito tempo a da Seleção Brasileira, pela qual viveu uma das grandes decepções da carreira, que foi não ter disputado uma Copa do Mundo. Também foi dirigente e agora se aventura na carreira de treinador. Este é Antonio Carlos Zago, identificado por São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Roma/ITA, que concedeu uma entrevista exclusiva ao site Justicadesportiva.com.br, onde abordou vários assuntos.

Zago falou da nova profissão, do sonho de retornar ao Corinthians, de onde saiu de uma forma meio que tumultuada após a “noitada” polêmica em Presidente Prudente e também do São Caetano, time que dirige na Série B do Campeonato Brasileiro e que segundo ele ainda está na briga para retornar a elite.


JD – O que é mais fácil? Ser treinador, dirigente ou jogador?

Antonio Carlos – Era melhor ser jogador e dirigente. Como treinador sofre muito ali do lado, mas é a profissão que queria desde quando terminei a carreira como jogador de futebol e estou gostando. Estou vendo que levo jeito para a profissão e estou me dedicando diariamente a tudo aquilo que acontece no clube. Espero melhorar a cada dia e me tornar no futuro um grande treinador.

JD – Com tão pouco tempo na carreira de treinador, você já enfrentou uma suspensão. Como foram estes 35 dias até ser liberado pelo Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)?

Antonio Carlos – Foram longos dias, até porque entrei em campo apenas para comemorar com meus jogadores um gol aos 49 minutos do segundo tempo, numa partida que estava muito difícil a vitória naquele momento. Conseguimos fazer 2 a 1 e aquilo mexeu não só com o treinador, mas com todos que estavam acompanhando o jogo no estádio. Fico contente pelo bom senso que tiveram para minha absolvição.

JD – O São Caetano teve um início irregular na Série B, depois conseguiu uma sequência boa de vitórias e agora está ali brigando pelo acesso. O que esperar do time nesta reta final de competição?

Antonio Carlos – Tivemos um período um pouco difícil. Foram três jogos que não conseguimos a vitória, mas também passamos a fase difícil que eram os confrontos diretos contra equipes que estavam nas primeiras colocações. Agora, teoricamente, temos um calendário mais razoável. No primeiro turno, nesse momento demos uma excelente arrancada e chegamos até a quinta colocação. E espero que nesses próximos nove jogos possamos dar aquela arrancada do primeiro turno e no final brigar pelas primeiras colocações.

JD – Você ainda vê o G-4 totalmente aberto ou uma vaga já é do Vasco e os outros brigarão pelas outras três?

Antonio Carlos – Desde o início do campeonato tinha falado que o Vasco era um sério candidato a retornar a elite do futebol brasileiro por se tratar de uma equipe grande, que se preparou muito bem para isso. Fizeram um ótimo planejamento e as outras três vagas estão ali para Guarani, Ceará e Atlético Goianiense. Depois Figueirense, Portuguesa e São Caetano. Espero que as outras três vagas possam ser disputadas por estas equipes.


JD – Na sua opinião, o São Caetano é um excelente time para um treinador começar a carreira, por se tratar de uma equipe com pouco torcida, onde teoricamente a pressão é menor?

Antonio Carlos – Desde o primeiro dia que fui convidado agradeci à diretoria do São Caetano pela confiança que depositaram, até por ser minha primeira experiência. Não poderia ter sido melhor, ter escolhido o São Caetano para começar a carreira, por conta da excelente estrutura, um clube que paga em dia, que é o mais importante. Hoje, os jogadores ficam tranquilos quando recebem em dia, pois tem muito clube por aí atrasando pagamento e isso acaba dificultando o trabalho não só do treinador, como de todo o clube. E o São Caetano depositou toda essa confiança em mim e venho correspondendo. E mesmo sendo um treinador jovem, os resultados estão aparecendo e quero melhorar a cada dia que passa. Senão for possível chegar neste ano entre os quatro, que façamos um planejamento para conseguir isso na próxima temporada.

JD – Você esteve no Corinthians até meados do Campeonato Paulista e no primeiro semestre, o clube conquistou o Paulistão e a Copa do Brasil. Se sente campeão destas duas competições?

Antonio Carlos – Me sinto, porque praticamente estava lá desde o início, quando o Corinthians foi rebaixado a Série B. Depois, fizemos um excelente trabalho, contratamos um ótimo treinador e jogadores, que vestiram mesmo a camisa do Corinthians na Série B, e foram importantes. Eles deixaram a Série A para jogarem pelo Corinthians na Série B. Então, considero sim campeão da Copa do Brasil, porque o trabalho foi iniciado no ano passado e o que esperávamos era colocar o Corinthians na Libertadores.

JD – Sua saída foi um pouco conturbada. Acredita que as portas do Parque São Jorge estão abertas para um retorno?

Antonio Carlos – Penso em voltar ao Corinthians como treinador. Este é o meu objetivo. As portas lá estão abertas pelo relacionamento que tenho com as pessoas que estão lá e pelo trabalho que fiz. Mas o importante é ter uma conduta como profissional e isso nunca faltou. Procurei fazer meu trabalho da melhor maneira possível e o Corinthians já colheu vários frutos com este projeto que começamos no ano passado.

JD – A polêmica “noitada” em Presidente Prudente foi um dos fatores que contribuiu com sua saída do Corinthians?

Antonio Carlos – Também foi um dos fatores que fizeram eu sair do Corinthians, até porque ali não tive o respaldo de algumas pessoas que estavam na cidade de Presidente Prudente. Eles sabiam direito o que tinha acontecido naquele dia, mas não quiseram falar nada. Não vai ser eu que vou falar alguma coisa. Já faz parte do passado, o importante é que estou contente com minha nova carreira e espero melhorar a cada dia que passa.

JD – O que acha de jogadores como Ronaldo e Adriano terem privilégios dentro do elenco?

Antonio Carlos – Quando o Ronaldo chegou ao Corinthians, começou um buxixo que os outros jogadores iriam ter um pouco de ciúme, por conta de algumas privilégios que poderiam ser dados a ele. Chamei alguns jogadores que conhecia e disse a eles que seria excelente para eles jogarem ao lado do Ronaldo. Mesmo ele tendo um ou outro privilégio. Ele conquistou isso jogando futebol ao longo de sua carreira. Isso aí foi aceito por todos os jogadores. O Ronaldo é um dos dez melhores jogadores de todos os tempos no futebol e é um prazer para qualquer jogador jogar ao lado dele. Quanto ao Adriano no Flamengo, lógico que Adriano não chega a ser um Ronaldo, mas tem também uma carreira muito bonita, é um grande jogador aqui no Brasil, foi um grande na Europa. Não é questão de dar privilégio, mas ter um bom senso em cima de um compromisso ou outro que eles têm fora do futebol.

Fonte: Justiça Desportiva