Antes da invasão, torcedores se concentraram por uma hora em local destinado
Sem rumo dentro e fora de campo. O Vasco passou por mais um capítulo de vergonha em sua história recente ao não proibir a invasão de cerca de vinte vândalos de uma torcida organizada ao campo de São Januário. Os jogadores foram ameaçados em seu local de trabalho e nada puderam fazer, porque só contavam com a proteção de dois seguranças do clube dentro do gramado. O presidente Roberto Dinamite e o goleiro Fernando Prass acharam a cobrança normal porque não teve violência.
Antes de o treino começar, os integrantes da torcida organizada se concentraram em um estacionamento destinado à imprensa. Ficaram ali por cerca de uma hora, sem que nenhum segurança fosse até o local, distante da principal entrada de sócios, para intervir.
Era uma bomba relógio. Eles não paravam de chegar e só aguardavam a entrada do time em campo. Quando isto aconteceu, os vândalos invadiram por um portão que sempre está fechado com cadeado, em frente à janela da sala do presidente.
Ninguém fez nada.
O único segurança tentou convencê-los a deixar o campo.
Mas foi vencido pela imensa maioria. Enquanto isso, os jogadores recuavam e mostravam fisionomia de medo, acuados atrás de um dos gols.
Distante do grupo, Celso Roth só observava e não se envolveu.
De imediato, Élton e Philippe Coutinho foram intimidados.
Um dos integrantes chegou a pôr o dedo no rosto do atacante e gritar: Isto aqui é o Vasco. Joga direito. Não pode repetir o que aconteceu em 2008. Tem que honrar a camisa.
Coutinho, ex-xodó, conheceu o outro lado da torcida: Moleque, isso é o Vasco. Élton torce o tornozelo Cerca de dez minutos depois, a invasão do campo chegou ao fim. Mas não a do estádio.
Inexplicavelmente, os invasores ocuparam as arquibancadas, consumiram no bar da tribuna social, e andaram de um lado para o outro sem serem incomodados. Depois da vergonha a que o Vasco foi submetido ontem, Dinamite não anunciou nenhuma medida prática para que o erro não se repita.
O protesto é normal, mas tem que ter limite. O torcedor quer resultados. Eu entendo disse Dinamite.
Prass disse que a intenção dos invasores era ajudar.
Mas da maneira como foi, atrapalha. Hoje foi apenas a invasão do local de trabalho, sem violência, ainda bem. Os protestos são válidos, mas poderiam ser de maneira diferente.
Eles cobraram raça, vontade declarou Prass.
O Vasco tem um ponto, um gol e está na zona de rebaixamento do Brasileiro. Reforços, já vieram todos (Cesinha e Nunes, exSanto André, e Zé Roberto).
Carlos Alberto, ainda com tendinite, nem deve jogar mais até o fim de seu contrato, em junho. Pela frente, amanhã, em São Januário, o Internacional.
Para tentar vencer e minimizar a crise, Celso Roth deve mexer e promover as entradas de Cesinha, Élder Granja e Dodô no time titular. Élton, que além de ser intimidado, ainda torceu o tornozelo direito no treino, está fora.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)
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