Futebol

Ano de 2025 do Vasco termina com uma dúvida

O Vasco viveu cinco anos em 365 dias. É difícil acreditar que o ano do clube começou com Fábio Carille e a dúvida se Payet e Coutinho podiam jogar juntos no meio de campo vascaíno, com o sonho do título da Sul-Americana, e terminou com o vice da Copa do Brasil e um Brasileirão que teve de tudo — como goleada por 6 a 0 sobre o Santos e uma sequência de sete derrotas em oito jogos.

Em um ano marcado por altos e baixos, o Vasco encerra 2025 com a frustração da derrota na final da Copa do Brasil, mas com um horizonte renovado para 2026, com conversas para a venda da SAF e a projeção de uma temporada melhor e mais estável no ano que vem. Se o fim do jejum de títulos não veio, a grande notícia da temporada foi a ascensão de uma das principais joias do século do clube: o cometa Rayan deslanchou e se tornou o principal jogador da equipe.

Em 15 tópicos, o ge faz a retrospectiva do ano do Vasco. Veja abaixo tudo que aconteceu na temporada.

Planejamento para o Carioca

Fábio Carille foi o escolhido para ser o técnico de 2025 do Vasco. O objetivo era claro: ter uma equipe mais consistente na defesa, depois de um 2024 caótico no setor. Para isso, o treinador chegou com a missão de espantar qualquer hipótese de Payet e Coutinho atuando juntos, já que ele queria uma equipe mais compacta e agressiva sem a bola, e um sistema defensivo renovado.

O Vasco trocou praticamente todos os zagueiros do elenco e manteve somente João Victor. Maicon, Léo e Rojas saíram, Lucas Oliveira, Lucas Freitas e Mauricio Lemos chegaram. Tchê Tchê veio para dar mais experiência ao meio de campo.

A saga por um ponta

A principal novela do primeiro semestre foi a busca do Vasco por um ponta no mercado de transferências. Brian Rodríguez, Bruma, Cuello, Wanderson, Rony, Ramón Sosa... todos esses jogadores foram tentados, mas o clube ouviu negativas durante os primeiros dois meses. O tempo passou, e a direção vascaína teve que mudar os alvos para ter reforços a tempo para a reta final do Carioca e o início do Brasileirão.

Foram contratados Garré, Loide Augusto e Nuno Moreira. Surpreendentemente, o jogador com menos holofotes na chegada foi o que mais se destacou ao longo do ano. O português foi muito bem em 2025, enquanto o angolano foi a pior contratação da temporada, em eleição do ge, e o argentino não empolgou e foi para o fim da fila.

Eliminação no Carioca

Os pontas chegaram ao clube praticamente nas semifinais do Carioca. Então, o Vasco encontrou uma espinha dorsal que jogava com três volantes e dois meias atrás de Vegetti. O time fez o básico no Carioca e se classificou para as semifinais.

Nos dois jogos contra o Flamengo, no entanto, o desnível entre as duas equipes chamou a atenção. O Vasco não teve forças para fazer frente ao rival, o que incomodou a diretoria em relação ao trabalho de Carille. O técnico, que já não era unanimidade desde o momento da contratação, começou a perder moral antes mesmo do Brasileirão.

Demissão de Carille

Com a imagem desgastada e sem prestígio com a torcida, Fábio Carille parecia estar a uma derrota fora do comum para ser demitido. O técnico, no entanto, fazia o dever de casa em São Januário. A equipe venceu Santos, Sport e Puerto Cabello em casa, empatou com Lanús, Flamengo e Melgar, na altitude, fora de casa. Perdeu para Corinthians e Ceará fora. O trabalho não impressionava, mas não era uma decepção.

Até que o Vasco perdeu para o Cruzeiro, em Uberlândia, pelo Brasileirão, por 1 a 0. Na época, o Cruzeiro não era um dos melhores times do Brasil, o status com o qual terminou a temporada. Pedrinho alegou questões anímicas no trabalho de Carille e demitiu o treinador após a partida. A queda do técnico tinha muito a ver com a possibilidade de contratar Fernando Diniz, sonho do presidente.

Crise fora de campo e vexames com Felipe

Enquanto as conversas com Fernando Diniz aconteciam, o Vasco atravessava um momento conturbado dentro e fora de campo. Em 10 dias de Felipe como técnico interino, o clube viveu o episódio "Felipe x Capasso", quando o diretor técnico expôs publicamente que não gostava do zagueiro argentino, sofreu a derrota para o Puerto Cabello por 4 a 1, em um vexame sem precedentes na Sul-Americana, e perdeu para o Vitória em Salvador de virada com um a mais desde o primeiro tempo.

A moral do diretor técnico, braço direito de Pedrinho, não foi abalada internamente. Marcelo Sant'ana, diretor de futebol, teve o trabalho reavaliado e foi demitido. O clube entendeu que precisava de mais proatividade e velocidade na janela do meio do ano que se aproximava.

Chegada de Diniz

O casamento Pedrinho e Diniz, enfim, aconteceu. Sonho de consumo do presidente do Vasco desde que assumiu o futebol do clube, o treinador estava livre no mercado após uma saída conturbada do Cruzeiro. Ele se tornou sombra para Fábio Carille desde então. Depois de conversas e um projeto apresentado, o técnico foi convencido e retornou a São Januário depois de quatro anos.

Diniz tinha um sentimento de dívida com o Vasco desde a Série B de 2021, quando não conseguiu o acesso para a elite nacional. O treinador queria voltar a trabalhar no clube pela identificação que tomou com a torcida e os funcionários. Era a chance perfeita para todos na equação.

Sufoco na Copa do Brasil e queda na Sula

O Vasco não foi eliminado na terceira fase da Copa do Brasil por muito pouco. Logo no terceiro jogo de Diniz no clube, a equipe já poderia ter sido eliminada da competição em que chegou à final, não fosse a estrela de Léo Jardim nos pênaltis para defender três cobranças e fazer o time passar de fase.

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O sucesso da Copa do Brasil não foi o mesmo da Sul-Americana. Eleita a prioridade do ano vascaíno, como a taça mais viável a ser conquistada, além do caminho mais curto para a Libertadores em 2026, o torneio internacional foi o palco de vexames do Vasco em 2025. A derrota para o Puerto Cabello foi marcante, mas a eliminação para o Del Valle, com um 4 a 0 sofrido ainda no jogo de ida da segunda fase, também machucou o torcedor vascaíno.

O histórico 6 a 0

O trabalho de Diniz era marcado por uma evolução dentro de campo, mas que não estava acompanhado de uma consistência nos resultados. Foram jogos e jogos de um Vasco que criava mais que os adversários, mas sofria para converter as chances em gols.

Tudo parecia estar guardado para o Morumbis. Em um dos jogos mais marcantes do futebol brasileiro em 2025, o Vasco enfiou um histórico 6 a 0 no Santos de Neymar, com mais de 50 mil pessoas no Morumbis, na tarde do dia 17 de agosto, um domingo memorável para os vascaínos. Coutinho, David, Tchê Tchê e Rayan comandaram o show da equipe de Diniz, que deixou o camisa 10 santista em lágrimas em São Paulo.

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Janela do meio do ano

Admar Lopes foi um personagem importante na temporada do Vasco que não foi citado até aqui. Contratado para a vaga de Marcelo Sant'ana, o português foi fundamental na janela do meio do ano, em uma verdadeira reformulação do time titular vascaíno. O clube vendeu João Victor e Luiz Gustavo na defesa e promoveu chegadas de jogadores para todos os setores.

Carlos Cuesta e Robert Renan foram contratados para a defesa e elevaram a dupla de zaga vascaína. Barros, chamado de volta de empréstimo, e Thiago Mendes reforçaram o meio de campo e assumiram a titularidade ao longo da temporada. Andrés Gómez veio para o ataque, desbancou Vegetti e se tornou titular e destaque da equipe no fim do ano. Somente Matheus França, entre os contratados, não foi importante na temporada. Diniz também teve participação em todas as negociações.

Cometa Rayan

Nenhum reforço, no entanto, teve tanta importância como Rayan, principal jogador do Vasco no ano. O jovem era questionado no início da temporada e passava longe de ser unanimidade. Com Carille, ele chegou a perder a titularidade para Garré. Tudo mudou após a chegada de Fernando Diniz ao clube.

O atacante terminou a temporada com 20 gols, eleito a revelação do Campeonato Brasileiro e o artilheiro da Copa do Brasil. O Vasco bateu o pé no meio do ano e decidiu que não o venderia. Deu certo. Rayan foi o melhor jogador do clube em 2025 e se valorizou demais no mercado. Atualmente, ele é observado por gigantes europeus. A direção já recusou uma proposta de 31 milhões de euros pelo jogador. De contrato renovado, o atacante tem multa para o exterior de meio bilhão de reais.

Arrancada e a queda no Brasileirão

Quando analisamos o trabalho de Fernando Diniz no Brasileirão, o Vasco viveu três momentos: 1) time que oscilava a cada jogo, de maio a agosto, e mostrava inconsistência nos resultados; 2) a equipe que deslanchou e mostrou um dos melhores desempenhos do país; 3) o time que despencou na tabela e se colocou na luta contra o rebaixamento.

A partir de setembro, o Vasco deslanchou com Diniz. Em 12 jogos, foram sete vitórias, quatro empates e apenas uma derrota no período, com as partidas mais desafiadoras do time na temporada. O clube saiu da beira do Z-4 e pulou para oitavo, brigando por vaga no Brasileirão.

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Depois de vencer quatro seguidas, o Vasco perdeu para o São Paulo e se distanciou do G-6. A partir disso, tudo ruiu no Brasileirão. O clube despencou e perdeu sete das últimas oito rodadas do campeonato — com exceção da vitória fundamental sobre o Inter por 5 a 1. O clube terminou em 14º na tabela, a um ponto do rebaixamento.

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Semifinais contra o Fluminense

Passado o susto no Brasileirão, com uma campanha inconsistente, todo o foco do Vasco se voltou para a semifinal da Copa do Brasil. O clube havia passado pelo Botafogo em setembro nas quartas, mas chegava sem moral para enfrentar o Fluminense após o péssimo desempenho no Brasileiro.

A eliminatória foi um verdadeiro teste para os cardíacos. O Vasco saiu atrás no jogo de ida, mas mostrou que é o time da virada e venceu por 2 a 1 o primeiro jogo, com gol salvador de Vegetti nos acréscimos e uma atuação impressionante de Rayan. Na volta, o time perdeu por 1 a 0, em jogo que foi melhor, mas se classificou nos pênaltis, com uma atuação em que Léo Jardim foi herói mais uma vez e pegou duas cobranças. Uma das grandes noites dos vascaínos no ano, que tomaram o Maracanã nos dois jogos e fizeram a festa em cima dos rivais tricolores.

O sonho do título e a frustração com o vice no Maracanã

De volta a uma final nacional depois de 14 anos, o Vasco tinha todos os motivos para sonhar com o fim do jejum de títulos. O adversário da decisão é o Corinthians, rival histórico do clube e fantasma de outras decisões. O clube carioca chegou à final com moral depois de eliminar dois rivais estaduais e ganhou mais moral ainda depois da boa atuação na Neo Química Arena, em que voltou com um empate em 0 a 0.

A torcida do Vasco lotou o Maracanã e fez bonita festa para incentivar o time rumo ao bicampeonato. Mas a equipe decepcionou e foi derrotada por 2 a 1 no Rio de Janeiro, em jogo marcado por falhas e uma atuação pouco inspirada de seus principais jogadores.

Conquistas fora de campo

Voltar a ser campeão era o grande sonho da direção de Pedrinho em 2025, e isso não foi possível. O ano terminou com a frustração do vice na Copa do Brasil, mas com avanços importantes fora de campo que o Vasco comemorou ao longo de 2025.

A homologação da recuperação judicial da SAF e do clube foi um fator importante para o futuro das finanças do clube. O Vasco também acertou o maior contrato de sua história com uma fornecedora esportiva na negociação com a Nike e terá um aumento de receitas importante em 2026. Ainda há as conversas para a reforma de São Januário, que ainda não saiu do papel, mas estão no horizonte para o ano que vem.

E a venda da SAF?

A principal dúvida segue sendo o futuro da SAF do Vasco. Na última semana do ano, o ge publicou que a direção de Pedrinho tem conversas com Marcos Faria Lamacchia, filho do dono da Crefisa, para a compra do futebol vascaíno. A diretoria segue na busca por um investidor desde maio de 2024, e o objetivo é vender o clube em 2026.

Pedrinho não pensa em tentar reeleição no ano que vem, desgastado com a política do clube e com ameaças, como a denúncia de um plano de sequestro no meio do ano contra o presidente vascaíno. Ele pode mudar de opinião até o fim de 2026, ano em que as eleições do clube acontecerão.

O 2025 do Vasco mostrou que o clube não pode errar o planejamento no início do ano. A janela do meio do ano mostrou um caminho a ser seguido para 2026, em busca de um Brasileirão mais estável e um sucesso maior nas copas. Entre erros e acertos, há um caminho de reconstrução sendo pavimentado. Ele pode ser acelerado com a chegada de um investidor. O torcedor aguarda um ano mais próspero. Quem sabe, com um título ano que vem.

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Fonte: ge