Análise: Vasco volta a vencer e diminui diferença para o G4
Após quatro jogos, equipe de Fernando Diniz volta a vencer e se aproxima do G4 da Série B.
A decisiva questão que se levanta após a importante vitória vascaína diante do Brusque, na noite de sexta-feira, é se finalmente o time de São Januário conseguiu acordar em um dia diferente para seguir sua vida na Série B. Após quatro jogos sem vitória, a equipe treinada por Fernando Diniz enfim voltou a somar três pontos -- agora está com 37, sete a menos (e um jogo a mais) em relação ao CRB, hoje o último classificado para o acesso.
No filme Feitiço do Tempo, clássica comédia dos anos noventa, Bill Murray interpreta um repórter meteorologista que viaja até a pacata cidade de Punxsutawney (Pensilvânia, EUA) para cobrir o feriado do Dia da Marmota, em 2 de fevereiro, quando um roedor, genuíno herói local, prevê a duração do inverno ao sair (ou não) de sua toca. O arrogante protagonista vê arruinados seus planos de deixar o simples povoado o mais cedo possível quando uma nevasca impossibilita de pegar a estrada. Ele é preso num loop temporal que o faz acordar sempre no mesmo dia (durante milhares de dias, talvez), em que absolutamente tudo se repete. Justamente o Dia da Marmota.
Mais ou menos como vinha acontecendo com o Vasco da Gama nas últimas rodadas, especialmente contra CRB e Cruzeiro. Com campanha medíocre e angustiada para cavalgar degraus na classificação, a equipe conseguia sair na frente e chegava até a ameaçar algo próximo de um futebol satisfatório, mas de súbito sofria uma síncope em todas as fibras e nervos, cedendo o empate nos momentos derradeiros da peleja.
Diante dos cruzeirenses, houve requintes de sadismo: mesmo a transmissão de TV foi ludibriada pelo VAR e Luís Roberto anunciou uma vitória que nunca aconteceu. E assim os vascaínos, mordendo os cotovelos e sorrindo amarelo, como algum Bill Murray de São Cristóvão, acordavam sempre exatamente no meio da tabela, quase perdendo a esperança de que em algum momento haveria um 3 de fevereiro para os lados de São Januário.
Foi preciso viajar até Santa Catarina para que o insone e atormentado vascaíno conseguisse acordar em um novo dia, um pouco mais próximo do G4. As coisas haviam começado encardidas, com a expulsão de Leo Matos, mas um chute preciso de Nenê, renascido para os lados da Colina, começou a encerrar o cárcere temporal. E, ao mesmo tempo, na verdade, deixava o trauma mais aceso do que nunca: com um jogador a mais, até o último apito o Brusque promoveu frenéticos distúrbios dentro da área cruz-maltina, transformando o arqueiro Vanderlei no responsável maior por garantir a vitória e acionar o despertador que, esperam os vascaínos, anunciei um futuro mais amigável, em que os dias seguem seu curso natural -- ou ao menos distante do insosso limbo daquele meio da tabela onde a paisagem é sempre a mesma.
Fonte: Globo EsporteMais lidas
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