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Análise: Vasco volta a pecar no final e crise aumenta em São Januário

Dadas todas as circunstâncias, dentro e fora de campo, o empate que o Vasco quase arrancou do Fortaleza no sábado seria resultado para comemorar e atenuar ao menos um pouco o momento conturbado do clube. Mas não foi isso que ocorreu: a equipe novamente sofreu gols no fim da partida e esticou a crise por mais uma semana.

Até o próximo compromisso no Brasileirão, na segunda-feira da semana que vem, o clima certamente seguirá sendo de cobranças e semblantes fechados. São três derrotas seguidas no Brasileirão (Santos, São Paulo e agora Fortaleza) e sete rodadas sem saber o que é vencer. Antes de voltar a São Januário, tem clássico com o Flamengo no Maracanã e duelo contra o Internacional no Beira-Rio.

O Vasco de Maurício Barbieri entrou na zona de rebaixamento na rodada passada e vai continuar nela, com risco de piorar ainda mais a situação: a equipe pode cair para a 18ª ou 19ª colocação, no que depender do resultado dos jogos de Corinthians e América-MG neste domingo. Com quase 1/4 do campeonato percorrido, seria prudente reagir logo.

Ainda mais levando em conta o fato de que o Vasco desperdiça chance de pontuar no início do campeonato, momento em que várias equipes estão ocupadas com outras competições. A partir da semana que vem, oito times não precisarão mais se preocupar com a Copa do Brasil. A primeira fase da Libertadores e da Sul-Americana ainda dura mais um mês aproximadamente.

O Vasco iniciou o Brasileirão tendo apenas esta competição no calendário. Dos times da Série A, só o Cuiabá viveu situação semelhante.

A equipe tem tempo para trabalhar, algo raro e tão cobiçado no futebol brasileiro. Mas os resultados não vêm, o que explica a pressão em cima de Barbieri - muito mais por parte da torcida até o momento. Cobra-se que o Vasco renda mais e, sobretudo, mostre repertório maior. Contra o Fortaleza, partida em que não pôde estar na beira do campo por causa de suspensão, o treinador promoveu mudanças em busca de um desempenho melhor.

A principal delas, a única que de fato se deu por opção, foi a entrada de Paulo Henrique no lugar de Puma Rodríguez na lateral direita. As outras foram Alex Teixeira no lugar do suspenso Pedro Raul e Capasso na vaga de Robson Bambu, que não treinou durante a semana em função de um incômodo muscular.

O Vasco na medida do possível teve uma atuação controlada no primeiro tempo, apesar dos espaços encontrados pelo Fortaleza na defesa - alguns deles justamente pelo lado de Paulo Henrique, que entrou na teoria para dar mais segurança. O time conseguiu assustar em contra-ataques e em finalizações de fora da área, algo que faltou em jogos anteriores. Dessa forma, Alex Teixeira colocou João Ricardo para trabalhar e Figueiredo carimbou a trave.

Por outro lado, Léo Jardim fez duas ou três defesas importantes e foi para o intervalo como o melhor jogador do Vasco em campo.

Rotina de improvisos e desatenções

Diante da carência na posição de primeiro volante, Barbieri escalou Jair na função pelo terceiro jogo consecutivo. O ex-jogador do Atlético-MG prefere jogar mais avançado, mas foi o eleito pelo treinador pela precisão nos passes e inteligência com a bola nos pés. É uma solução que funciona no que diz respeito à saída de bola, mas compromete outras valências da equipe, como a marcação e a organização mais à frente.

Não fossem os buracos no elenco, o improviso não seria necessário. Barbieri já usou nessa função Rodrigo e Andrey - e, há um pouco mais de tempo, chegou a jogar com Figueiredo como volante no início da temporada. No Castelão, os momentos em que o Vasco levou perigo normalmente passaram pelos pés de Jair no meio de campo.

Outro improviso: na ausência de Pedro Raul, Alex Teixeira foi o homem de referência no ataque vascaíno. Rwan Cruz, o centroavante contratado para ser o reserva do camisa 9, sequer foi relacionado para a partida. Alex conseguiu especialmente dar mobilidade no último terço do campo, mas não é novidade para ninguém o fato de que ele não consegue mais correr os 90 minutos. Pouco apareceu no segundo tempo, por exemplo.

Dito isso, o Vasco teve chances de abrir o placar, mas pesaram as escolhas erradas no último passe ou no momento de concluir. Entram nessa lista Gabriel Pec, Paulo Henrique, Piton e sobretudo Galarza - ofensivamente falando, o paraguaio talvez tenha sido o jogador vascaíno com a pior atuação. Enquanto isso, Léo Jardim segurava o ponto suado com defesas e mais defesas.

Com a reta final, no entanto, voltou a entrar em cena a desatenção do sistema defensivo. Dois cruzamentos, um aos 41 e outro aos 48 minutos, levaram o Vasco à lona: Galhardo e Romero, de cabeça, decretaram a vitória do Fortaleza no Castelão.

Fonte: ge