Análise: 'Vasco tem ascensão interrompida por arbitragem'
O Vasco perdeu para o Palmeiras, no último domingo, mas mostrou que vai brigar até o fim no Campeonato Brasileiro. O time fez muito pouco para vencer, mas teve uma atuação sólida do meio para trás e viu a arbitragem interferir diretamente no resultado, com um gol mal anulado. O empate seria o mais justo no Allianz Parque, mas a ascensão vascaína, após duas vitórias e um empate nas últimas três rodadas, foi interrompida.
Difícil não levar em consideração o lance que poderia ter mudado a história do jogo, aos 15 minutos do primeiro tempo. Um cruzamento de Piton para Vegetti cabecear. A defesa tira, o lance segue, e Richard Ríos, com total domínio da bola, tenta afastar novamente o perigo. A bola sobra para Paulinho, que, de fora da área, chuta no canto de Weverton. Golaço anulado erroneamente pelo VAR, que considerou impedimento do centroavante do Vasco na jogada anterior.
Foi o único lance perigoso do Vasco no jogo. Em momento de domínio do Palmeiras, o time de Ramón Díaz conseguiu explorar bem o contra-ataque e cumprir a estratégia com maestria. Em vão.
Em período de retomada no Brasileirão, a derrota não deve afetar o Vasco na sequência. Pelo contrário, o time perdeu sem jogar a toalha e diante de um adversário consistente, que está à caça do líder do campeonato. E mostrou organização defensiva para ter saído com um ponto de São Paulo.
Afinal, sejamos justos, a estratégia do Vasco contra o Palmeiras passou muito pela defesa. O time adversário teve pelo menos 15 minutos de domínio absoluto no início do jogo, empurrando os atletas vascaínos todos para o seu campo de defesa. A equipe alviverde fez a bola circular e encontrou espaços. Aos 3 minutos, Léo Jardim fez sua primeira grande defesa.
Com o recuo, o Vasco teve muita dificuldade para ligar o contra-ataque. As duas boas chances da etapa inicial saíram de cruzamentos da esquerda, com Piton achando Vegetti na área. O primeiro foi aos 8 minutos, com o centroavante argentino brigando e ganhando no alto, mas cabeceando fraco para Weverton defender. Depois do gol mal anulado, o time conseguiu sair da pressão do Palmeiras e passou a aparecer mais no campo adversário.
Mas, ainda assim, sem inspiração e com dificuldades de construção. Gabriel Pec e Serginho, que havia se destacado contra o Alético-MG e ganhou vaga no ataque, fizeram jogo apagado. Os dois entregaram recomposição, mas não renderam ofensivamente. Nas chances de se lançar ao ataque, o Vasco acionou Pec uma ou duas vezes, mas o atacante errou nas decisões.
Do outro lado, o Palmeiras esbarrou no bom meio-campo do Vasco, com Praxedes e Paulinho em noite de boas atuações, e em Medel, que fez bem o serviço na zaga. No primeiro tempo, o time de Abel Ferreira só teve outra boa chance, com mais uma defesa importante de Léo Jardim, aos 26 minutos. No lance, Veiga arrancou pela esquerda, passou por Robson e Maicon e conseguiu cruzar. Os dois zagueiros, sendo o primeiro atuando como lateral, comprometeram pelo lado direito.
Em outro momento, aos 7 do segundo tempo, Artur cruzou e Rony, entre os dois defensores vascaínos, cabeceou com tranquilidade, mas fraco, facilitando a defesa de Léo Jardim. Ainda na etapa final, aos 14 minutos, Robson cortou uma bola para dentro da área do Vasco - sorte que Artur, de forma bizarra, perdeu grande oportunidade.
O Vasco se segurou até os 19 minutos, quando Raphael Veiga acertou bela cobrança de falta e garantiu a vitória do Palmeiras. O gol foi no lado em que Léo Jardim estava e faltou impulsão, mas mesmo assim era um chute difícil de ser defendido. E o goleiro salvou o time mais uma vez nos minutos finais, aos 39, em chute de Mayke. Das seis finalizações defendidas, três tiveram um grau de dificuldade alto.
O time carioca, por sua vez, não obrigou Weverton a trabalhar. No segundo tempo chegou apenas duas vezes, em cabeceio de Zé Gabriel e chute de fora de Alex Teixeira, sem perigo. O Palmeiras teve controle do jogo e bem mais volume que o Vasco. Merecia ter vencido não fosse a regra ignorada ou desconhecida pela arbitragem em gol legal de Paulinho.
Mas o Vasco, diferentemente de outras derrotas no Brasileirão, mostrou que está formando um time que não vai se acomodar no campeonato. Voltou a jogar futebol. E a esperança que volta a reinar entre os torcedores tem alguns nomes: o técnico Ramón Díaz deu padrão de jogo à equipe, e os jogadores contratados na segunda janela entraram com vigor. O esqueleto formado por Medel na zaga, Praxedes e Paulinho no meio e Vegetti no ataque é o que mudou a postura vascaína em campo.
Sem entregar os pontos e em evolução, o Vasco terá uma decisão no domingo que vem, novamente fora de casa. Vai enfrentar o Bahia, às 18h30, na Arena Fonte Nova. Hoje, o Tricolor é o primeiro time fora da zona de rebaixamento, apenas cinco pontos à frente da equipe vascaína.
Fonte: ge