Análise: 'Vasco propôs o jogo e asfixiou o CRB em seu próprio campo'
Um integrante do G4 e outro da metade da tabela. Aproveitamento de 59,4% contra 45,8%. Acesso bem encaminhado versus dúvidas e pressão da torcida. Rivais na decisão da última Taça Rio, Botafogo e Vasco traçam caminhos diferentes nesta Série B: o cruz-maltino por ora patina na tentativa de subir. Já o alvinegro vive uma lua de mel com os resultados, que têm garantido, mesmo em momentos de instabilidade, a parte de cima da tabela — situação que inverteu as expectativas criadas quando os rivais montavam seus elencos.
Na quinta-feira, o Vasco viveu a provável primeira partida de amplo domínio nesta Segundona. Pela primeira comandado por Fernando Diniz, o cruz-maltino ficou mais com a posse de bola, propôs o jogo e asfixou o CRB em seu próprio campo. Marcou seu gol com Cano e poderia ter ampliado o placar, mas acabou sofrendo o gol de empate nos acréscimos. Uma falha defensiva, como várias que sofreu na Série B, que voltou a confinar o clube à 10ª colocação. Mas um sinal positivo para um time que passou mais de meia temporada em uma crise de identidade.
Enquanto isso, o Botafogo vai a campo neste sábado, contra o Náutico, no Nilton Santos, às 16h30, embalado. Terceiro colocado, o alvinegro vem de uma goleada por 4 a 0 sobre o Londrina, a quarta vitória seguida, fruto de um elenco que embarcou numa proposta eficiente e de aplicação tática, alinhada com as características da Série B. Um "match" perfeito com a chegada do técnico Enderson Moreira, que substituiu Marcelo Chamusca em julho, e tem aproveitamento de 84,8%.
— O Chamusca me dava muita liberdade para jogar no último terço do campo, com o Enderson tenho um jogo mais posicional. Ele me posiciona bem para atacar bem as linhas. É um pouco diferente, sim — explicou o atacante Chay, em entrevista ao Sportv.
Vice-artilheiro da Série B e artilheiro alvinegro, com oito gols, a chegada de Chay foi um dos pontos de virada do Botafogo na temporada. Destaque no Campeonato Carioca pela Portuguesa, o jogador de 30 anos foi aposta certeira da diretoria do clube, que logo movimentou-se para tornar seu empréstimo em uma aquisição definitiva. Com Chamusca, o meia-atacante já emendava boas atuações. Após a chegada de Enderson, assumiu de vez o papel de protagonista e pilar de experiência de um elenco formado, majoritariamente, por apostas e destaques pinçados em clubes menores.
Esse tipo de influência é procurado pelo Vasco, que trouxe de volta Nenê, de 40 anos, para tentar oxigenar o meio-campo de sua equipe. O elenco cruz-maltino é formado por jovens oriundos das categorias de base do clube, jogadores experientes como Leandro Castan e Germán Cano e nomes que já estiveram no topo das listas no Brasil há alguns anos, como o lateral Zeca, o goleiro Vanderlei e o atacante Léo Jabá, todos com títulos de Séries A ou B no currículo. A dificuldade tem sido justamente encaixar uma proposta de jogo que se adapte ao elenco. Marcelo Cabo e Lisca tentaram estilos reativos e alternaram quando os resultados escassearam, mas não tiveram vida longa. Com Fernando Diniz, que optou de cara pelo seu estilo de posse de bola e proposição de jogo, a primeira impressão foi boa.
— Tem time que joga de maneira reativa e faz bastante gol. Tem time que joga com a posse e não consegue fazer tanto gol assim. A gente tem que achar uma maneira que o time consiga jogar bem, propor o jogo e que fique protegido, é o que a gente vai tentar fazer até o final do ano — disse o treinador, em sua apresentação.
Diferenças nos números
Em média, o Botafogo fica menos com a bola na Série B. Segundo o site "Sofascore" a posse é de 47,5% por partida. Ao mesmo tempo, tem o melhor ataquea da competição, ao lado do Guarani: são 34 gols, sendo 30 deles feitos de dentro da grande área. A eficiêcia do time de Enderson em encontrar espaços ajudou a pontuar até em partidas em que a equipe esteve abaixo do rendimento ideal, como a vitória por 1 a 0 sobre o Remo, no último dia 4. O Botafogo cria 2,2 grandes chances por partida e marca 1,5 por jogos, números que praticamente explicam o sucesso.
Embora mantenham estilos diferentes, os traços de uma proposta reativa estão presentes no estilo de Enderson e de seu antecessor Chamusca, rival deste sábado pelo Náutico. Por mais que os resultados tenham começado a aparecer de forma mais positiva no trabalho do primeiro, a ideia de jogo de transição se identifica com o elenco alvinegro. Não à toa, nomes como o zagueiro Kanu, o atacante Rafael Navarro, o polivalente Warley e o meia Marco Antônio cresceram ao longo da Segundona. O elenco ganha ainda mais força com a chegada do lateral-direito Rafael.
— O Botafogo se mostrou muito organizado com suas limitações financeiras. É um clube que sabe muito bem o que quer. A cada dia que passa, eu percebo a vontade de executar aquilo que nós treinamos — contou o técnico, em entrevista o programa "Bem, Amigos".
No Vasco, a falta de identidade, os problemas na bola áerea e oscilação de momentos da equipe traduzem a distância do G4. O time tem a bola na partidas — média de 51,7% de posse —, mas não consegue aproveitá-la. Cria 1,5 grandes chances e marca 1,2 gols por jogo, mas também sofre, em média, o mesmo número de gols por partida. É a quarta pior defesa da Série B, com 28 gols sofridos em 24 jogos. Não teve as redes balançadas em apenas seis deles.
— O clima foi de frustração, mas também de alento. É um grande time, com grandes jogadores e que pode conseguir o acesso. Essa é a missão, a nossa tarefa — disse Fernando Diniz após a estreia. Neste domingo, o Vasco recebe o Cruzeiro, já com presença de público em São Januário.
Quarto elenco mais jovem, com média de idade de 25,9 anos, o elenco cruz-maltino, avaliado em 29,1 milhões de euros (180 milhões de reais), é também o mais caro da Série B, em cotação do site especializado "Transfermarkt". O segundo mais caro é o do Botafogo, com avaliação de 23 milhões de euros (142 milhões de reais), com média de idade de 27,1 anos. Proporções parecidas e estratégias diferentes, que hoje resultam em sete posições e oito pontos de distância na tabela.
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