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Análise: Vasco mostra repertório, domina o Botafogo e tem noite feliz

O Vasco entrou em campo nesta quarta-feira para enfrentar o Botafogo com uma dúvida: como seria a vida sem Talles, entregue à seleção brasileira para a disputa do Mundial Sub-17? A vitória por 2 a 1 e a atuação superior à do rival mostraram ao torcedor que o Cruz-Maltino viverá, sim, sem um de seus principais jogadores. E ainda mostrou novas opções.

Mais uma vez abraçado e empurrado por São Januário com bom público (16.195 torcedores), o Vasco foi melhor quase que do início ao fim do clássico válido pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Sofreu em momentos mais ofensivos do Botafogo, mas chegou quase que o dobro de vezes ao gol adversário (17 finalizações contra nove).

Além de ter mostrado eficiência mesmo sem Talles, o Vasco, comandado por Vanderlei Luxemburgo, soube se adaptar ao que o clássico pedia e se recuperar em momentos de desvantagens. Veja, abaixo, a análise da vitória que deixa o Cruz-Maltino oito pontos à frente da zona de rebaixamento.

Começo avassalador

O Vasco começou o clássico a 200km/h, muito mais ligado do que o rival Botafogo. Isso, porém, não significa que tenha iniciado pressionando ou com a posse de bola. O time comandado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo atraiu o adversário para o seu campo e soube explorar bem os contra-ataques. Deu certo.

Em apenas duas chegadas, Bruno Gomes, de longe e com desvio da zaga, e Ribamar fizeram 2 a 0 para o Vasco em 17 minutos. Em casa, com o apoio da torcida e a vantagem no placar, o Cruz-Maltino parecia não que não ia sofrer mais riscos. Mas sofreu.

Opções

Sem Talles, que disputa o Mundial Sub-17, Luxemburgo optou pela escalação do meia Felipe Ferreira, centralizado. Assim, o Vasco se tornou uma equipe com mais toque de bola e sem tantas jogadas em profundidade. Mudou o estilo, mas conseguiu ser melhor que o Botafogo.

No segundo tempo, para recuperar fôlego no meio e poder de marcação, Marcos Júnior entrou no lugar de Felipe Ferreira, deixando Rossi, Ribamar e Marrony à frente. Outra opção para Luxemburgo pensar em como montar o Vasco nas próximas rodadas.

Vacilo de alguém ou mérito do Botafogo?

O gol do Botafogo foi marcado pelo zagueiro Marcelo Benevenuto em um lance em que ninguém da zaga do Vasco saiu do chão para tentar cabecear. Fernando Miguel tentou sair do gol para interceptar o cruzamento do escanteio, mas chegou atrasado e viu o defensor adversário marcar.

No lance, Benevenuto saiu do meio da área, de trás de Henríquez e da frente de Ribamar, para ir à primeira trave, subir mais alto do que todo mundo e marcar. Para Vanderlei Luxemburgo, mérito do ataque alvinegro.

- Fizemos dois gols muito rápido e tomamos um gol de bola parada. Aí as pessoas falam isso. Treinamos para caramba isso. O Botafogo tem uma bola parada. Tem o Cícero, jogadores que entram bem. Às vezes é virtude do adversário. Foi um jogo tenso - disse o técnico.

Breve oscilação

Depois do gol sofrido, o Vasco caiu de produção – a torcida, na arquibancada, sentiu e ensaiou “resmungadas” em lances de ataque do Botafogo. A equipe parecia ter sentido o baque depois de ter aberto o placar e estado com uma vantagem maior do que terminou o primeiro tempo. Começou a não conseguir mais encaixar contra-ataques e ser pressionada, mas por poucos minutos.

Sem a obrigação de ir ao ataque, por causa do 2 a 1 no placar, o Vasco logo se encaixou novamente. O ritmo, é claro, diminuiu, mas o Cruz-Maltino passou a se defender melhor e não dar espaço para as infiltrações de Cícero e as bolas pelo alto para Diego Souza na área, que era a principal jogada do Botafogo.

Dedo do técnico

Na volta do intervalo, Alberto Valentim mandou o Botafogo para cima do Vasco, que novamente perdeu um pouco do fôlego e do ritmo avassalador da etapa inicial. O meio de campo foi do Alvinegro. Os visitantes trocavam passes e chegavam com facilidade à área de Fernando Miguel, mas não criaram chances claras, esbarraram na defesa.

Luxemburgo, então, rapidamente mexeu e recuperou o domínio do clássico. Tirou Felipe Ferreira, que formava uma linha ofensiva com Rossi e Marrony, para colocar o volante Marcos Júnior. A mudança surtiu efeito, e o Botafogo parou de chegar com tanta frequência à área cruz-maltina. O Vasco ainda passou a ter mais força ofensiva, mas desperdiçou chances.

Equilíbrio

Depois dos quase-sustos do começo do segundo tempo, o Vasco equilibrou o clássico. Não foi mais surpreendido e recuperou o domínio sobre o adversário, que já não conseguia mais ter forças para pressionar. O Botafogo passou a apostar apenas e somente em lançamentos longos para Diego Souza, que ainda ganhou alguns lances pelo alto, mas logo era desarmado.

Quem esteve mais perto de ampliar a vantagem foi o Vasco. A equipe, inclusive, chegou a marcar o terceiro gol, com Gabriel Pec, mas o meia foi flagrado em posição irregular após linda jogada do estreante Guarín.

Gols perdidos

No segundo tempo, inclusive, o Vasco abusou de perder gols. Em diversas oportunidades, ficou cara a cara com Diego Cavalieri, que, em noite inspirada, evitou o pior. Nos rebotes, melhor para os defensores do Botafogo, afastando o perigo.

Fonte: (ge)