Análise: Vasco joga como candidato ao acesso, porém o tempo é curto
É raro encontrar na Série B do Campeonato Brasileiro uma atuação no nível da que o Vasco teve ao derrotar o Goiás. O desempenho do time nas últimas quatro rodadas, nem sempre acompanhado de resultados e por duas vezes castigado com gols sofridos no fim das partidas, em teoria credencia o time ao acesso. A questão é que o Vasco não vive circunstâncias normais. O início da campanha transforma esta caminhada numa corrida contra o tempo.
Se mantiver o nível, tudo indica que a equipe vencerá um bom número de partidas nas últimas 11 rodadas da segunda divisão. O que é difícil garantir é que será o suficiente para tirar a diferença que hoje é de quatro pontos e três posições para o G-4. Em especial levando em conta que o jogo com o Goiás abriu a rodada, ou seja, todos os rivais ainda vão jogar.
O que aconteceu no Vasco com Diniz não é regra no futebol. O normal é treinadores precisarem de algum tempo, em especial quando levam para suas equipes modelos autorais. Diniz não foi diferente em seus outros trabalhos, mas chama atenção a rapidez com que este Vasco assimilou algumas bases do que propõe o treinador. Primeiro com a bola, agrupando em torno dela, assumindo a disposição de praticar um jogo de grande mobilidade e troca de passes curtos ao construir jogadas. Por vezes, era possível ver Morato, Nenê e Marquinhos Gabriel, em tese os três meias do time, juntos no mesmo lado do campo, tendo a companhia do lateral, de um dos volantes ou até de um zagueiro que saía de trás conduzindo a bola.
Por falar em zagueiro, Diniz costuma valorizar a valentia, a disposição de assumir o que se convencionou chamar de risco. E os dois gols começam em conduções de bola de Leandro Castán. Em especial no primeiro, seu trabalho de saída de bola é primordial. Na sequência, uma combinação curta termina com Riquelme chegando à lateral da área em ótimas condições para cruzar. Na comemoração, o choro do jovem lateral foi a mais tocante cena da noite.
Outra marca recente deste Vasco pode ser vista, ao mesmo tempo, como razão de seus melhores momentos mas também de suas oscilações. Sem a bola, é notável como, mesmo com uma equipe por vezes leve, o time tem apostado na pressão ofensiva que tenta sufocar os rivais. O Goiás teve imensa dificuldade para jogar no primeiro tempo e no início do segundo. Foi o bastante para o Vasco abrir 2 a 0, o segundo gol após grande passe de Nenê, sempre perigoso ao se mover pelo centro e pelos lados nas imediações da área. No entanto, mais do que mera estatística, os empates sofridos no fim dos jogos contra CRB e Cruzeiro indicavam um padrão: o ritmo inicial é tão alto que, seja por característica dos jogadores, seja por mera impossibilidade física, o time reduz a intensidade na segunda parte dos jogos. E nem as substituições têm recuperado o ritmo.
O Goiás, que finalizara somente três vezes na primeira etapa, concluiu 14 vezes na segunda. Algumas, levando certo perigo. No fim, acumulou mais arremates do que os vascaínos, inclusive. No entanto, não estragou a noite de São Januário em que, aglomerações à parte, a torcida do Vasco mostrou que pode ser, junto aos progressos do time, o impulso restante para a reta final da Série B.
Fonte: Globo EsporteMais lidas
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