Análise: Vasco fugiu do seu estilo no clássico contra o Flamengo
O Vasco perdeu por 3 a 2 para o Flamengo e viu a vantagem na semifinal trocar de lado. Foi um clássico em que o time saiu na frente, foi competitivo, poderia até ter uma sorte melhor, mas deixou um pouco de lado sua identidade, ainda em formação.
De fato é um dilema. Por mais que não viva um bom momento, o Flamengo tem muita qualidade. E certamente por isso, talvez de forma inconsciente, o Vasco tentou anular as armas do rival, mas deixou em segundo plano algumas de suas melhores características nesta temporada. Foi um time que teve menos a bola (41% de posse), os laterais pouco apoiaram, o meio-campo tampouco avançou e criou. Ainda assim a equipe fez dois gols - em um erro do adversário e um contra-ataque - e endureceu o jogo.
O desafio no próximo domingo será encontrar o equilíbrio. Obviamente o Vasco não poderá se abrir e atacar inconsequentemente em busca do gol. Mas vai precisar ser mais agressivo sem ficar vulnerável na defesa. É difícil? Sim. Mas o Flamengo se mostrou um time desorganizado taticamente, com a defesa vulnerável, e o exemplo do que pode ser feito está num passado muito recente, quando o Vasco ganhou o clássico, há cerca de 10 dias, pela Taça Guanabara.
- São dois jogos muito diferentes por questão de momento, ajuste. Para esse procuramos mudar o posicionamento do anterior para equilibrar as disputas. Nos defendemos bem no anterior, mas por muito tempo queríamos equiparar. Eles souberam aproveitar as oportunidades, nós desperdiçamos algumas. É um resultado equilibrado, reflete o que foi o jogo - analisou Barbieri.
Surpresa na escalação
Maurício Barbieri surpreendeu ao escalar Galarza no lugar de Rodrigo, que tinha sido impecável no outro jogo contra o Flamengo. O treinador disse que a ideia era ganhar mais passes e consistência. Na prática, Andrey foi recuado para a função de primeiro volante, e o paraguaio jogou pela esquerda para tentar anular os avanços de Matheuzinho.
No início deu certo. O Flamengo tinha a bola, mas não encontrava espaços para atacar. E na primeira vez que se lançou ao ataque, o Vasco saiu na frente, com um belo gol de Gabriel Pec, após falha de Rodrigo Caio.
Aos poucos, no entanto, o Flamengo foi encontrando espaços, muito por conta da movimentação de Arrascaeta e Gabigol. A marcação dobrada do Vasco, com Galarza pela esquerda e Pec pela direita, já não conseguia conter os avanços de Matheuzinho e Ayrton Lucas.
Mas o adversário, com uma linha desorganizada de três zagueiros, também deixava espaços. O problema é que, para tentar conter os avanços do Flamengo, Andrey e Jair estavam muito recuados, e o ataque ficava isolado. Faltou aproximação entre Pedro Raul e Alex Teixeira com os meias. Faltou também velocidade ao centroavante, em alguns lances nas costas da defesa rubro-negra.
Era, no entanto, uma partida aberta, quando Capasso teve um erro infantil, errou a saída de bola e entregou o segundo gol de presente para Pedro. O Flamengo foi com a vantagem para o intervalo.
Golaço dá esperança
Barbieri voltou com Marlon no lugar de Galarza. O meia entrou no lado esquerdo, mas a ideia era dar mais qualidade ofensiva e buscar uma maior aproximação entre o meio de campo e o ataque. Marlon não entrou bem, mas o Vasco buscou o empate em um belo contra-ataque iniciado e concluído por Alex Teixeira, com participação importantíssima de Pedro Raul.
Em um jogo de tantas alternativas, no entanto, foi o Flamengo que chegou à vitória em uma jogada de bola parada, em que houve indefinição entre Léo Jardim e a defesa.
Novamente em desvantagem, Barbieri mexeu bastante no time, mas o Vasco não encontrou forças para criar e acabou ficando exposto. Léo Jardim evitou o quarto gol do Flamengo com uma bela defesa em chute de Pedro.
Foi um clássico em que o Vasco brigou, se entregou e foi competitivo, mas também errou e pagou por isso. Nem tudo está errado, no entanto. Ficou a sensação de que é uma questão de ajustes e postura contra um adversário qualificado. O Vasco precisa sim reforçar a marcação, mas também não pode abrir mão de sua agressividade, talvez o ponto mais alto da equipe de Barbieri nesta temporada. Precisa apenas de uma vitória simples. A semifinal está aberta.
Fonte: geMais lidas
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