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Análise: Vasco foi superior no jogo e não deu chances ao Coritiba

Com constante troca de posições, dinamismo e intensidade, time é melhor durante os 90 minutos e sofre por pouco minutos após erro grosseiro de Ricardo Graça.

O longo foguetório antes de a bola rolar que fez lembrar os velhos tempos de São Januário parecia anunciar que o Coritiba não respiraria e nem veria a bola na tarde de sábado. Dono do meio campo, o Vasco confundiu o líder da Série B com constantes trocas de posições, muita intensidade e marcação no campo de ataque até o fim. Venceu merecidamente por 2 a 1 e está vivo na briga pelo acesso.

O coletivo foi determinante, e a estratégia de compactar o time desde a marcação na saída de bola rival deu certo novamente. Dessa forma, o Vasco sufocava o rival em seu campo e atacava com muito mais peças quando roubava a bola. Isso ficou cristalino no gol de Cano, o primeiro do jogo.

Além da convincente atuação coletiva tanto em termos de organização quanto na entrega, a torcida vascaína foi brindada com uma tarde inspirada de Riquelme, que fez os mais antigos lembrarem de outros canhotos que sobraram naquele setor. Deixemos os nomes de lado para não sobrecarregar o garoto de 19 anos.

Uma estatística fala tudo sobre a atuação de Riquelme. O Vasco acertou 10 dribles no jogo, seis destes foram dados pelo lateral-esquerdo, que errou apenas dois dos oito tentados. 

Vasco amassa o líder na etapa inicial

Qual foi o significado de meio campo na primeira etapa do duelo entre vascaínos e paranaenses? O dicionário de Fernando Diniz diz o seguinte: "Propriedade do Vasco". O time sobrou no setor e não saiu do campo adversário com aproximação e domínio da posse de bola.

Com muito dinamismo e trocas de funções constantes, o Vasco sobrou. Bruno Gomes e Marquinhos Gabriel se revezavam na saída de bola, enquanto Pec, Nenê e Morato confundiam a defesa do líder da Série B.

Com o meio em suas mãos, as melhores chances naturalmente foram vascaínas. Os times, aliás, foram para o intervalo com o Vasco liderando o quesito finalizações com um impressionante 7 a 1.

O gol foi o maior retrato da atuação do time de Diniz. O time ficou 25 segundos com a bola, que passou pelos pés de quase todos. Somente Lucão, Leandro Castan e Riquelme não encostaram nela.

Zeca, que deu bote preciso no início da jogada e achou Morato com a parte de fora do pé, e Marquinhos Gabriel foram os mais ativos na jogada. Nenê, como de praxe, deu o passe de classe, e Cano mostrou o oportunismo de sempre.

A aproximação do time no lado direito desde a faixa central até a linha de fundo no lance do gol foi muito interessante, sobretudo com a presença de Zeca, Marquinhos Gabriel, Bruno Gomes, Ricardo Graça e Morato por ali até a bola chegar a Nenê, Pec e Cano na área.

Furada gera pânico no início, mas time volta a ser melhor e mostra vontade de vencer até o fim

Depois de um primeiro tempo de almanaque, o Vasco levou o empate na saída de bola do segundo tempo. Ricardo Graça furou feio ao tentar cortar cruzamento, e Léo Gamalho marcou. Aos 15 segundos!

O sofrimento duraria pouco já que Nenê desempatou aos dois minutos e 32 segundos. Duraria porque o vascaíno presente a São Januário teve de roer unhas por quase cinco minutos com o famoso lance ajustado. Confirmado o gol, palmas para o veterano e também para o garoto Riquelme, grande figura do segundo tempo e que mostrou estar ligado ao aproveitar o corte da zaga adversária e chutar cruzado para encontrar o pé do camisa 77.

No lance do gol, Leandro Castan, Zeca e Marquinhos Gabriel trataram de abraçar Ricardo Graça, que ainda mostrou intranquilidade em outros lances, mas depois conseguiu fazer o feijão com arroz.

Passado o susto, o Vasco mostrou o quanto queria jogo. A linha de zaga por várias vezes apareceu à frente do círculo central, e um lance aos 28 minutos exemplificou bem isso. Com os defensores adiantados, o time marcava em bloco na ponta direita quando Cano bloqueou uma saída do Coxa com um carrinho arrojado. A luta do argentino levantou a galera.

Com o Vasco em cima e confiante, uma figura encantava a torcida: Riquelme. Deu elástico, cruzamento de três dedos e distribuiu dribles desconcertantes. Foi o atleta que mais teve o nome gritado na tarde de sábado. Merecidamente.

Menção honrosa também a Marquinhos Gabriel, principal figura do meio de campo vascaíno, setor que venceu o jogo. Ajudou na construção desde a saída de bola e teve alto índice de participação, justamente o que a torcida tanto o cobra.

Apesar do destaque dos dois canhotos mencionados anteriormente, o coletivo prevaleceu, e os mais de seis mil vascaínos presentes a São Januário tiveram motivos de sobra para deixar o estádio gritando "O Vasco é o time da virada". É para acreditar.

Fonte: Globo Esporte