Análise: Vasco encontra padrão de jogo e tem características do técnico
Depois de 10 partidas é possível afirmar que o Vasco de 2023 tem um padrão de jogo e, a cada semana, se adequa um pouco mais ao estilo de Maurício Barbieri - o de um time que busca o gol a todo instante. Foi assim na goleada por 4 a 1 sobre o Boavista, na noite da última segunda-feira.
O Vasco deixou São Januário com 20 finalizações ao gol de Fernando e pelo menos mais sete boas chances de marcar. A ansiedade de balançar as redes, inclusive, fez o time ceder mais contra-ataques do que o normal ao adversário, mas nada que atrapalhasse o desempenho sólido da equipe de Barbieri.
Um dos pontos de evolução é justamente a conclusão a gol. Se há três jogos o Vasco desperdiçou chances claras e acabou derrotado pelo Fluminense, na última noite conseguiu converter o alto volume ofensivo em gols e matou o jogo ainda no primeiro tempo. Contra o Trem-AP, pela Copa do Brasil, o time já havia marcado quatro vezes, mas perdeu bem mais oportunidades.
No primeiro tempo em São Januário funcionou a dobradinha Alex Teixeira e Pedro Raul. Os dois melhores jogadores em campo se serviram para levar a vantagem de 2 a 0 para o intervalo. Primeiro, o camisa 9 recebeu passe do meia-atacante para chutar rasteiro no canto. Depois, o camisa 7 aproveitou excelente pivô do centroavante para ampliar.
Entre um gol e outro, o Vasco teve quatro chances perigosas para marcar em finalizações de Pec (duas vezes), Alex Teixeira e Puma Rodríguez, que acertou a trave. Uma das marcas do trabalho de Barbieri é, sem dúvidas, a capacidade de criar chances.
O time tem sede de gol, e todo mundo contribui para isso, começando por Léo na zaga, passando pelos volantes até chegar às pontas com os laterais e os atacantes. Jair distribui as jogadas no meio e a todo momento pisa na área, sempre com qualidade. Rodrigo deu ótimo passe vertical para Pedro Raul no lance do gol de Alex Teixeira. Pumita e Piton incomodam muito pelos lados.
O que falta ao Vasco de Barbieri é talvez explorar mais as jogadas pelo meio - o time explora muito os lados e, com laterais tão ofensivos, poderia aproveitar melhor os pontas por dentro. Alex Teixeira, na função de um camisa 10 de ofício, tem aparecido mais pelo setor. É uma forma de aproveitar também um dos grandes atributos de Pedro Raul, que é o pivô.
Diferentemente do que aconteceu contra o Trem, quando o lado esquerdo foi mais explorado, o Vasco acionou mais o lado direito diante do Boavista, com Puma e Pec se entendendo muito bem. O atacante finalizou três bolas muito perigosas, e o lateral acertou mais cruzamentos do que o usual.
O Vasco de 2023 consegue dominar o adversário e controlar o resultado - o placar chegou a marcar 2 a 1 em São Januário, mas a vitória nunca esteve em xeque. A consistência e a intensidade, que se perdeu um pouco no segundo tempo até pelo forte calor do Rio de Janeiro, dão a impressão ao torcedor de que o time não corre riscos. E de fato não correu.
- Faltaram alguns ajustes, cedemos um pouquinho mais de contra-ataques que o habitual. Acho que até que a gente estava ansioso para fazer mais gols, e isso fez com que a gente acabasse errando alguns passes que não deveria - avaliou Barbieri.
No segundo tempo, mesmo após ter sofrido o gol em erro na saída de bola com Jair, o Vasco não se desestabilizou. Conduziu bem o jogo e passou a maior parte do tempo no ataque. Porém, é preciso apertar a marcação atrás e diminuir os espaços - foram 11 finalizações cedidas.
As modificações de Barbieri contribuíram para manter o nível e o ritmo - Nenê, por exemplo, cobrou o escanteio e a falta que resultaram nos gols de Puma e de Pedro Raul, respectivamente.
O treinador teve tempo de aproveitar as substituições para fazer um teste e dar mais minutagem a Rayan, de apenas 16 anos. Com boa imposição física, o atacante tentou duas finalizações - uma cabeçada passou bem perto do gol adversário - e agradou na primeira chance com Barbieri.
Rayan se junta a outros garotos que começaram a temporada ganhando o prestígio de Barbieri, como Rodrigo, Barros e Erick Marcus. Joias da base que serão desenvolvidas ao longo do ano e que provam que um time qualificado e bem treinado pode ajudar a solidificar os talentos.
Com as ponderações positivas e negativas dos 10 primeiros jogos, Maurício Barbieri terá cinco dias para definir qual estratégia usará no terceiro clássico do Vasco em 2023: no próximo domingo, às 18h10, o time enfrenta o Flamengo no Maracanã.
Fonte: GE