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Análise: Serginho, o herói improvável

Quis o destino que o herói improvável fosse Serginho, que entrou no lugar de Payet, o camisa 10 decisivo que vinha em boa noite, iniciando como titular. O camisa 70, que vinha perdendo espaço nos últimos meses, ganhou nova chance, e fez dela história: apareceu para cabecear em jogada de Paulo Henrique, outro que voltou ao time titular, e carimbar o Vasco de vez na elite do futebol brasileiro em 2024.

Os extremos de emoção estiveram presentes em toda a partida. E começaram com o gol de Paulinho, a primeira grande história da noite. Nesta reta final de campeonato, o meia vinha atuando no sacrifício, com um problema no ombro direito. Ontem, começou no banco depois de semanas, e acabou entrando quase por acaso, quando Marlon Gomes sentiu o tornozelo — já havia pisado na bola minutos antes — ainda no primeiro tempo. De família vascaína, o meia, que havia visto seu primeiro gol com a camisa do clube ser anulado contra o Palmeiras, desencantou logo quando o clube mais precisava: roubou bola no meio, levou até a frente da área e arriscou. A bola desviou em Luan Cândido e matou Cleiton no lance.

Além do gol, o camisa 18 transformou a fase de construção do Vasco, que passou a ser mais agressivo pelo meio e chegar com mais velocidade no ataque pela direita. E foi assim que o time de Ramón Díaz, muito modificado (Payet, Paulo Henrique e Praxedes foram as novidades), encontrou as melhores chances na primeira etapa.

A vibração dos gols de Fortaleza e Atlético era marcante em São Januário. Mas num momento daqueles melancólicos do futebol, rapidamente se foi, num gol pouco esperado do Massa Bruta, que não se retraiu e buscou o empate. Hurtado já havia feito boa jogada e assustou Léo Jardim. O gol sairia pouco depois, com o zagueiro Léo Ortiz, em bobeada da defesa cruz-maltina.

Catarse no fim

Mas a noite seria vascaína. Ontem, o roteiro não seria cruel. Seria de catarse. O gol de Serginho começou a ser construído na expulsão de Léo Realpe, provocada pelo próprio atacante minutos antes. Ele saiu na frente da defesa e acabou derrubado pelo equatoriano quando ia na direção do gol. O árbitro Wilton Pereira Sampaio chegou a dar amarelo, mas corrigiu para o vermelho após checagem no monitor do VAR.

O momento foi a chave para o Vasco buscar o gol. Com um a mais, os corredores passaram a ficar livres, e Paulo Henrique fez de uma dessas oportunidades o caminho da retomada, se livrando da marcação e cruzando para Serginho. O cruz-maltino ainda teve a oportunidade de fazer o terceiro, mas parou em grande defesa de Cleiton.

O fim de jogo marcou enfim a festa que o vascaíno aguardou tanto tempo para fazer, e chegou a ficar na dúvida se faria. Depois de um primeiro turno desastroso, Ramón Díaz, Vegetti, Gabriel Pec, Payet, Paulinho e companhia colocam o cruz-maltino na lista dos maiores milagres da história do Brasileirão. Nas arquibancadas, houve de tudo: provocação ao Santos, rebaixado, xingamentos ao diretor de futebol Paulo Bracks e muita exaltação a Ramón, Emiliano e aos atletas.

O Vasco agora pode respirar e olhar para a frente. No primeiro ano de SAF, após investimentos de mais de R$ 100 milhões que fizeram o torcedor sonhar, e depois se desiludir, o cruz-maltino, em breve presidido no associativo pelo ídolo Pedrinho, sorri e vê uma esperança concreta de dias vitoriosos pela frente.

Fonte: Agência O Globo