Análise: Mesmo com o empate no clássico, Vasco tem pequena 'vitória'
Havia uma falta de autoestima evidente na reta final do Vasco no Campeonato Brasileiro. Tratava-se de um time que não tinha a crença de que poderia escapar do rebaixamento porque não confiava mais na sua capacidade de jogar bem e vencer os jogos que precisava para seguir na Série A. Então, quando se enfrenta o quinto colocado no último Brasileirão e consegue um desempenho elogiável em alguns bons momentos, trata-se de uma pequena vitória, ainda que o jogo com o Fluminense tenha terminado em 1 a 1.
É disso que o Vasco precisa atualmente: seguir evoluindo em termos emocionais e técnicos, gradativamente, até o momento em que as vitórias serão sim necessárias, na Série B. Ou o Vasco sobe esse ano ou os estragos de mais uma temporada na Segunda Divisão serão comparáveis ao de uma pandemia sobre um país desgovernado. É possível imaginar?
Há garotos desabrochando bem na equipe titular e a manutenção das expectativas baixas até quando for possível é necessária para não queimá-los. Gabriel Pec e Galarza crescem e entregam uma intensidade de jogo que agrada Marcelo Cabo. Ao longo da temporada, podem oscilar e, principalmente o segundo, deverá ser transformado numa espécie de 12º jogador. Não tem problema, caso seja. É jovem e o Vasco precisará de peças de reposição ao longo da Série B.
Existe uma organização melhor da equipe, em comparação com a temporada passada. Faltam mais jogadas trabalhadas, como pareceu ser a do gol marcado por Cano. Se foi um movimento mecanizado, já simulado em treinos, que bom, e que seja repetido: a vinda de Andrey de trás, surpreendendo a linha defensiva rival, em vez de um jogo posicional muito estático.
As limitações ainda são evidentes, algumas mais difíceis de corrigir, como a da saída de bola. Quando pressionada, a defesa do Vasco não tem muitas rotas de fuga. É assim desde o ano passado. Contra o Fluminense, a fraqueza saltou aos olhos e um adversário mais ligado no ataque irá se aproveitar. É preciso orquestrar movimentações no meio que deem opções aos jogadores de defesa. Eles sairão da pressão com passes verticais a serem executados em corredores abertos. Para isso, o time depende também de recurso técnico, da qualidade do zagueiro para dar o passe. É o caso de Marcelo Cabo pesar e tentar encontrar dentro do elenco os defensores que conciliem melhor a marcação com a saída de bola.
O Vasco tem tempo, reforços para estrear e entrosamento a ganhar até o começo da Série B. Tudo isso pode ser bem aproveitado se a diretoria não ceder a imediatismos. A frieza dos números diz que o time tem apenas uma vitória em oito jogos na temporada e que, pelo andar da carruagem, não deve se classificar para a semifinal do Carioca. Já o calor do contexto afirma: deixa estar que o que interessa está por vir.