Futebol

Análise: Lisca precisa fazer o simples

Derrota para o Londrina evidencia problemas em série, o que deve fazer o treinador mudar a forma de o time jogar. 

A derrota para o Londrina pode ser explicada por dois erros individuais que geraram os gols do adversário no 2 a 1. Porém, o contexto da atuação, o trabalho de Lisca e a formação do elenco pela diretoria mostraram que a participação do time de São Januário no primeiro turno da Série B foi abaixo da crítica.

Entre a análise simplória e a mais elaborada, a certeza é de que o Vasco não teve um boa atuação sequer na primeira parte do campeonato. Está em décimo, com 28 pontos, três a menos do G-4 - pode perder duas posições ao término da rodada nesta quinta-feira. Para melhorar e confirmar ser um dos favoritos ao acesso à Primeira Divisão, o caminho parece ser um só: o treinador precisa fazer o simples.

O próprio Lisca admitiu tal necessidade. Ao pedir desculpas ao torcedor e admitir que o trabalho ainda não encaixou, o técnico apontou uma drástica mudança, a começar por sábado, diante do Operário-PR. A tentativa de propor o jogo dará lugar a um futebol reativo.

- Não estamos achando essa química para o time ser mais competitivo e assertivo. Hoje é lamentar e pedir desculpas para o torcedor do Vasco. Realmente, não consigo fazer o que quero. Talvez os jogadores estejam com dificuldade de assimilar as informações. Talvez tenhamos que fazer um futebol mais simples, com linhas mais baixas, jogando no erro do adversário. Não é o que eu quero, o que o Vasco quer. Mas saindo para o jogo estamos muito vulneráveis, estamos tomando muitos gols. Tem muita coisa ruim, muita coisa errada. Eu, como treinador, ainda não consegui encaixar aqui no Vasco - analisou o comandante.

Com Lisca, o aproveitamento do Vasco na Série B é de 50%: três vitórias, três derrotas, oito gols a favor e sete contra - tem mais duas derrotas na Copa do Brasil. O problema é que ele não melhorou o desempenho em relação a Marcelo Cabo. Com isso, o time soma sete derrotas no primeiro turno, um número alto na comparação com as outras vezes nas quais disputou a competição: seis derrotas no total em 2009, sete em 2014 e 11 em 2016.

Ao enfrentar o Londrina, um time que estava na zona do rebaixamento à Série C, o Vasco tentou ser propositivo. Mas foi mal. Não conseguiu ocupar o campo adversário e ter maior volume, com posse de bola e troca de passes. Reteve a bola na zona morta, sem nenhuma profundidade, o que fez Cano sofrer isolado. Marquinhos Gabriel não tem velocidade para jogar pelo lado e, com isso, acaba indo ao meio, o que prejudica o funcionamento do time com ele e Sarrafiore juntos. Resultado: o Vasco não machucou o rival. Erros de Lucão e Ricardo Graça completaram a péssima noite.

Lisca, na verdade, sofre do mesmo problema que Cabo sofreu. O elenco não tem os jogadores mais adequados para o estilo de jogo propositivo. Faltam peças mais velozes, falta um meia que arme o jogo com mais qualidade e faltam atletas mais intensos fisicamente. Mesmo assim, registre-se: deveria render mais e é plenamente suficiente para estar no G-4 da Série B, uma competição sabidamente fraca tecnicamente. Para tal, o trabalho do técnico tem de melhorar e os jogadores precisam render mais.

Antes de ser demitido, Cabo fez o que Lisca pensa em fazer. Mudou o esquema, reforçou a marcação e passou a ser reativo. Verdade que conquistou alguns resultados, mas o time não teve regularidade, voltou a vazar e nunca jogou bem. Cabe ao atual comandante mudar a escrita. Apesar do pouco tempo para treinar, é perfeitamente possível.

Fonte: Globo Esporte