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Análise: Falta de criatividade e oscilação atrapalham

Os números mostram que o Vasco foi melhor que o Botafogo no clássico deste domingo, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, no Nilton Santos. O placar, porém, diz outra coisa. Apesar do bom primeiro tempo e de alguns momentos de lucidez no segundo, o Cruz-Maltino perdeu por 1 a 0 para o rival e se manteve na lanterna do Brasileirão, com apenas três pontos.

Novamente numa escalação com três volantes, mas com peças diferentes (Fellipe Bastos no lugar de Raul, suspenso), o Vasco foi melhor quando se preocupou em se defender para sair no contra-ataque. Quando teve de propor algo, escancarou suas deficiências, como a falta de criação no meio de campo.
 

Contra-ataques perigosos

No primeiro tempo, principalmente por estar jogando em casa, o Botafogo ficava com a bola, mas não conseguia passar pela defesa do Vasco. O time comandado pelo técnico Vanderlei Luxemburgo se postava bem atrás do meio de campo, com as linhas próximas e três volantes que não davam espaços para o Alvinegro.

Automaticamente, os rápidos atacantes, Rossi, Marrony e Tiago Reis, tinham espaço para puxar contra-ataques e quase aproveitaram pelo menos uma chance que criaram. Em lance rápido pelo meio, Tiago achou Rossi, que devolveu já dentro da área para o companheiro acertar a trave. Foi a principal oportunidade de gol do Vasco no clássico.

A falta de criatividade

Muitos dos lances de contra-ataque, porém, paravam na falta de criatividade, já que o Cruz-Maltino entrou em campo sem um meia armador. Os volantes, principalmente Marcos Júnior e Lucas Mineiro, ficaram responsáveis pela ligação entre zaga e ataque, enquanto Fellipe Bastos ficava mais recuado para proteger os zagueiros.

 

Quando tinha de propor o jogo, então, aí é que o Vasco sofria para criar lances de perigo. Rossi, pela direita, tem como qualidade a velocidade, mas não costuma ter companhia para, por exemplo, tabelar. Aí, pega a bola e tenta ganhar dos adversários "na marra". Muitas vezes, dá errado. Em algumas outras, o atacante leva vantagem.

Quando Yan Sasse entrou na vaga de Lucas Mineiro no meio, o Vasco passou a ter um pouco mais de criatividade. O jogador, apesar de ter sido revelado pelo Coritiba atuando mais aberto, fez bem a ligação entre zaga e ataque, mas também não conseguiu criar lances de perigo.

Talles Magno, uma boa notícia

Quando entrou, Talles Magno, de apenas 16 anos, viu em poucos minutos o Botafogo abrir o placar no Nilton Santos. Mesmo assim, não se intimidou. Pela esquerda, com Marrony centralizado, o garoto deu trabalho para a zaga do Botafogo. Driblou, correu, partiu para cima e tentou, com lances ousados, furar o bloqueio alvinegro.

Não conseguiu, mas mostrou ao técnico Vanderlei Luxemburgo que, com uma dose de ousadia e até de "irresponsabilidade", pode ajudar o Cruz-Maltino a resolver um problema antigo: a falta de confiança.

Oscilação

Até então bem no jogo, o Vasco precisou de apenas um vacilo para sofrer o gol e perder o rumo no clássico. Em um lance pela esquerda, Rodrigo Pimpão cruzou para Diego Souza, entre Ricardo e Fellipe Bastos, abrir o placar para o Botafogo. O meia teve tempo para dominar e bater no gol, sem chances para Sidão.

A partir daí, o Vasco teve de propor o jogo contra um Alvinegro que já não tinha mais pressa nem necessidade de ficar com a bola. Apareceram, então, as principais deficiências. A equipe comandada por Vanderlei Luxemburgo não conseguia achar espaços com passes em profundidade. Contava, apenas, com os rápidos Talles Magno e Rossi pelos lados. Não foi o suficiente.
 

Os números

Mesmo com diversos problemas, o Vasco apresentou uma clara evolução contra o Botafogo. Foi mais organizado do que nos últimos jogos e confirmou a impressão que já tinha deixado contra o Fortaleza: a formação com três volantes parece ser o caminho mais curto para um restante de temporada mais tranquilo.

Mesmo com menos posse de bola, o Vasco finalizou 17 vezes, contra apenas seis do rival, e ainda criou quatro chances claras de gol, contra só uma do Botafogo. Também teve nove jogadas de linha de fundo.

Fonte: (ge)