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Análise: Empate contra o Palmeiras diz muito sobre limitações e esperanças

No começo da noite deste sábado, enquanto os jogadores do Vasco davam entrevistas na zona mista da arena do Palmeiras e falavam com satisfação sobre o empate por 1 a 1 com o time da casa, era possível escutar os gritos de protesto de torcedores palmeirenses, irritados com sua equipe – líder de um campeonato do qual é a atua campeã. É um sinal do abismo que separa o Vasco dos melhores times do país no momento – e do esforço que os jogadores cruz-maltinos precisam fazer, e vêm fazendo, para formar um time competitivo.

Empatar com o Palmeiras fora de casa é um bom resultado. Com os reservas do Palmeiras (foram oito suplentes na escalação inicial), nem tanto. Mas é preciso entender que os jogadores vejam cada pequeno passo como uma grande conquista. Ressalte-se o que disse o goleiro Fernando Miguel depois do jogo:

– Talvez não sejamos os atletas que vão ser campeões brasileiros, que vão ter aquele grande título, aquilo que o torcedor quer tanto ver. Mas somos jogadores empenhados em fazer o Vasco voltar a bater de frente com todos os clubes do Brasil.

É um bom ponto. Para que o Vasco volte a vencer um time como o Palmeiras fora de casa, será preciso primeiro empatar com os reservas, tendo um terço das finalizações do adversário (cinco contra 15), um terço das chances reais de gol (duas contra seis), menos posse de bola (39% contra 61%). É duro, para clubes do tamanho do Vasco, ter que fazer exercícios de humildade como esse: reconhecer-se participante de um campeonato diferente daquele que disputam os times melhor colocados na tabela. Mas é preciso.

E os sinais são bons. O Vasco de Luxemburgo é um Vasco mais seguro. Desde a volta da Copa América, o time perdeu para o Grêmio, virou um clássico contra o Fluminense e agora empatou com o Palmeiras – dois jogos fora, um jogo em casa. Terminará a rodada fora da zona de rebaixamento e irá para a próxima, a 13ª, com boas chances de ganhar terreno na tabela, já que pega o CSA no estádio Kleber Andrade, em Cariacica-ES, no domingo.

Se repetir o desempenho do jogo contra o Palmeiras, a tendência é de vitória. Em São Paulo, o Vasco saiu na frente cedo, aos dois minutos, em gol de cabeça de Marrony após ótimo cruzamento de Valdívia em cobrança de escanteio. Mas cedeu o empate ainda no primeiro tempo, consequência de pênalti cometido por Leandro Castan – toque dentro da área.

Depois, o Palmeiras teve a bola, rondou a área cruz-maltina e fez Fernando Miguel trabalhar mais do que Weverton – o goleiro vascaíno fez boas defesas no segundo tempo. Luxemburgo tirou Valdívia (poderia ter tirado Bruno César, pior no jogo) para colocar (o muito promissor) Talles Magno – e acertou na entrada de Marcos Júnior no lugar de Marquinho. O time conseguiu se segurar bem até o final, e o próprio Marcos Júnior acertou o travessão ao pegar o rebote de boa jogada de Yago Pikachu.

Foto: Marcos Ribolli/GloboEsporte.comJogadores comemoram gol de Marrony

Também foi animador ver Vanderlei Luxemburgo, depois do jogo, fazer uma leitura correta da partida. Disse ele:

– Eles realmente estiveram mais próximos da vitória do que nós, mas tivemos a bola do Marcos Júnior, tivemos outra possibilidade. Empatar com o Palmeiras aqui, dentro do campeonato que estamos jogando, (é bom). Ficamos devendo um pouquinho na parte de jogar com a bola no pé, mas jogamos e marcamos. Dentro da nossa estratégia, dentro do que queremos, empatar com o Palmeiras aqui está muito bom. Eu quero que o Vasco volte a ser o Vasco, da maneira como tem de ser. Jogar marcando o adversário, mais reativo, mas também jogando como Vasco.

Depois do jogo contra o CSA, o Vasco tem clássico com o Flamengo, recebe o São Paulo, visita o Cruzeiro, recebe o Bahia e encerra o primeiro turno contra a Chapecoense fora de casa. Não é o pior dos mundos. É plenamente possível ao menos manter o aproveitamento de 50% alcançado desde a chegada de Luxemburgo – suficiente para encaminhar um returno sem grandes sustos.

Fonte: ge