Futebol

Análise de Vasco 2 x 0 São Paulo

"Foi o melhor jogo do Vasco". A frase do técnico Vanderlei Luxemburgo, questionado se a vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo teria sido a melhor apresentação da equipe sob seu comando, resume bem o que foi a volta do Cruz-Maltino a São Januário, neste domingo. Com alterações importantes, marcação, velocidade e Talles Magno em uma tarde inspiradíssima, os donos da casa neutralizaram o Tricolor, em alta depois da Copa América.

Os números mostram, inclusive, que se enganou quem pensou que o Vasco, escalado com quatro volantes de origem, ficaria mais na defesa do que com a bola nos pés. O Cruz-Maltino teve 60% de posse de bola, finalizou 14 vezes (contra três do adversário) e teve nove chances reais de gol (contra somente uma do São Paulo). Além disso, o Cruz-Maltino acertou 367 passes, e o Tricolor, 283.

A vitória soberana do Vasco passou, é claro, também pela expulsão do atacante Raniel, do São Paulo, ainda no primeiro tempo, mas muito mais pela postura dos jogadores e pelo futebol irreverente de Talles Magno. Aos 17 anos, o garoto fez seu primeiro gol como jogador profissional, correu para a galera e garantiu a vitória cruz-maltina - Fellipe Bastos fez o segundo para fechar o placar.

O técnico Vanderlei Luxemburgo mudou, no papel, a formação do Vasco para o jogo contra o São Paulo. Cáceres, titular contra o Flamengo, perdeu a vaga para Andrey, e Pikachu voltou para a lateral direita. Apesar do desenho com quatro volantes, o Cruz-Maltino não se escondeu na porta de sua área. Marcou o Tricolor perto do meio de campo, sem dar espaços.

A formação com Richard, Raul, Andrey e Marcos Júnior fez o Vasco ter a soberania no meio de campo. Ao todo, foram 20 roubadas de bola e 15 desarmes durante a partida. Daniel Alves, por exemplo, recebeu atenção especial dos volantes do Cruz-Maltino para não ter espaço. E realmente não teve.

Os números também comprovam que a marcação reforçada no meio de campo do Vasco neutralizou o setor de criação do São Paulo, que só teve uma chance real de gol durante os 90 minutos em São Januário. Fernando Miguel quase não foi exigido.

Contra-ataques com velocidade

Desde os primeiros minutos de jogo, o Vasco mostrou que apostaria em contra-ataques de velocidade, com Talles aberto pelos lados e Marrony centralizado. O estilo de jogo deu resultado. Ainda no primeiro tempo, mesmo enquanto em campo estavam 11 contra 11, as principais chances foram criadas pelo Cruz-Maltino.

Depois que o placar foi aberto, então, o Vasco passou a ter ainda mais vantagem em lances de contra-ataque diante de um São Paulo que se abriu em busca do empate ou de um gol para diminuir o prejuízo.

Marrony como há tempos não se via

O atacante, que tem recebido atenção especial de Vanderlei Luxemburgo depois de se destacar no fim do ano passado e no Campeonato Carioca, mostrou grande evolução jogando centralizado. De costas para os zagueiros do São Paulo, Marrony conseguiu levar vantagem em dois lances seguidos no primeiro tempo.

As boas jogadas do atacante fizeram a defesa do São Paulo dar, a ele, atenção especial. Assim, os homens que vinham de trás, Marcos Júnior, Raul e Andrey, tinham mais espaço. Talles, pelos lados, também desmontava qualquer chance de o Tricolor ter tranquilidade em São Januário.

Talles Magno teve uma tarde quase noite mágica em São Januário. Desde os minutos iniciais, mostrou que estava ainda melhor do que nas já boas recentes atuações. Pelo lado esquerdo do ataque cruz-maltino, deixou "só" Juanfran para trás em diversas oportunidades. Em uma delas, perdeu boa chance de abrir o placar, mas não se abalou.

O garoto de apenas 17 anos abriu o placar para o Vasco em um lance de calma. Após confusão na área, ficou com a bola entre os marcadores do Tricolor e finalizou, sem chances para o goleiro Tiago Volpi. Depois, ainda criou outras oportunidades claras para o Cruz-Maltino e deu trabalho para a defesa do São Paulo com toda sua habilidade e tranquilidade no auge da adolescência.

União entre campo e torcida

Depois de pouco mais de um mês, o Vasco voltou a São Januário. E mostrou, caso alguém tivesse esquecido, como é importante ter sua casa e seus torcedores como aliados. Até o jogo contra o São Paulo, o Cruz-Maltino já tinha 79,48% de aproveitamento em seu estádio. Os números são prova de que a união entre jogadores e torcedores costumam dar certo na Colina.

- O departamento de marketing só vende se o time ganhar. Então, se eu tenho 19 jogos em casa, porque vou tirar seis para jogar fora? Aqui, você ganha vitórias e dinheiro. E tem patrocinador. Tem uma série de coisas. O Vasco está reconquistando isso - disse o técnico Vanderlei Luxemburgo.

Fonte: ge