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Análise: 'Barbieri encontra nova posição para Alex Teixeira'

Vinte e nove anos depois, Maurício Barbieri tirou as características do segundo atacante da cartola para encontrar um lugar para Alex Teixeira no time do Vasco. Com o mesmo número 7 de Bebeto nas costas, o jogador emplacou a segunda boa atuação seguida em clássicos na vitória sobre o Botafogo, quinta-feira, no Maracanã.

É cedo para cravar, mas Teixeira dá sinais de que finalmente acordou da hibernação. E isso deve ser creditado demais à capacidade de Barbieri de perceber que ele não deve ser escalado como ponta. Velocidade nunca foi exatamente uma virtude do jogador. Além disso, tê-lo naquele lado do campo implica obrigações como vigiar o lateral adversário. Totalmente fora do alcance do jogador.

Tampouco ele tem condições de atuar como um centroavante, como chegou a ser testado ano passado, na Série B. Não deu certo, uma vez que ele não tem nem a imposição física para jogar enfiado entre os zagueiros e nem a noção de posicionamento necessária.

E também não é um meia de criação. Um jogador que vai ocupar o espaço entre as duas linhas intermediárias e distribuir o jogo, buscar o passe em profundidade. Barbieri o considera um meia-atacante:

- Ele começou a carreira como jogador de lado, mas depois foi atuando como falso nove, segundo atacante. Ele se encaixa mais como meia-atacante. Que ele flutue no espaço, que tenha a liberdade para flutuar. Uma coisa que ele teve sempre teve é gol. Conversamos com ele sobre isso, de jogar na área. O Alex vem melhorando a cada jogo.

Contra o Botafogo, Alex Teixeira atuou praticamente ao lado de Pedro Raul, com mais liberdade para dar dois passos para trás e ocupar o espaço entre as linhas. Esporadicamente, quando alguma situação de jogo puxava Pedro Raul para trás, era Alex Teixeira quem se movimentava para ser o jogador mais ofensivo do time.

Foi numa situação dessas, com a posição invertida com Raul, que foi lançado e sairia com grandes chances de fazer o gol se não fosse a falta de Adryelson, que ocasionou sua expulsão.

O incentivo para aparecer muito dentro da área tem permitido que ele explore suas qualidades como finalizador. Estando sempre próximo ou dentro da grande área, cabeceou para fazer o primeiro gol.

É difícil imaginar Alex Teixeira perdendo a vaga no time do Vasco se mantiver o nível. Mesmo com a concorrência de um provável meia, que será contratado, e as entradas de Jair e Marlon Gomes, dois jogadores que podem afetar as orientações táticas a Teixeira por tabela. O camisa 7 é a solução fora de moda, mas quem tem dado resultado.

Bebeto foi talvez o maior segundo atacante do futebol brasileiro. O jogador do setor ofensivo que tem liberdade para se movimentar, trocar de lado em campo, mas sempre próximo do centroavante, pisando na grande área para finalizar, nunca espremido na linha lateral. Eternizou-se na função com a camisa 7 do Brasil, sendo campeão do mundo em 1994. Mas esse perfil há décadas caiu em desuso, perdeu espaço para os atacantes de lado.

Fonte: Agência O Globo