Análise: Alexandre Pássaro deve uma lágrima aos vascaínos
Os cabelos totalmente alinhados e unidos, com ajuda de um gel.
E eu pensei nos fios de cabelos arrancados pelos torcedores do Vasco nos últimos dias. Arrancados em desespero.
E os olhos? Secos como um rio em tempos angustiantes de falta de chuva.
E eu pensei em quantas lágrimas os torcedores vascaínos derrubaram nos últimos dias. Nas três derrotas consecutivas que obrigaram o Vasco a disputar a B uma vez mais.
Não havia nenhuma sintonia entre o que está vivendo Alexandre Pássaro e o que está morrendo o torcedor vascaíno.
Sei comportamento na entrevista coletiva após os 4 x 0 que determinaram o maior vexame esportivo da história vascaína era completamente deslocado da realidade.
Parecia mais um CEO de fabrica de sorvetes comunicando que o lançamento do picolé de frutas vermelhas não havia conseguido sucesso do que o representante de uma torcida gigante que estava sofrendo como nunca.
E quando começou a falar, foi pior. Como bem observou o Casimiro, não se ouviu errei ou erramos. O verbo errar não foi conjugado.
Pássaro realmente não tinha dimensão da tragédia esportiva. Como se fosse algo importantíssimo, disse que estaria com os jogadores até o último jogo. Ora, não é mais que a obrigação. Ele ganha bem para isso, não?
E que, se percebesse que seu caminho estava divergindo do presidente Jorge Salgado, pediria demissão ao final do ano. Precisa esperar até o final do ano para ver que deu tudo errado.
Ele falou ainda que o Vasco já caiu outras vezes. Cruel, muito cruel. Ao justificar seu fracasso, coloca na roda os fracassos anteriores do Vasco.
E disse que o Vasco, em alguns momentos, foi o melhor da Série B. E daí? Na rodada 34, não tem chances de acesso.
Palavras de cursos de auto ajuda. Mídia training total.
Não se esperava de Pássaro uma atitude de viúva desesperada, desgrenhada e chorando alto. Mas um pouco de sofrimento. Uma lágrima, ao menos. Um fio de cabelo fora do lugar.
Um "errei".
Nada.
Fica para a próxima.
Fonte: UOL Esporte