Versão ofensiva ou defensiva? Vasco pesa os benefícios e os riscos
Qualquer torcedor, se perguntado, dirá que prefere seu time marcando em pressão, no campo adversário e buscando o gol a todo momento. Porém, a realidade é um pouco mais complexa: num futebol competitivo como o brasileiro, é preciso fazer apostas certas sobre quando é válido propor o jogo, ou seja, tentar ter a bola e tomar a iniciativa de ataque, e quando é necessário ser reativo, se defender para esperar o erro do adversário. Esse é um dilema que o Vasco e seu técnico, Rafael Paiva, têm enfrentado nesta reta final de temporada.
Paiva falou abertamente em suas duas últimas entrevistas coletivas sobre as mudanças que tenta implementar na equipe, que jogou com linhas mais avançadas e marcando nos campos de Cruzeiro e Atlético-MG, fora de casa, por Brasileirão e Copa do Brasil, respectivamente. Um estilo de jogo que tornou o Vasco um visitante mais perigoso, mas que também criou novos riscos.
Sequência complicada
No recorte dos últimos cinco jogos, que incluem Palmeiras, Flamengo e Vitória pelo Brasileirão, mais os dois duelos com o Athletico pela Copa do Brasil, trecho do calendário dos mais difíceis para o Vasco no ano (apenas um compromisso, contra os paranaenses, foi em São Januário), o time venceu duas partidas, perdeu duas e empatou uma, com a classificação às semifinais do torneio mata-mata acontecendo nesse ínterim.
Essa versão mais reativa não teve números de brilhar os olhos, mas compensou relativamente bem no mais importante, os resultados. Em cálculo baseado em dados do site de estatísticas Sofascore, o cruz-maltino teve as seguintes médias nesses últimos cinco jogos:
- 46,8% de posse de bola
- Um gol marcado e um sofrido por jogo
- 9,6 finalizações realizadas contra 16,2 sofridas
- 3,2 finalizações no gol contra 4 sofridas
- Uma grande chance criada por partida contra 2,6 dos adversários
Próximo passo
Já o Vasco que invade o campo rival e procura criar no ataque, mais aparente nos dois últimos jogos, contra Cruzeiro e Galo, mexeu com algumas tendências: o time passou a ter um pouco menos a bola (44 e 38%, respectivamente), sofreu mais gols (três em dois jogos), manteve a média de gols marcados e variou nas finalizações e grandes chances: contra o Cruzeiro, jogo em que ficou com um a menos nos últimos 19 minutos, criou e acertou mais o gol, próximo do rival (15 a 13 para os mineiros em finalizações, sendo 6 a 4 nas no gol). Teve duas grandes chances contra uma do time celeste.
Já contra o Galo, viu momentos de domínio do time da casa, que finalizou 13 vezes contra 7 do cruz-maltino (6 a 1 nas que foram no gol) e criou 4 grandes chances contra nenhuma do Vasco. Partidas distintas, de empate e derrota, que mostram que o time ainda se acostuma com essa nova proposta.
— Sabemos que o próximo passo é ter mais o controle do jogo com a bola. Em alguns momentos conseguimos, mas oscilamos dentro da partida. Conseguimos ter boas transições, fizemos um gol de contra-ataque, que é uma marca do Vasco. A gente consegue quebrar pressão em alguns momentos, mas não o jogo todo — analisou Paiva após a derrota para o Galo.
Essa nova proposta oferece os riscos dos erros individuais e perdas de bola (que exigem bastante fisicamente na recuperação), bem mais perigosos com as linhas altas, como o cruz-maltino viu contra o Galo. Ao mesmo tempo, potencializa o futebol dos jogadores de velocidade, como Emerson Rodríguez, e dos criadores, como Coutinho e Payet. Além de isolar menos Vegetti no ataque.
Com 11 rodadas de Brasileirão e uma semifinal de Copa do Brasil em desvantagem pela frente, o Vasco pesa os benefícios e os riscos de duas identidades distintas.
Fonte: Agência O Globo
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