Vasco busca outro profissional para o setor após a saída de Renato Santoro

Depois de tentar desestabilizar o Flamengo colocando o jogo de ida da semifinal do Estadual no estádio Nilton Santos, o Vasco visita neste sábado o rival na partida de volta, às 17h45, no Maracanã, onde terá que vencer por dois gols para ir à decisão, vantagem que não obtém no clássico desde 2021. Com o 1 a 0 obtido no primeiro jogo, o Flamengo tenta confirmar o favoritismo e a estabilidade de um elenco campeão diante de um adversário que nos últimos anos flertou com o rebaixamento e promove, desde que virou SAF, uma reformulação constante no time.

Nesse cenário, o EXTRA buscou entender como os dois clubes desenvolvem, cada um à sua maneira, o trabalho emocional com os atletas, e de que forma isso pode pesar no duelo.

No Flamengo, a troca de diretoria trouxe de volta o trabalho de psicologia do esporte no clube, sob o comando de Paulo Ribeiro, ex-Botafogo. A reconstrução do setor se dá em um ambiente de vitórias e em um elenco com poucas reformulações, mas um constante fortalecimento. O fato de o técnico Filipe Luís ter surgido nesse ambiente também é um facilitador para a manutenção dessa estabilidade da equipe, dentro e fora de campo. Além da liderança do comandante, vários atletas passaram a desempenhar esse papel, como Gerson e agora Danilo.

Por conta disso, o trabalho hoje é totalmente voltado para questões da neurociência aplicadas a alta performance. A ideia é que os craques do Flamengo entendam seu cérebro, seu sistema nervoso, e utilizem ferramentas que melhorem seu estado mental geral. Entre elas, estão orientações sobre respiração correta, uso de aplicativos para controle da ansiedade e tecnologias que ajudam na regulação emocional. Mas tudo é aplicado de forma gradativa nesse recomeço, para que os atletas acostumem-se com as ideias e a presença do psicólogo, e possam aderir ao trabalho aos poucos.

Nos últimos anos, alguns jogadores do Flamengo buscaram terapia longe do Ninho do Urubu, entre eles Arrascaeta. A ideia agora é que caso haja abertura e busca por um acompanhamento, a psicoterapia seja feita ainda por um profissional fora do clube, não pelo psicólogo que acompanha o dia a dia.

No Vasco, a estrutura para dar respaldo aos atletas existe muito antes e muito além do treinador. Só que ela ainda é insuficiente para gerar performance. “Eu tenho que trabalhar muito o mental desse time. Quando toma um gol parece que tudo acabou”, afirmou o técnico Fábio Carille depois da derrota para o Flamengo semana passada. Em meio a uma nova reformulação, os talentos Phillipe Coutinho e Payet não subiram o Vasco de patamar como o esperado, enquanto Vegetti se tornou líder pelos muitos gols que contagiam o vestiário, mas não impactam no desenvolvimento coletivo.

O Núcleo de Saúde Mental do Vasco é coordenado pelo psiquiatra Helio Fádel e responde ao Departamento de Saúde e Performance (DESP). Depois da saída do psicólogo Renato Santoro ano passado, o clube busca um outro profissional para o setor. Quem tem de certa forma desempenhado esse papel de motivação e de mostrar a grandeza do Vasco na expectativa por uma melhor performance é o presidente Pedrinho.

Os atletas são avaliados e monitorados continuamente pelos profissionais de saúde mental. Há um trabalho preventivo que visa tanto performance como melhor qualidade de vida, sem esperar que um problema maior ocorra, para, só então, encaminhar a um serviço especializado. Na prática, a psiquiatria e psicologia trabalham em articulação com a Medicina do Esporte. No Vasco, o entendimento é que o futebol como ambiente estressor promove diversas condições mentais, como ansiedade, depressão, insônia e transtornos alimentares. Mas o maior estresse no clube hoje é formar um time de qualidade capaz de competir.

Fonte: Extra Online

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