Payet tenta ser protagonista em clássicos no Brasil após brilhar na França

Dmitri Payet é um dos jogadores mais icônicos da última década do futebol francês, uma fama que construiu, em partes, em grandes jogos. Neste domingo, às 19h, no Maracanã o meia tem tudo para iniciar seu primeiro clássico como titular no futebol brasileiro, justamente num Vasco x Flamengo. Palco em que pode voltar a ser protagonista, como já ensaia neste início de temporada pelo cruz-maltino.

Será o segundo Clássico dos Milhões de Payet. Na temporada passada, ele esteve em campo nos confrontos contra o rubro-negro e o Fluminense pelo Brasileirão, mas em ambos entrou apenas no segundo tempo. Os jogos terminaram em derrota (1 a 0) para o Flamengo e vitória sobre o tricolor (4 a 2). Agora, o camisa 10 inicia o ano em alta como pilar do time vascaíno.

Na França, onde jogou a maior parte da carreira, Payet enfrentou um cenário complicado no Le Classique, o clássico entre o Olympique de Marselha e o Paris Saint-Germain. Nas duas passagens pelo time de Marselha (2013 a 2015 e 2017 a 2023), enfrentou o PSG em franca ascensão após a aquisição catari.

Foram 15 jogos com Dmitri em campo, com apenas uma vitória, dois empates e 12 derrotas. Marcou uma vez e deu três assistências. Mesmo nas boas temporadas dos Olympiens, foi difícil fazer frente ao sempre estrelado elenco parisiense. Quando foi às redes, na Supercopa da França, em 2021, fez bela jogada e concluiu com estilo, mas só diminuiu na vitória por 2 a 1 do PSG, que já havia marcado com Icardi e Neymar.

O cenário muda no clássico entre Marselha e Lyon, o Choc des Olympiques. Foi nele que Payet viveu as maiores emoções. Em 17 jogos, venceu quatro, empatou outros quatro e perdeu nove. Foram três gols e cinco assistências de Dmitri.

— Um jogo é memorável. Em novembro de 2019, o Vélodrome comemorava os 120 anos do Olympique de Marselha com uma grande atmosfera nas arquibancadas. Antes do jogo, o Payet provocou Rudi Garcia, ex-treinador do Marseille que foi para o Lyon. Em campo, ele foi excepcional, marcou dois gols e jogou 60 minutos de altíssimo nível. É seu maior "jogo grande" na França com o Olympique de Marselha. Pra alguns torcedores, é a melhor performance da sua carreira no clube — conta Thibaud Jouffrit, repórter do jornal Le Figaro.

Payet abriu o placar de pênalti e iniciou a jogada do segundo gol com um carrinho no meio-campo, fatiando para López e recebendo de volta na entrada da área para finalizar bonito. O jogo terminou 2 a 1, com Moussa Dembelé descontando. Antes da partida, Payet tinha dito que naquele momento o Marselha tinha um técnico (André Villas-Boas) que "falava com o coração" e que seria estranho reencontrar Garcia, com quem viu o relacionamento se deteriorar, agora do lado rival.

— Alguns meses atrás, quando jogamos contra o Lyon, ele fez um preleção sobre eles... vai ser estranho vê-lo do lado deles [...] Eu não gostaria que ele falasse da gente daquele jeito — disse o craque na entrevista coletiva pré-jogo. Assista aos gols de Payet naquela partida:

Foi também num clássico contra o Lyon que o meia viveu um dos primeiros momentos de magia. Mas vestindo a camisa do Saint-Étienne. Numa cobrança de falta que aos torcedores do Vasco pode lembrar o gol sobre o América-MG no ano passado, Dmitri colocou a bola no ângulo do goleiro de Lloris, garantindo a vitória pelo segundo clube em que atuou profissionalmente na França. Na época, tinha 22 anos. Assista ao gol clicando aqui .

— Payet se apresentou à Ligue 1 com o Saint-Étienne. O confronto com o Lyon é a maior rivalidade da França. Em 2010, ele garantiu uma vitória histórica com essa cobrança de falta no Stade de Gerland, antiga casa do Lyon. Foi seu primeiro grande momento na França, um gol incrível — completa Jouffrit.

Além dos grandes momentos, o craque coleciona também episódios quentes. Em 2021, no auge de um momento de tensão no futebol francês, ele foi atingido com uma garrafa pela torcida do Lyon quando cobrava um escanteio. A partida acabou abandonada após a confusão. Três meses antes, ele também já havia sofrido o mesmo tipo de ataque, mas da torcida do Nice, em jogo que terminou com confusão generalizada, invasão de campo e ataques a atletas.

No Brasil, o Vasco vê uma versão mais "pacífica" de Dmitri, hoje mais experiente, com 36 anos, e se adaptando a um novo continente. Mas a torcida cruz-maltina certamente espera um pouco da magia do francês para voltar a vencer o Clássico dos Milhões.

Fonte: O Globo

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